Ferramentas de auxílio ao pesquisador

Boa tarde, 

Após a indicação para que utilizássemos o Mendeley e Researchgate, busquei outras ferramentas que podem nos auxiliar na produção de trabalhos de investigação científica.
Segue uma breve descrição de 7 deles, bem como os links. Todos apresentam versão gratuita. 

Nome: Quick tap survey

Função: Elaborar questionários e recolher feedbacks.

Link: https://www.quicktapsurvey.com/pt/ 

Nome: Citeulike 

Função: Armazenar, compartilhar e descobrir referências. Permite a inclusão de materiais que estão na web e seus artigos em pdf.

Link: http://www.citeulike.org/

Nome: Citavi 

Função: Gerenciar citações. Permite a gestão de títulos, organização de conhecimentos e planejamento de tarefas.

Link: https://www.citavi.com/pt

Nome:Minhas Citações

Função: Organização de fichas de leituras.

Link: http://www.minhascitacoes.com.br/login.php

Nome:More

Função: Gerador de referências. 

Link: http://more.ufsc.br/

Nome:Evernote

Função: Registrar, organizar e compartilhar conteúdo. Tem suporte para texto, imagem, vídeo e áudio. 

Link: https://evernote.com/intl/pt-br/

Nome: Feedly

Função: Compartilhar, ler e acompanhar notícias na sua área de interesse. 

Link:https://feedly.com/

Entrevistas e questionários: Como elaborar?

Boa noite, colegas!
Vimos na sessão síncrona do dia 26 de novembro que os questionários exigem tempo e rigor na sua construção. 
Em minhas pesquisas, encontrei um vídeo que explica o passo a passo de como utilizar a ferramenta Typeform para criá-los. 
Pareceu-me uma ferramenta lógica e flexível e assim como o famoso Google Forms, permite fazer uma análise mensurável das respostas.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=ROWD99dQyuo

Ainda relacionado à métodos de recolhas de dados, achei outro vídeo, dessa vez referente a formulação de roteiro de entrevista de forma eficaz. 
Dentro da pesquisa qualitativa, o vídeo apresenta o modelo de roteiro estruturado, semi estruturado e não estruturado. 

Link:https://www.youtube.com/watch?v=nG2fSx4yEwU

Métodos de Investigação

No post sobre a Natureza da Investigação Científica, iniciamos a discussão sobre a definição de Problemas de Pesquisa. Agora, vamos seguir para o próximo passo: a escolha e aplicação do Método de Investigação.

No contexto da investigação científica, podemos definir “Método” como um conjunto de instrumentos e técnicas para recolher, organizar, analisar e comunicar os dados de uma investigação.

Por exemplo:

  • Para atender a um Método Quantitativo, podemos elaborar checklists ou testes de múltipla escolha como instrumentos de recolha de dados e análise estatística como técnica para analisar os dados;
  • Para atender a um Método Qualitativo, podemos elaborar guiões de entrevista ou um diário do investigador como instrumentos de recolha de dados e utilizar uma análise de conteúdo como técnica para analisar os dados;
  • Para atender a um Método Misto, podemos elaborar um questionário ou ficha de leitura como instrumentos de recolha de dados e utilizar uma análise de conteúdo e estatística como técnicas para analisar os dados.
  IMPORTANTE: A escolha do método depende dos objetivos de investigação.  

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estratégias QUALITATIVas

Segundo Creswell (2007), os processos qualitativos se baseiam em dados de texto e imagem, têm passos únicos na análise de dados e usam estratégias diversas de investigação. Vamos citar cinco delas:

Narrativa: recriação das histórias dos participantes. É solicitado a eles que discorram sobre o tema proposto, de acordo com uma ordem cronológica. Ao pesquisador cabe organizar estes dados e analisá-los.

Fenomenologia: análise de declarações significantes, em busca de sua “essência”. Há ênfase no indivíduo e em sua subjetividade.

Estudo de Caso:  individuais ou unidades molares que partilham uma característica em comum (família, comunidade) ou um amplo fenômeno social: Objetivo: ampliar a validade externa das mesmas (Aires, 2015).

Etnografia: estuda o compartilhamento de cultura de pessoas ou grupos, sem partir de pressupostos ou expectativas. O objetivo deste tipo de investigação é descobrir ou gerar uma teoria; não é provar nenhuma teoria determinada (Álvarez, 2011).

Teoria baseada na realidade: diferentemente do estabelecido pelo método científico tradicional, esta estratégia não se inicia com uma hipótese mas sim, a partir da coleta de dados, sua categorização e análise. O objetivo final é criar uma teoria a partir das análises realizadas.

Para escolher entre uma delas, é necessário levar em conta suas informações históricas, descrição, aplicações, o motivo dela ser apropriada e como influenciará os passos da pesquisa.

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O PAPEL DO INVESTIGADOR

Não é possível evitar a interpretação pessoal do investigador em todos os passos de uma pesquisa qualitativa; inclusive também há envolvimento de seus participantes. Sendo assim, o investigador precisa ter uma visão holística do fenômeno social estudado e, enquanto se aprofunda no tema, deverá refletir sobre sua própria prática e mudar protocolos ou questões de pesquisa, se preciso. Esta ação faz parte de toda pesquisa qualitativa, o que a torna única e dinâmica.

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instrumentos de recolha de dados

Neste post, vamos analisar dois instrumentos de recolha de dados, Entrevista e Questionário e uma técnica, a Observação, majoritariamente utilizados na pesquisa qualitativa:

1- Entrevista:

É uma conversa com os participantes da pesquisa, com o objetivo de verificar o sentido que atribuem a um determinado acontecimento do passado, ao seu cotidiano ou a um problema específico. As Entrevistas “são fundamentais quando se precisa/deseja mapear práticas, crenças, valores e sistemas classificatórios de universos sociais específicos, mais ou menos bem delimitados, em que os conflitos e contradições não estejam claramente explicitados” (Duarte, 2004).

Nesta conversa, o entrevistador (investigador) não propõe perguntas para o entrevistado; é o próprio entrevistador que deve, após a entrevista, ressignificar o que foi dito e responder às perguntas que surgirem.

Os tipos de entrevista são:

  • Semi-dirigida: Preparação de uma estrutura de entrevista, em função do objetivo pretendido.
  • Centrada: entrevistador guia a entrevista a partir de uma lista de tópicos
  • Em profundidade: utilizada no âmbito de histórias de vida

2- Questionário

É um instrumento de características mais positivistas, sendo muito mais exigente do que uma entrevista, pois é necessário estabelecer uma amostra representativa da população estudada e um conjunto de questões validadas por especialistas no assunto, a serem propostas aos participantes. O objetivo é conhecer esta população a partir da amostra selecionada e/ou entender um fenômeno social a partir da perspectiva destes participantes.

Os tipos de questionário são de:

  • Administração Indireta: o investigador preenche o questionário com base nas respostas do participante.
  • Administração Direta: o participante preenche o questionário diretamente.
  • Administração online: é disponibilizado um link do formulário para preenchimento online.

A perguntas de um questionário podem ser classificadas em perguntas abertas: o participante responde com suas próprias palavras; perguntas fechadas ou dicotômicas: são oferecidas alternativas de resposta; perguntas hierarquizadas: com múltiplas opções para serem assinaladas por ordem de importância, e perguntas em forma de lista: com múltiplas opções, porém as respostas devem apresentar um grau de intensidade crescente ou decrescente (Álvarez, 2011).

3- Observação

Na observação, “o pesquisador toma notas de campo sobre comportamento e atividades das pessoas no local de pesquisa” (Creswell, 2007). Com esta técnica é possível recolher a informação em tempo real, in loco e de forma espontânea, permitindo contato direto do investigador com o objeto ou fenômeno estudado.

Para realizar uma observação, o investigador precisa determinar onde será realizada, qual será o universo e a amostra, a frequência e os períodos de observação, quais serão os acontecimentos ou condutas a observar e qual formato será utilizado (Álvarez, 2011):

  • Esquema padronizado ou Flexível? Uma estrutura padronizada facilita a delimitação e seleção de situações relevantes, enquanto a flexível pode resultar em material espontâneo e levantar novas questões.
  • Observador participante ou sem interferência? Observador visível ou não visível? No modelo de observador participante, o observador deve se entregar sem restrições, viver, pensar e sentir como aqueles que se pesquisa; ou seja, se despersonalizar. Já o distanciamento (princípio de exclusão do observador) é a via de acesso a um conhecimento objetivado. O modelo de não interferência considera a neutralidade do sujeito como via de acesso ao saber. (Jaccoude e Mayer, 2008).
A observação também permite fazer triangulações, ou seja, logo após a observação, o investigador pode realizar entrevistas e assim obter várias fontes de dados. 

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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Quais seriam então os passos de um investigador qualitativo para organizar dados de pesquisa tão abrangentes e provenientes fontes complexas ou tão diferentes?

Podemos conferir abaixo:

Quadro 1. Passos de um investigador qualitativo. Elaborado por Priscilla Ribeiro baseado na obra de Creswell (2007).

Neste quadro, estão sistematizados seis passos gerais para orientação de um investigador após a coleta de dados para a pesquisa. Obviamente estes passos necessitam de adaptações e especificações, dependendo da estratégia de investigação utilizada.

Por exemplo, para um estudo de caso, o passo 1 “Organizar os dados” será realizado de forma diferente de uma pesquisa narrativa, pois partem de materiais de coleta de conteúdo e formatos diferentes.

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RESUMINDO…

Para sistematizar o que foi visto até aqui, consulte o Mapa Conceitual abaixo, elaborado sobre o tema (Clique sobre a imagem para ampliá-la).

Mapa Conceitual “Métodos de Investigação”.

REFERÊNCIAS

Aires, L. (2015). Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa: Universidade Aberta. E-book disponível em http://hdl.handle.net/10400.2/2028

Álvarez, C. A. M (2011). Metodología de la investigación cuantitativa y cualitativa. Guia didáctica. Disponível em https://www.uv.mx/rmipe/files/2017/02/Guia-didactica-metodologia-de-la-investigacion.pdf

Creswell, J.W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed.

Duarte, R. (2004). Entrevistas em Pesquisas Qualitativas. Educar, n. 24, p. 213-225. Curitiba, Editora UFPR.

Jaccaud, M.; Mayer, R (2008). A observação direta e a pesquisa qualitativa. In A pesquisa qualitativa : enfoques epistemológicos e metodológicos. tradução de Ana Cristina Nasser – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

A questão do método científico

Nota: Este texto resume aqui que eu, enquanto professora do ensino secundário leciono aos meus alunos da disciplina de Filosofia, no tema de epistemologia e aos alunos de Psicologia no tema relativo às metodologias de investigação da Psicologia. 

A origem etimológica da palavra ‘método’ é uma palavra grega cujo significado é ‘caminho, percurso’ e quando falamos em método científico,  referimo-nos ao conjunto de etapas e procedimentos que os cientistas devem levar a cabo no seu processo de investigação. O facto de o conhecimento científico implicar a utilização de um método é frequentemente referido como a principal razão para que esta forma de conhecimento tenha adquirido um estatuto tão importante na atualidade, apesar da sua relativamente curta história. O método  científico foi uma construção importante para o desenvolvimento da ciência e para a sua afirmação como forma de conhecimento rigorosa, precisa, objetiva e com um elevado grau de fiabilidade, mas foi uma construção relativamente recente, quando comparamos com outras formas de conhecimento, tais como o conhecimento vulgar, ou senso comum e o conhecimento filosófico. Apenas na época moderna, esse método se foi definindo, com os contributos de filósofos e cientistas.  É ancorado neste método que os cientistas desenvolvem a sua atividade com a consciência do crescente reconhecimento social, cultural e político daquilo que fazem e do produto da sua atividade, pelo menos nas sociedades industrializadas e ocidentalizadas. 

Alguns autores, tais como Paul Feyerabend, questionam a ideia de um método científico único, utilizado e reconhecido por todos os cientistas de todas as áreas, referindo que ao longo da história da ciência, muitos cientistas tiveram abordagens diferentes à metodologia a utilizar e realizam as suas pesquisas de formas diferentes. 

  Podemos, ainda assim, tipificar essencialmente os seguintes métodos (refiro aqueles que constituem parte do programa da disciplina de Filosofia):

O MÉTODO INDUTIVO:

Este método assenta essencialmente num processo de raciocínio indutivo, tendo a sua primeira etapa na recolha sistemática de um conjunto de dados da observação empírica. Esta observação, ainda que possa estar orientada por um conjunto de conceções teóricas, não está à partida metodologicamente orientada quanto à natureza do conhecimento que se procura. Só após a recolha de dados se pode, indutivamente, procurar regularidades e ligações dentro dessa diversidade de fenómenos observados. A partir daqui, o esforço racional de generalização irá conduz à formulação de uma lei ou teoria, que poderá servir de visão compreensiva ou explicativa da diversidade dos fenómenos encontrada. 

Um bom exemplo da utilização deste método é o de Charles Darwin que viajou pelo mundo, recolhendo amostras de espécies diferentes, sem uma noção prévia antecipação das conclusões a que iria ou desejaria chegar sobre elas. Só posteriormente, ao analisar toda a diversidade de fenómenos encontrados, nas suas semelhanças e diferenças, encontrou uma lei geral pela qual explicou a diversidade de espécies que encontrou, a teoria da evolução das espécies por meio da seleção natural.

O MÉTODO EXPERIMENTAL SIMPLES: 

Este é um método mais estruturado que se compõe essencialmente de 4 etapas, cujo nome deriva do papel que a experimentação desempenha nele, como elemento que garante a capacidade de o cientista poder confrontar as suas explicações racionais com os factos, intencionalmente manipulados pelo cientista com um objetivo claro de investigação. 

As etapas são:

1ª – a formulação do problema, sendo este uma pergunta, geralmente relativamente à causa de um dado fenómeno; 

2ª – a formulação de uma hipótese, enquanto tentativa de explicação do fenómeno, que se traduz no estabelecimento de uma relação de causalidade entre uma causa ou um conjunto de  causas e o fenómeno que se quer explicar. Esta hipótese é assim uma resposta teórica, contudo ainda meramente suposta e com carácter provisório, que não passou ainda o crivo do confronto com a realidade ocorrerá durante o teste experimental.

3ª – a sujeição da hipótese ao teste experimental, que visa, pela manipulação da realidade (dos fenómenos) confrontar a explicação hipotética do cientista com os factos, no sentido de obter deles a confirmação ou a refutação da mesma.

4ª – a análise dos resultados da experimentação, que poderá confirmar ou refutar a hipótese do cientista. Caso se verifique a primeira, o cientista formulará a lei geral que regula o fenómeno, e caso se verifique a segunda o cientista deve regressar à formulação de uma nova hipótese, repetindo assim o processo.

O MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

Este método corresponde a uma versão mais complexa do método experimental simples na medida em que integra basicamente todas as etapas do anterior, mas salienta o papel dos processo dedutivo e da hipótese no processo de investigação. 

 Tal como se observa, no esquema, a investigação científica começa sempre com a formulação de um problema, que consiste numa pergunta para a qual o investigador não tem resposta. O processo de investigação científica é, precisamente o processo de procura de resposta a essa pergunta. Mas para que a pergunta seja formulada pelo cientista, ele precisa de tomar contacto prévio com factos, situações e teorias prévias. É no momento em que um dado facto ocorra cuja explicação não esteja prevista no corpo de conhecimentos que o cientista possui que este se constitui como um facto problemático.

A importância da formulação da hipótese, como guia orientador da investigação, é salientada pois será ela a determinar todo o processo a desenvolver. Uma vez que uma hipótese não se observa diretamente, para que o cientista possa confrontar a hipóstese com os factos no momento da experimentação é necessário clarificar que tipo de fenómenos é esperado observar caso a hipótese esteja correta. É assim por isso importante que o cientista proceda à dedução de consequências previsíveis da hipótese, formulando assim enunciados observacionais que descrevem de forma objetiva e concreta aquilo que deverá ocorrer, se a hipótese formulada for correta. Esta é, por isso, uma fase de previsões ou predições em que o cientista funciona dedutivamente a partir da hipótese formulada

É com estas predições em mente que o cientista irá definir os procedimentos de observação e de experimentação, a partir do qual confronta a hipótese, ou melhor, as deduções que efetuou dela, com a realidade para perceber se as suas predições, expressas nos seus enunciados observacionais, se verificam ou não.

Mais uma vez, os resultados dessa experimentação poderão validar a hipóteses e esta poderá ser considerada uma lei geral, constante, pela qual aquele fenómeno pode ser explicado. Ou, em caso de não validação, quando as predições não se verificam, será necessário ao cientista reavaliar os seus conhecimentos de modo a formular nova hipótese explicativa. 

No contexto da aplicação do método experimental à investigação em Psicologia, e dado que no caso desta disciplina se procura observar o comportamento humanos,.é importante considerar que o processo de experimentação costuma envolver a criação de dois grupos de sujeitos observados, a saber um grupo experimental e um grupo de controlo. O cientista irá testar o papel que uma dada condição ou variável irá ter nos comportamentos dos indivíduos que serão objeto de observação. Assim, há duas variáveis em jogo: uma variável independente, que o cientista irá manipular de modo diferente em ambos os grupos, para avaliar qual o seu papel no comportamento dos indivíduos. Este comportamento, designado de resposta, é chamado de variável dependente, dado que a sua expressão irá variar em função da presença, ou ausência da variável independente. O ou os grupo(s) de controlo, serão aqueles onde a presença da variável dependente servirá para fazer a comparação com o (ou os)  grupo(s) experimental(ais). É no grupo experimental que a variável independente irá influenciar o comportamento dos indivíduos.  

A propósito do método experimental há muitas questões epistemológicas a discutir, nomeadamente: 

  • Poderá a experimentação fornecer uma confirmação segura de que a teoria é verdadeira? 

Segundo Karl Popper, a perspetiva verificacionista segundo a qual o cientista  deve procurar provas de que a sua teoria é verdadeira é logicamente questionável, dado que implica o recurso à indução, uma forma de raciocínio com um fraco grau de valor lógico. Nesse sentido, Popper propõe uma perspetiva falsificacionista, dizendo que o cientista se deve dedicar à procura das provas que falsifiquem a sua conjetura e que, por mais corroborações que a teoria receba dos testes experimentais, o cientista deve considerá-la sempre como uma teoria provisória e procurar realizar os testes experimentais mais críticos e exigentes com vista a falsificá-la. É neste sentido que, para este filósofo, uma metodologia crítica mais facilmente deteta os erros e as falhas na conjeturas científicas e pode corrigi-las e melhorá-las. 

  • Pode uma teoria científica ser considerada objetivamente verdadeira, mesmo quando recebe o apoio de toda a comunidade científica? 

Segundo Thomas Kuhn, uma teoria integra-se dentro de um paradigma científico que envolve, da comunidade científica, um conjunto de decisões não totalmente objetivas sobre quais o factos científicos relevantes, quais os procedimentos técnicos, metodológicos e conceptuais a utilizar no processo de investigação científica. Assim, quando diante de dois paradigmas distintos, em especial em momentos de crise e de desacordo numa determinada área científica, os cientistas são chamados a tomar partido por um paradigma e os critérios pelos quais um dos paradigmas se sobrepõe ao outro e passa a dominar a comunidade científica não são totalmente objetivos e podem, inclusivamente envolver aspetos de natureza política, social e económica. 

A propósito deste tema, considero muito interessante esta palestra da professora Naomi Oreskes sobre o método científico.

Paradigmas de Investigação em Educação

Mapa conceptual por Mariana Guerreiro

PARADIGMAS DE INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Conceito de Paradigma

Paradigma de investigação, pode ser definido como um conjunto de regras, postulados e valores sistematizado por uma teoria que é aceita por todos os elementos de uma comunidade científica num dado contexto. Significa “um compromisso implícito de uma comunidade de investigadores com um quadro teórico e metodológico preciso, e, consequentemente, uma partilha de experiências e uma concordância quanto à natureza da investigação e à conceção.” (COUTINHO, 2011, p. 9).

“Como lembra Lukas & Santiago e Clara Coutinho, não há como passar pelo conceito de paradigma sem fazermos menção ao célebre historiador Thomas Kuhn (1922-1996), que, na obra A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), definiu o termo como um conjunto de crenças, valores, técnicas partilhadas pelos membros de uma dada comunidade científica e, em segundo, como um modelo para o “que” e para o “como” investigar num dado e definido contexto histórico-social.”

Paradigma positivista (quantitativo)

Pressupostos básicos

A epistemologia positivista, para a qual “Objetividade”, “meios para ser objetivo” são as palavras fortes, está na base deste paradigma. Segundo esta epistemologia, o mundo é objetivo, existe independentemente do sujeito e o investigador deve ser o mais neutro possível para não interferir na realidade. O mundo social é igual ao mundo físico: importa conhecer as relações causa-efeito. O seu objetivo é prever, explicar e controlar fenómenos.

A epistemologia positivista levou ao paradigma positivista da investigação que enfatiza:

  •  o determinismo (há uma realidade a ser conhecida)
  • a racionalidade (não podem existir explicações contraditórias)
  • impessoalidade (procura a objetividade e evita a subjetividade o mais possível)
  • faz depender a validade dos resultados de uma correta aplicação dos métodos esquecendo o processo de investigação em si.
  • Previsão (capacidade de prever e controlar os fenómenos)

Procedimentos Metodológicos

 A metodologia é de cariz quantitativo e baseia-se no método dedutivo.

Os métodos de investigação próprios das ciências físicas são (procuram adaptar) adaptados às ciências sociais.

Em primeiro lugar, o investigador formula uma teoria. Dessa teoria surgem problemas e formulam-se hipóteses que resultam num conjunto de conceitos e variáveis a ela associado que não se alteram ao longo da investigação. Segue-se a recolha de dados que visa a confirmação da teoria. O papel da teoria é fundamental e muitas vezes, o objetivo central da investigação é simplesmente verificar a teoria.

No âmbito da investigação em educação, o estudo ocorre geralmente na sala de aula, simulando situações laboratoriais.

Limitações

Este paradigma perde força quando aplicado às ciências sociais, pois esbarra na impossibilidade de obter um conhecimento totalmente objetivo, uma vez que existe uma interação entre investigador e objeto. Não está, portanto, garantida a neutralidade da investigação.

Segundo Firestone (1990:112) a realidade social não é única e é modelada por valores pessoais. A investigação num dado paradigma constitui mais uma visão do problema.

 Paradigma Interpretativo (qualitativo)

Pressupostos básicos

  • Segundo Bogdan & Bilken (1994), teve origem no século XIX;
  • Ideologicamente: positivismo (Augusto Comte) e empirismo (Locke e Stuart Mill);
  • Ontologicamente, na opinião de Guba (1990), este paradigma adota uma posição relativista (múltiplas realidades que existem sob a forma de construções mentais social e experiencialmente localizadas);
  • Valoriza o papel do investigador/construtor do conhecimento (epistemologia subjetivista);
  • Substitui as noções científicas de explicação, previsão e controlo (paradigma positivista) pelas de compreensão, significado e ação;
  • Sujeito (investigador) e objeto (sujeito) da investigação têm a caraterística comum de serem, ao mesmo tempo, “intérpretes” e “construtores de sentidos” (Usher, 1996:19);

Procedimentos Metodológicos

  • “Teoria Fundamentada” – Construção de teorias que se adaptam a problemas/situações muito específicas;
  • Segue um quadro conciliável com as propostas positivistas e pós-positivistas.
  • “Dupla Hermenêutica” – Processo de dupla busca de sentido na qual investigador e investigado interagem e cada um por si molda e interpreta os comportamentos de acordo com os seus esquemas socioculturais;
  • Busca dos significados;
  • Construção indutiva da teoria;
  • O investigador procura padrões, regularidades rumo à teoria;
  • Papel central assumido pelo investigador, admitindo várias vias metodológicas;
  • Utilizam-se preferencialmente técnicas de observação.

Limitações

“…mudou as regras, mas não a natureza do jogo” (Mertens, 1997:15).

 Conservador.

 O conhecimento resultante é parcial e perspetivado (…) e depende da Tradição.

 Não inclui nos seus objetivos explícitos a intenção de modificar o mundo rumo à liberdade, justiça e democracia. 

Paradigma crítico

Pressupostos básicos

  • Filosofia marxista
    • Nível crítico:
  • Adorno e Habermas, Economia liberal
    • Marcuse, Alienação consumista das sociedades Capitalistas;
  • Nível pedagógico:
    • Paulo Freire (pedagogia da libertação)
    • Anos 80-90, movimento pedagógico de Michael Apple e Henry Giroux nos Estados Unidos da América (Gitlin, Siegel & Boru, 1993; Marques, 1999).
  • Ideologia como forma de construção do conhecimento científico;
  • Saber é poder, e não algo puramente técnico e instrumental;
  • Cada ator social vê o mundo através da sua racionalidade;

Procedimentos Metodológicos

  • Desmascarar as ideologias que sustentam o status social e intervir de forma ativa para modificar essas situações;
  • Desmascarar as ideologias que sustentam o status social restringindo o acesso ao conhecimento aos grupos sociais mais oprimidos;
  • Intervir de forma ativa para modificar as situações anteriores.
  • Semelhanças metodológicas com o paradigma qualitativo;
  • Inclusão da componente ideológica confere-lhe cariz interventivo;
  • Desintegração como nenhuma forma de conhecimento pode ser separada da linguagem, dos textos e discurso de uma dada cultura, o método tem por objetivo proceder a uma análise em que o texto é decomposto em busca de oposições (anti texto).

Limitações

Leitura dos fenómenos condicionada pela racionalidade individual.

Visão anti-essencialista (todo o conhecimento é contingente e perspetivado dentro de uma dada prática da investigação)

A linguagem utilizada na investigação influi na produção do conhecimento, porque é o reflexo de uma dada cultura e condiciona a forma como os investigadores agem dentro dessa cultura (Stronach & MacLure,1997).

Bibliografia:

Coutinho, C. (2011). Paradigmas, Metodologias e Métodos de Investigação. In: Metodologias de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. (p.9-41).Lisboa. Almedina.

https://sites.google.com/site/grupometodologiaste/Home/paradigmas-de-investigacao
Consultado por 29/11/2019

https://cienciaeeducacao.wordpress.com/2017/11/24/principais-paradigmas-da-investigacao-em-educacao/
Consultado e 12/11/2019 e 29/11/2019

O que é a ciência?

NOTA: esta publicação reúne conhecimentos meus enquanto professora de Filosofia no ensino secundário, sobre a natureza do conhecimento científico e a leitura de bibliografia da disciplina de Metodologia de Investigação I

Aquilo que para nós é hoje a ciência é o resultado de um longo processo de construção e de evolução epistemológico, resultante da procura humana de uma forma de conhecimento da realidade que lhe ofereça garantias de fiabilidade, de certeza, quanto à verdade dos conhecimentos que produz. Poderíamos dizer que a ciência, ou o espírito científico, nasceu com os primeiros filósofos na Grécia Antiga, que rejeitando o pensamento mitico-religioso que dominava a compreensão dos fenómenos naturais e regulava as relações humanas, procuraram eliminar o sentido sobrenatural contido nessas explicações. Foi assim que os primeiros filósofos da natureza, procuraram construir as suas explicações cosmológicas sobre a origem, a partir da procura de uma arqué, ou substância primordial, que era uma substância natural e já não uma entidade divina, a partir da qual tudo se formou. Procuraram essas explicações integrando as bases daquilo que hoje reconhecemos ser o aspeto central de uma ciência: 

  • Uma explicação teórica de caráter racional e lógico, que visa a possibilidade de explicar e prever os fenómenos; 
  • Um conhecimento assente na observação da realidade, a partir da qual se elaboram construções teórica. 

Foi assim, por exemplo, que Tales, observando fósseis de animais marinhos em zonas de montanha secas, concluiu a importância da água nos processos biológicos e recorrendo ao argumento de que este elemento da matéria pode assumir os 3 estados (sólido, líquido e gasoso) a postulou como origem de tudo. Esta forma de pensamento “científico” embrionário, fez com que, desde sempre a história da ciência e a da filosofia se tivessem encontrado ligadas. René Descartes, o filósofo que é, muitas vezes, considerado o pai da época moderna, coloca a ciência, ou as ciências como ramos do saber que assentam na metafísica (filosofia), assumindo a filosofia como a mãe das ciências.

Não obstante isso, o conceito de ciência (ou conhecimento científico) foi-se definindo ao longo dos tempos num processo de autonomização e afastamento em relação à filosofia, e também à fé e foi tentando afirmar-se cada vez mais como uma forma de conhecimento positiva. Este aspeto foi particularmente notório na época de Galileu e Copernico, durante o qual a ciência procura lutar contra a forma de pensamento assente essencialmente no argumento de autoridade em que se fundamentam os fenómenos religiosos, bem como distanciar-se da natureza reflexiva, especulativa e literária assumida pela filosofia. A preocupação de Galileu com a construção do telescópio com o qual irá fazer as observações que lhe permitirão sustentar a tese heliocêntrica, afrontando a Igreja e o modelo geocêntrico são um momento marcante da luta da ciência na afirmação da importância da sua natureza empírica e positiva. 

Assim, vemos hoje que a ciência se apresenta hoje como uma atividade ou processo de investigação sistemático e metódico, que visa produzir um conhecimento teórico-explicativo, de caráter objetivo e rigoroso da realidade, que possa cupmprir o objetivo de descrever a realidade, e as suas diferentes manifestações, tal como ela é, de  explicar como e por que é que os fenómenos ocorrem como ocorrem, de modo a fornecer a possibilidade de prever e controlar a sua ocorrência. 

A ciência destaca-se assim de outras formas de conhecimento pela sua natureza metódica e é no método que, de acordo com muitos investigadores se centra a sua diferença epistemológica. Este método deve garantir que a ciência responda a duas exigências centrais: 

  • a exigência de racionalidade e de coerência interna, uma vez que as teorias se constituem como conjuntos de conceitos e de relações entre conceitos, de leis e de relações entre leis que devem poder ser verdadeiras e racionalmente sustentáveis.   
  • a exigência de concordância com a realidade empiricamente observada, com a qual as teorias explicativas devem ser confrontadas  por meio de uma observação atenta e intencional dos factos. 

Características da ciência: 

  • Objetiva: descreve (ou procura descrever) a realidade tal como ela é e não a partir de uma perspetiva pessoal.
  • Empírica: assente nos dados recolhidos da observação dos fenómenos.
  • Racional:  procura de explicações coerentes, assentes na razão e na lógica, 
  • Replicável: garante que todos os sujeitos irão obter os mesmos resultado quando colocados nas mesmas condições de observação. 
  • Sistemática: preocupa-se com a ordenação e organização dos conhecimentos num sistema global, integrado e coerente. 
  • Metódica: resulta da aplicação consciente e rigorosa de um conjunto de procedimentos e técnicas de investigação, reconhecidos pela comunidade científica como adequados.   
  • Comunicável: preocupa-se com a clareza e precisão conceptual na forma como se expressa, recorrendo a uma linguagem técnica. 
  • Analítica: desmonta a complexidade e globalidade do real, segmentando-a e estudando-a na sua especificidade. 
  • Cumulativa: partindo de conhecimentos científicos estabelecidos anteriormente, evolui e progride continuamente. 
  • Revisível: possui mecanismos internos de revisão e correção dos conhecimentos estabelecidos, sempre que novos dados exigem a sua reformulação ou eliminação. 

Referências: 

Almeida, S. A., Freire, T.(2003). Metodologia de Investigação em Psicologia e Educação, (pp.17-33).Braga:Psiquilíbrios. 

Lukas, J. F, & Santiago, K.(sem data) Evaluación Educativa, (pp.15-23) Madrid:Alianza Editorial.


Paradigma Investigativo- Modelo de Kuhn

Conceito de Paradigma foi criado por Thomas Kuhn:

Do grego para (ao lado) e digma (mostrar), mostrar ao lado é exemplificar com base na experiência não só de um sujeito, mas do outro que o cerca, que está ao lado.  Como lembra Coutinho, C., não há como passar pelo conceito de paradigma sem fazermos menção ao célebre historiador Thomas Kuhn (1922-1996), que, na obra A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), definiu o termo como um conjunto de crenças, valores, técnicas partilhadas pelos membros de uma dada comunidade científica e, em segundo, como um modelo para o “que” e para o “como” investigar num dado e definido contexto histórico-social. Quando um novo paradigma vem a substituir o antigo, ocorre aquilo que o teórico estadunidense chamou de “revolução científica” (KUHN, 1998).

Referências:

Coutinho, C. ( 2011 ). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática. Coimbra: Almedina.

Kuhn, T. ( 1998 ) A Estrutura das Revoluções Científicas. Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva.

Mapa conceitual – Projeto de Pesquisa

Síntese M1 – Investigação Científica

            Meu primeiro contato com a investigação científica foi na graduação. Minha monografia e pesquisas foram sobre o tema “A inclusão nas Séries Iniciais”. Minha pesquisa foi pautada em alguns materiais sugeridos pela minha orientadora e entrevistas realizadas na Instituição de Ensino onde atuava. Após alguns anos iniciei minha pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional, no qual tive como tema “Dislexia: Um dom ou distúrbio de linguagem”, baseado em vários materiais indicados por minha orientadora e outros no qual eu já havia realizado algumas leituras e pesquisas. Em ambas as formações tive um módulo sobre Investigação Científica, no qual recebi os conceitos básicos para realizar uma boa pesquisa. Mas o que é uma Investigação Científica/Pesquisa Científica?

Segundo Gil (2002) “Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.”

Ao iniciarmos uma pesquisa é importante pensar que “[…] pesquisa científica não deve ser vista como uma atividade individual, simples produto da vocação ou interesse pessoal do pesquisador, ou como um dado abstrato, isolado da totalidade, mas como uma atividade socialmente condicionada” (Silva; Gamboa, 2014, p.49).

            Em síntese podemos dizer que os elementos básicos de um projeto de pesquisa é:

  • formulação do problema;
  • construção de hipóteses ou especificação dos objetivos;
  • identificação do tipo de pesquisa;
  • operacionalização das variáveis;
  • seleção da amostra;
  • elaboração dos instrumentos e determinação da estratégia de coleta de dados;
  • determinação do plano de análise dos dados;
  • previsão da forma de apresentação dos resultados;
  • cronograma da execução da pesquisa;
  • definição dos recursos humanos, materiais e financeiros a serem alocados.

Este deve ser:

  • Sistemático: Estruturado de forma coerente, com continuidade entre as partes.
  • Criterioso: Alicerçado nos critérios de validação científica e na correta conscientização dos termos. O autor deve indicar como, quando e onde obteve os dados de que se valeu para estabelecer suas afirmações e conclusões. Não se deve expor opiniões como se fossem fatos.
  • Embasado: as afirmações devem estar sustentadas e inter-relacionadas, bem como ser coerentes com um referencial teórico consistente. Em muitas pesquisas há a necessidade de explicação crítica das origens das informações e das fontes de que provêm as informações utilizadas ou das razões que lhe dão validez.

A linguagem deve ser:

Sendo que a investigação se divide em três fases:

Referências Bibliográficas

Silva, R. H. R; Gamboa, S.S. Do esquema paradigmático à matriz epistemológica: sistematizando novos níveis de análise. Educ. Temat. Digit. Campinas, v.16, n.1, p.48-66 jan./abr., 2014.

Gil, A. C. (2002). Como Elaborar Projetos de Pesquisa. (4° ed). São Paulo: Editora Atlas S.A.

Costa, F. A. (2017). Metodologia da Investigação I. Disponível em: https://metinv.weebly.com/

Paradigmas da Investigação em Educação – Mapa Conceitual (Módulo – II)

Conceitos introduzidos na sessão síncrona:


​O que é um paradigma?  Paradigma é um conceito das ciências e da epistemologia que define um exemplo típico ou modelo de algo. É a representação de um padrão a ser seguido.
Segundo (Kuhn, 1991). Os “paradigmas são as realizações cientificas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”.

Ao que entende-se o paradigma cria um conceito a cerca de algo e todos acabam por seguir esse padrão estabelecido e de certa forma reconhecido, através de investigações e busca por problemas e suas soluções.

Ética na Investigação:

Ao abordarmos a temática ética na investigação, podemos entender por ética como o conjunto de valores morais de um individuo ou grupo na sociedade. No contexto acadêmico ética na investigação científica, consiste em normas e procedimentos que são considerados corretos e incorretos por indivíduos e grupos de uma sociedade acadêmica.

Plágio Acadêmico:

Se configura quando um aluno retira, seja de livros ou da Internet, ideias, conceitos ou frases de outro autor (que as formulou e as publicou), sem lhe dar o devido crédito, sem citá-lo como fonte de pesquisa. Por este motivo, sempre se faz necessário o uso das citações e referências, dando os devidos créditos a quem é de direito. O plágio pode ser cometido em sua integralidade, parcialidade ou de maneira conceitual, que é a retirada da essência da obra de um autor e usada de forma distinta da original.

Referências:

KUHN, THOMAS. S. (1991). A estrutura das revoluções científicas. São Paulo. Perspectiva.

Revisão bibliográfica

Após situar o problema torna-se necessário reunir e analisar o que já se conhece sobre o assunto. A revisão bibliográfica é importante para se definir e enquadrar o referencial teórico para a investigação. Serve também para a obtenção de indicações e sugestões importantes tendo em vista a definição do plano de investigação. A revisão bibliográfica permite verificar o conhecimento que se tem do tema, como por exemplo, se o problema já foi solucionado ou o que falta para isso. Permite também conhecer a metodologia de investigação mais frequentemente usada para abordar o problema em questão. Sem contar com as questões deixadas em aberto, os erros metodológicos e reducionismos em que incorreram os estudos anteriores.

ThInK a little.

Planteamiento del problema

Levantar um problema é refinar e estruturar a ideia de pesquisa de forma mais formal.
A abordagem para o problema às vezes pode ser imediata, quase automática ou levar um tempo considerável. Isso depende de quão familiar o pesquisador está com o assunto a ser abordado, a própria complexidade da ideia, a existência de estudos de fundo, a pesquisa do pesquisador, a abordagem escolhida (quantitativa, qualitativa ou mista) e suas habilidades pessoais.
Primeiro, é necessário formular o problema específico em termos concretos e explícitos, de modo que seja susceptível de ser investigado por procedimentos científicos.
Os elementos necessários para a abordagem do problema são: listar os objetivos, elaborar as perguntas da investigação, justificar o projeto e estudar sua viabilidade.
Para tanto é preciso ter clareza do que se pretende, analisar a possibilidade de coleta de dados e verificar a relação entre as variáveis.
Os objetivos da investigação destinam-se a apontar o que se pretende na investigação e devem ser claramente expressos.
As perguntas formuladas podem ser mais ou menos gerais, mas na maioria dos casos devem ser mais específicas. Além disso devem orientar o que se busca na investigação.


ThInK a little.

Técnicas e instrumentos de pesquisa

Olá caros colegas e investigadores!

Esse é último vídeo da série que postei nesse blogue. Ele traz informações e exemplos práticos sobre as técnicas e instrumentos que os pesquisadores utilizam para recolher, analisar dados e chegar aos seus objetivos. Muitas informações aqui transmitidas estão alinhadas com os assuntos tratados nas aulas síncronas do professor Fernando e de acordo com as leituras que ele nos propôs a realizar na disciplina de Metodologia de Investigação I.

Seguem abaixo alguns excertos do vídeo que mais contribuem com o tipo de investigação que pretendemos realizar nesse curso, que é a pesquisa de campo. No entanto, outras informações tratadas nesse vídeo sobre a pesquisa documental, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa-ação trazem alguns aspectos e perspetivas importantes para serem consideradas na construção da nossa metodologia de investigação. Por exemplo: a importância de se fazer uma “análise de conteúdo”, buscar oportunidades para conhecer melhor sobre os autores que cada um ser propôs utilizar na revisão de literatura, qual a importância do orientador para auxiliá-lo a demilitar melhor o seu foco de interesse, dentre outros assuntos.

Excertos do vídeo sobre a pesquisa de campo:

“A observação e a entrevista são duas técnicas ou dois instrumentos que se complementam.Quem entrevista tem que observar e quem observa acaba entrevistando ainda que de maneira informal.”

A pesquisadora do vídeo dá algumas dicas práticas sobre o registro que deve ser feito após a observação. Ela relata que, para realizá-lo, segue alguns procedimentos que é o de ampliar o registro feito em campo. Esse registro deve ser feito entre 24 ou 48 horas depois da visita para tentar ser o mais fiel possível ao que aconteceu durante a observação. Deve-se colocar no papel tudo que você conseguir lembrar.

Espero, através desse vídeo, ter contribuído para ampliar seus conhecimentos sobre investiação científica.

Abraço,

Adriana Braga

Modalidades de Pesquisa em Educação

Olá caros colegas e investigadores,

Gostava de partilhar convosco mais esse vídeo com exemplos práticos sobre as “Modalidades de Pesquisa em Educação” e os métodos utilizados como pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa-ação e pesquisa de campo. Essa última é a que mais se assemelha com o trabalho que estamos propondo fazer de investigação em Educação, ou mais especificamente, do uso das Tecnologias na Educação.

Segue alguns excertos do vídeo:

“A pesquisa (investigação) tem como intenção desvendar o mundo.”

“Pesquisas qualitativas são as mais comuns na educação, isso não quer dizer que não exista pesquisa quantitativa.”

“A pesquisa qualitativa vai me permitir a aproximação com os sujeitos, enquanto na pesquisa quantitativa eu vou trabalhar com os dados brutos oriundos das provas ou de questionários de larga escala.”

“Para iniciar qualquer tipo de pesquisa, o pesquisador geralmente faz uma revisão bibliográfica”, para saber o que já se tem pesquisado sobre aquele assunto.

Dentre todas as modalidades, que me parece, em algum momento poderemos utilizá-las, considerei interessante as práticas da pesquisa-ação que está associada a pesquisa com uma intervenção.

“Pesquisa-ação: os participantes deixam de ser “objetos” de estudo para serem pesquisadores, produtores de conhecimentos sobre sua própria realidade. O sujeito que vive a realidade socioambiental em estudo é, portanto, um sujeito-parceiro das investigaçãoes definidas participativamente; ou ainda um pesquisador comunitário que constrói e produz conhecimentos sobre essa realidade em parceria com aquele que seria identificado, numa outra modalidadede pesquisa, como pesquisador acadêmico.”

Sobre a pesquisa de campo:

“Uma questão inicial que eu tinha era: quem são os bons alunos? como se produz um bom aluno? o que se sabe sobre eles? Foi com estas questões que eu fui a campo. Eu comecei em duas escolas, depois, com o volume de material em tive que me concentrar em apenas uma.”

Esse é um relato sobre uma pesquisa de campo, que como eu havia dito anteriormente, se assemelha mais com o tipo de pesquisa que pretendemos desenvolver nesse curso. No vídeo, a pesquisadora faz um relato de sua experiência na abordagem feita ao diretor ao chegar à escola e como foi o percurso para recolha de dados através da observação, tomada de notas e conversas.

Espero que, assistir esse vídeo, tenha sido útil para vocês como foi para mim, para compreender alguns conceitos.

Abraços,

Adriana Braga

O que é pesquisa?

Caros colegas e investigadores,

Pesquisando sobre os assuntos concernentes à unidade curricular Metodologia de Investigação I, encontrei essa série de vídeos e considerei importante compartilhá-las.

Nesse primeiro vídeo denominado “O que é uma pesquisa?” é possível perceber o papel do investigador e alguns passos que ele deve seguir para construir uma base de conhecimentos que podem ser considerados conhecimentos científicos.

Pode ser perceber também como “vestir a camisa” do investigador e quais as metodologias utilizar para se chegar aos objetivos almejados.

Gostava de transcrever abaixo alguns excertos do vídeo:

“O cientista é um cara curioso e novidadeiro, curioso porque ele sempre quer saber das coisas e novidadeiro porque ele quer sempre usar a metodologia mais adequada para saber dessas coisas.”

“Essa característica é comum a todos os que fazem ciência. A observação do mundo suscita uma determinada questão que para desvendá-la é preciso seguir um certo método de pesquisa. Método, metodologia, na sua origem é uma palavra grega. Uma tradução livre para o sentido de método é caminho a seguir. Os caminhos que os cientistas seguem em busca do conhecimento não são sempre os mesmos.”

“A pesquisa, de início, é uma atividade de indagação sobre a curiosidade que você tem de conhecer um fato novo. Você quer saber o que está acontecendo sobre um fenômeno que você visualiza, ou é testemunha, ou presencia e quer aprofundar o processo que leva esse fenômeno a ocorrer. Dentro dessa questão você se transforma num pesquisador científico se você aprender as metodologias necessárias para responder as questões específicas que você está querendo responder.”

“Tem coisa que você faz, abre o caminho e deixa para os outros. O caminho foi aberto…”

Espero, com esse vídeo, proporcionar uma reflexão sobre os caminhos que se prentende seguir para fazer investigação e produzir conhecimentos científicos.

Abraços,

Adriana

Quais os tipos de pesquisa?

Caros colegas e investigadores,

O vídeo a seguir traz, em forma de notas e de uma maneira mais resumida, os conceitos relativos aos tipos de pesquisas que podem ser realizados no trabalho de investigação científica.

Dentre os conceitos, tem aqueles que estão mais relacionados com o tipo de pesquisa que se pretende fazer em educação. No entanto, conhecer os outros modelos e saber diferenciá-los poderá ajudar identificar melhor o caminho que se pretende trilhar no desenvolvimento do trabalho de investigação.

Os pontos abordados no vídeo são:

  • As diferenças entre pesquisa básica e pesquisa aplicada;
  • Aspectos da pesquisa qualitativa e quantitativa;
  • Características dos diferentes procedimentos técnicas;
  • Particularidades sobre os objetivos.

Espero, através desse vídeo, ter disponibilizado de uma forma mais didática, alguns conceitos concernentes aos assuntos que temos estudados na nossa unidade curricular de Metodologia de Investigação I.

Sugiro assistir ao vídeo no modo “mudo”, pois, em minha opinião, o áudio em nada contribui para compreensão do vídeo.

Abraço,

Adriana Braga

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=LPVZIdC1R-Y

Os caminhos da Investigação Científica. Síntese em construção.

“Cada investigação é uma experiência única, que utiliza caminhos próprios, cuja escolha está ligada a numerosos critérios, como sejam a interrogação de partida, a formação do investigador, os meios que dispõe ou o contexto institucional em que se inscreve seu trabalho.” (QUIVY & CAMPENHOUDT, 1995, p.60.)

Para começar uma pergunta: o que um estudante de Mestrado em Educação deve saber sobre Investigação Científica, já que terminou sua graduação e chega ao nível de mestrando com trabalhos científicos já desenvolvidos. O citado grupo a qual me incluo.

 Então poderíamos já saber sobre:

  • Compreender o que é uma investigação.
  • Quando é considerada científica?
  • Os objetivos da pesquisa.
  • Qual a problemática?
  • Como vai ser realizada?
  • Quais os meios de investigar foram adequadamente definidos.
  • Quais as formas de análise são mais adequadas?
  • A questão ética é sinalizada?

Para que possamos responder as perguntas, nos baseamos em bibliografias e textos já publicados sobre o assunto, e indicadas pelo docente Prof. Fernando Costa.

Para dar um conceito ao que chamamos, em meios acadêmicos, por investigação, que é uma forma de conhecimento, denotada como investigação científica, nos referirmos ao processo ordenado, sistemático e fundamentado teoricamente de uma pesquisa.

O conhecimento científico pode ser comprovado pela objetividade, certeza e casualidade (causa e efeito).

A questão sobre a escolha do tema da investigação está ligada ao seu grau de relevância. Como se fizéssemos a seguinte indagação: Essa pesquisa é relevante? Para quem? Aonde quero chegar com a pesquisa? Sendo uma prática a partir de uma pergunta de partida, de um problema ou uma problematização

Ainda sobre a sequência do trabalho de pesquisa, as questões e as perguntas servirão de afirmações para o pesquisador em sua conclusão.

Os objetivos da pesquisa referem-se ao foco principal da investigação e relacionada com a Educação, estão ligados aos fenômenos socio-educacionais. Estudamos a visão e a perspectiva das pessoas. É uma explicação ou um desenho da realidade verificada naquela determinada pesquisa.

O pesquisador deverá observar as revisões de literaturas sobre o tema a ser estudado, o que já foi estudado e como foi. Esse procedimento contribui para alcançar os objetivos da pesquisa.

Há ainda o aspecto dos paradigmas investigativos, que são o modo como estruturamos os instrumentos de análise. Perspectivas diferenciadas ligadas às ideias de paradigmas de investigação seus respectivos fundamentos: ontológicos, epistemológicos e metodológicos. O fundamento ontológico é ligado com a natureza da realidade, estudos e fenômenos das ciências naturais. O fenômeno epistemológico está relacionado às evidências, ao conhecimento adquirido.

 A experiência do sujeito ou indivíduo, investigador e investigado. O metodológico é o que tem o critério de intersubjetividade.

Ainda sobre os paradigmas, podem ser classificados em perspectivas positivistas e naturalistas. Os positivistas seguem a abordagem científica e empírico-racionalista. O conhecimento é mensurável e comprovável. Pode ser repetido.

A outra perspectiva é a naturalista, humanista. Segue a razão racional. Não se explica, e sim compreende-se. Vai ao terreno e participa direta ou indiretamente.

A metodologia da investigação sugere o uso de recursos e estratégias adequadas ao tipo de pesquisa e seus objetivos. Deve ser construído. Em comprovação sobre a recolha de dados, empíricos, seguem manuais de pesquisa e investigação, além do código de Ética da instituição. Sejam estes, questionários ou entrevistas quando vamos a campo ou ao terreno.

A análise de dados serve para que sejam estudados os dados recolhidos. Podem ser qualitativas quando as informações fazem parte de análise valorativa, com análise e interpretação. E quantitativas quando os dados são relacionados às pesquisas exatas, matemáticas ou com visão estatística.

                                                                                               Por Marcia da Silva nº22840

Ética em Pesquisa

Sabe-se que a base do conhecimento humano é a pesquisa científica. No entanto, nem todas as pesquisas são benéficas a sociedade, por exemplo, a bomba atômica, os agrotóxicos e seu uso excessivo, até mesmo a apropriação de ideias e textos de outros pesquisadores como sendo próprias.

A pesquisa científica deriva da busca de respostas para determinadas questões problemas, ou seja, constitui-se um processo de questionamentos com métodos de investigação específicos através de procedimentos científicos. Interessante também, ao escolher um problema, avaliar o seu interesse a comunidade científica e acadêmica.

Conforme Lakatos e Marconi (1990), pesquisar é compreendido como “averiguar algo de forma minuciosa, é investigar”. As autoras apontam que o significado do termo investigação “não é unívoco, pois há várias definições sobre o termo nos diferentes campos de conhecimento. Contudo, o ponto de partida da pesquisa reside no problema que deverá se definir, avaliar, analisar uma solução para depois ser tentada uma solução” (LAKATOS; MARCONI, 1990).

No entanto toda a pesquisa deve ser permeada pela ética. Muitas pesquisas são realizadas sem as devidas citações, fontes, cópias de textos e até mesmo plágios, desrespeitando, desse modo, os autores. Quanto às pesquisas na internet, Severino (2007) argumenta que:

“Como se trata de uma enorme rede, com um excessivo volume de informações, sobre todos os domínios e assuntos, é preciso saber garimpar, sobretudo dirigindo-se a endereços certos. Mas quando ainda não se dispõe desse endereço, pode-se iniciar o trabalho tentando exatamente localizar os endereços dos sites relacionados ao assunto de interesse. […] De particular interesse para a área acadêmica são os endereços das próprias bibliotecas das grandes universidades, que colocam à disposição informações de fontes bibliográficas a partir de acervos documentais”.

Independente da fonte utilizada para as pesquisas científicas, a fonte sempre deve ser referenciada, sendo que há três formas de citação: a citação textual, a paráfrase e a síntese, pois caso contrário poderá configurar-se em plágio. O plágio não se caracteriza apenas pela transcrição de frases inteiras de outro autor. Pode-se considerar plágio também a transcrição, sem marcação de autoria, de uma simples expressão. 

Verifica-se, então, que a ética profissional do cientista inclui um conjunto de deveres derivados de valores especificamente científicos e esta deve permear todo o trabalho científico, desde a recolha de dados até as possíveis soluções aos problemas.

Referências

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina Andrade. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. 205p.

POPPER, Karl Raimund. O mundo de Parmênides: ensaios sobre o iluminismo pré-socrático. Tradução Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora Unesp, 2014.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.