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Métodos, Instrumentos e Técnicas de Coleta de Dados

O investigador precisa organizar o material coletado, para isso podem utilizar algumas formas de metodologias de análise de dados. Esses Métodos podem ser Quantitativos ou Qualitativos ou os dois, vai depender da natureza dos dados.

Métodos Quantitativos

Quando precisa-se coletar dados mensuráveis as variáveis, busca-se a veracidade de algum fenômeno. Tem como objetivo compreender a dimensão estatística de determinada questão de estudo. Ele vai analisar a regularidade de um fenômeno com a regularidade que se acontece.

A investigação quantitativa proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e, normalmente, aplica alguma forma de análise estatística (Malhotra, 2006).

O investigador se limita apenas as descrições dos dados coletados, e ignorando aspectos de natureza subjetiva que estejam relacionadas as respostas dos entrevistados.

Se inicia com a definição do problema de pesquisa. Isso se o objeto de estudos demandar evidências quantificáveis para a melhor compreensão.

Utilizamos como instrumentos para esse método; questionários, formulários, entrevistas individuais. Porque é possível quantificar, as respostas dos entrevistados e obter dados, que vão confirmar ou contestar a hipótese inicial da investigação da pesquisa cientifica. Através deles representamos na nossa pesquisa esses procedimentos estatísticos, esquematizados e diretos, na forma de gráficos tabelas, planilhas e etc.

Métodos Qualitativos

Busca-se significados atribuídos aos fatos. Focando no carácter subjetivo analisado, onde a observação é fundamental. Baseados na presença ou ausência de alguma qualidade, característica ou classificação de tipos diferentes de dada propriedade.

O investigador tem como característica interpretar, compreender, interpretar essas informações a partir da pesquisa.

Como instrumentos, também temos o questionários e formulários, porem as perguntas são abertas. Também se utiliza de entrevista, porem as respostas não são objetivas, o propósito é compreender o comportamento de um determinado aspecto qualitativo de uma determinada questão, considerando a parte subjetiva do problema. Analisando os dados que não podem ser mensurados numericamente. São apresentados na forma de relatórios que mostram o ponto de vista dos entrevistados.

Coleta de Dados

Para coleta de dados podemos utilizar os mais diversos tipos de instrumentos nas pesquisas experimentais. Questionários, Formulários, Entrevistas e etc.

Entrevista, é a ação e efeito de entrevistar ou ser entrevistado uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas com um fim determinado. Através dela que registramos tudo o que o entrevistado nos informa.

Existem duas formas de entrevistas;

Entrevista estruturada– São elaboradas as perguntas a um único assunto, onde todas as perguntas estão interligadas a esse assunto principal. Elas estabelecem uma determinada ordem para todos os entrevistados, isso vai facilitar na hora da análise dos dados recolhidos.

Entrevista não estruturada– Trata-se de uma conversa informal, onde o entrevistador coloca as perguntas ao entrevistado e ele fala da forma que ele quiser dentro daquele tema estabelecido. As desvantagens na análise desses dados são mais complexas; muitas informações, muito aberto.

O questionário, segundo Gil A. C. (1999, p.128), pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Com esse instrumento conseguimos ter maior exatidão nos dados coletados de uma pesquisa. Medição de todas as variáveis que estão envolvidas na pesquisa.

Segundo Gil A. C. (1999), o questionário pode dispor de três modalidades de questões, ou seja:

Questões fechadas: nelas é apresentado um conjunto de alternativas de resposta, a fim de que o respondente escolha a que melhor revele acerca de seu ponto de vista.  

Questões Abertas: nesta modalidade é apresentada a pergunta ao respondente, de modo a deixá-lo à vontade para expressar suas ideias, sem que haja uma restrição para tal.

Questões relacionadas: representam aquelas que possuem certa dependência com respostas dadas a questões anteriores, se relacionam com as respostas anteriores.

Depois de colhidos todos os dados necessários ao estudo do fenômeno estudado, parte-se para a análise das informações obtidas. Para tanto, conforme Dencker (2000), essa deve ser feita de forma coerente e organizada, com vistas a responder ao problema de pesquisa.

Um mesmo questionário poderá abordar diversos desses pontos. Singularmente importante é o momento de formulação das questões. Gil A. C. (1999) destaca o seguinte:

a) as perguntas devem ser formuladas de maneira clara, concreta e precisa;

 b) deve-se levar em consideração o sistema de preferência do interrogado, bem como o seu nível de informação;

c) a pergunta deve possibilitar uma única interpretação;

d) a pergunta não deve sugerir respostas; e) as perguntas devem referir-se a uma única ideia de cada vez.

Referencias Bibliográficas

GIL, C. A. (1999) Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas

MARCONI, A. M.; LAKATOS, M. E. (1999) Técnicas de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Atlas

MALHOTRA, N. (2006) Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 4. Ed. Porto Alegre: Bookman

RIBEIRO, E. (2008) A perspectiva da entrevista na investigação qualitativa. In: Evidência, olhares e pesquisas em saberes educacionais. Número 4- Araxá. Centro Universitário do Planalto de Araxá.

Problemas, Hipóteses e Variáveis

Problemas, Hipóteses e Variáveis, são as primeiras fases dos processos de investigação que devemos considerar as opções disponíveis. Aproveitando de recursos com maior objetividade, e focando na necessidade que se queira atender, e quais as fontes de informação foram recorridas, dentro das etapas desses processos, para a decisão que se deva considerar dentro da investigação.

Em educação o problema – é gerado sobre os fenômenos de causas e efeitos, e uma análise aturada das variáveis que lhes estão associadas, tendo em vista a delimitação, compreensão sobre a resposta que veem da situação que deseja alterar através de uma metodologia.

Como Definir um Problema de Pesquisa cientifica

O problema tem que ser empírico, deve ser suscetível de solução, delimitado a uma dimensão viável.

É a primeira fase de concretização de um projeto de investigação.

Formule uma questão de investigação: Considerando, por exemplo, perguntas: Como? O quê? Quando? Porquê?

“É preferível de longe uma resposta aproximada, à uma pergunta certa que por vezes é vaga, do que uma resposta exacta à pergunta errada, que pode tornar-se sempre precisa” (in Pinto, 1990).

Revisão Bibliográfica

  Nessa fase se torna importante reunir informações que se já se conhece sobre o assunto sobre o problema levantado.

Hipóteses – São suposições que serão averiguadas. Precisam responder o problema da pesquisa. Devem seguir alguns princípios;

  • Devem ser testáveis
  • Devem se enquadra em hipóteses existentes na mesma área
  • Devem ser justificáveis e relevantes para o problema de estudo
  • Devem ter clareza lógica e de parcimônia
  • Devem ser susceptíveis de quantificação (McGuigan,1976)
  • Devem reunir generalidade explicativa (McGuigan,1976)

Classificação das hipóteses

Podemos dividir no processo da sua formulação:

  • Dedutivas: Comprovar deduções implícitas das mesmas teorias
  • Indutivas:Surgem de observações, ou reflexões sobre a realidade

E dividir em um nível de concretização

  • Conceituais: estabelecem relação entre variaveis ou de uma teoria ou mais;
  • Operativas: Indicam os processos necessários para a sua observação;
  • Estatísticas: relação em termos quantitativos
    • hipótese nula: proveniente de diferentes condições, grupos e não se relacionam, não se associam, não se diferenciam, no ponto de vista estatístico
    • hipótese alternativa: alternativa a outro fenômeno

Aceitação e Rejeição das hipóteses

Variáveis – Elas correspondem aos aspectos aos valores que podem do variar dependendo dos casos particulares concretos e circunstâncias. Na educação estam associados a dois modelos tradicionais de investigação:

experimental : baseado em um meio, organismo,condições na sua capacidade explicativa

correlacional: quantificar e relacionar, mais descritiva que explicativa.

  • Variáveis na Investigação
  • Parâmetros de medida das variáveis
  • Natureza da medida das variáveis
  • Escala de medida das variáveis
  • As variáveis no quadro dos modelos de investigação

Referência Bibliográfica

Almeida S. L., & Freire T.(2007), -Cap.2- p 35-72-Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação- Psiquilibrios – https://www.mendeley.com/viewer/?fileId=3f84ec34-8e98-d23f-59df-ef34cf63a46b&documentId=e9344e72-ca37-3680-8ad5-94c18d9214f5

McGuigan, F. M. (1976). Psicologia experimental: Uma abordagem metodológica. São Paulo: EPU

CLASSIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO SEGUNDO SUAS ABORDAGENS

  • Pesquisa Quantitativa: emprego da quantificação na coleta dos dados e na análise deles, por meio do tratamento estatístico;
  • Pesquisa Qualitativa: é fundamentalmente interpretativa; consiste na coleta e análise dos dados quantificados ou não; ela analisa e descreve o fenômeno em suas formas mais complexas;
  • Pesquisa Mista: articula as dimensões quantitativa e qualitativa.

Referência:
Retirado de : https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/8350/TCC%20V%C3%81LIDO%20%28COMPLETO%29.docx?sequence=2&isAllowed=y

CLASSIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO SEGUNDO SEUS OBJETIVOS

TIPOS DE INVESTIGAÇÃO

As pesquisas descritiva, exploratória e explicativa são classificações da investigação científica que variam de acordo com o objetivo pretendido. As três utilizam métodos de pesquisa diferentes para atender os objetivos da pesquisa e podem ser processadas de modo integrado, no intuito de obter uma melhor análise dos dados coletados.

A pesquisa exploratória consiste em ter uma maior proximidade com o universo do objeto de estudo pesquisado. Ela é a pesquisa que visa, através dos métodos e dos critérios, oferecer informações e orientar a formulação das hipóteses do estudo. Ela visa a descoberta dos fenômenos ou a explicação daqueles que não eram aceitos, mesmo com as evidências apresentadas. 

Já a pesquisa descritiva realiza um estudo detalhado através de técnicas de coleta, visando uma análise e interpretação mais profunda destes dados; proporciona novas visões sobre uma realidade já conhecida.

A pesquisa explicativa pretende justificar os fatores que motivam a ocorrência do objeto ou do fenômeno estudado. Ela é a pesquisa que relaciona teoria e prática no processo da pesquisa científica. Nas ciências naturais, por exemplo, é usado o método experimental, enquanto nas ciências sociais recorre-se ao método observacional.

ALMEIDA, L.; FREIRE, T. Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilíbrios, 2003, pp. 18-34.

Paradigmas da Investigação Científica

Conceito de Paradigma por (Thomas Kuhn, 1962)

É o conjunto de crenças, valores, técnicas partilhadas pelos membros de uma dada comunidade cientifica. 

 Estabelece como Imagem básica de um objeto de uma ciência, e define o que se deve estudar, as perguntas que são necessárias responder, os problemas que se devem estudar e quais regras devem seguir para interpretar as respostas que se obtém; considera os paradigmas como realizações cientificas universalmente reconhecidas que durante certo tempo, proporcionam modelos de problemas e soluções a uma comunidade cientifica. (Khun, 1986:13)

Entende-se por paradigmas, o conjunto de princípios, teorias, estratégias metódicas e resultados cruciais que servem de modelo ou quadro orientador as pesquisas produzidas na sua área.(Silva e Pinto, 1986)

El paradigma diferencia una comunidade cientifica de outra, ya que comparten por consenso teorias y métodos que se consideran legítimos, así como los critérios para enjuiciar la validez de las soluciones propuestas. (González, A. 2003)

Conceito de paradigma (do grego parádeigma, atos)

  • Algo que serve de exemplo de modelo ou padrão
  • Conjunto das formas que servem de modelo de derivação ou flexão.
  • Conjunto dos termos ou elementos que podem ocorrer na mesma posição ou contexto de uma estrutura.

PERSPECTIVAS (Lincoln & Guba, 1985)

Científica (Abordagem empírico- racionalista) – O objetivo é aumentar o conhecimento- Sistemático, mensurável, comprovável, repetível) – Ênfase : explicação dos fenômenos,factos observáveis, medição objetiva, controle de variáveis, contrastação empírica de resultados, racionalidade, objectividade.

Humanista/Naturalista (Abordagem naturalista) – O objetivo é a compreensão dos fenômenos ( conclusões válidas para os contextos estudados)- Ênfase: interpretação do real, representações dos indivíduos, linguagem, semântica, natureza subjectiva da realidade, ponto de vista do ator, indivíduo ativo na construção do real.

Tentativa de compreender os processos , compreender quem, o quê, porquê, como, etc.

PERSPECTIVAS (Walliman, 2011)

Positivismo

  • Para se conhecer um determinado fenômeno, deve ser possível observar-lo.
  • Baseado no método científico.
  • O conhecimento é passivel de comprovação
  • O observador deve manter-se neutro

Relativismo

  • Baseado no paradigma naturalístico
  • Os fatos são interpretações humanas da realidade, podem variar com o tempo ou serem percebidos de forma diferente por diferentes grupos, culturas…

Investigação Cientifica Educacional

Podemos destacar dentro da Investigação Cientifica Educacional, três paradigmas: 

    Positivista– de caráter racionalista, quantitativo 

    Interpretativo– qualitativo, através de um processo investigativo

    Crítico– Criticar, e identificar o potencial para a mudança.

PRESSUPOSTOS /QUESTÕES -CHAVES

Ontológicos

Qual a natureza da realidade? Qual a natureza dos fenômenos educativos? Existe em factos ou em pensamento? É externa ao sujeito ou é algo criado interiormente?

Epistemológicos

Que tipo de evidência procuramos? Como adquirimos o conhecimento? Postura externa, baseada na objetividade do conhecimento, ou postura de experiencia compartilhada com os sujeitos implicados (conhecimento subjetivo)? Qual a relação do investigador com os indivíduos estudados? E a sua relação com os objetos de estudo?

Metodológicos

Como apreendemos o mundo( os fenômenos) e avançamos no seu conhecimento? Que métodos utilizar?

Referencia Bibliografica

González M., A.,(2003)- Los paradigmas de Investigación en las ciencias sociales. En: ISLAS- vol.45, nº 138

Lukas, J. F.& Santiago, K.,(2009) – Naturaleza de la investigación y evaluación en educación – Edição da Alianza Editorial-Madrid

Creswell, John W. (2007)– Projeto de Pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto- 2ed. –Porto Alegre-Artmed 248p- ISBN 978-85-363-0892-0 

Reflexão Crítica Individual

A Unidade Curricular de Metodologia de Investigação I foi apresentada com objetivo de desenvolver as competências necessárias para o desenvolvimento de investigação científica. A UC foi organizada em três módulos, sendo: (1) Natureza e características da investigação científica; (2) Paradigmas da investigação em educação; (3) Métodos, instrumentos e técnicas de recolha de dados.

Para atingir os objetivos propostos foram realizadas sessões síncronas semanais, compartilhamento de orientações e materiais de consulta e referência por meio do moodle da Universidade de Lisboa e por google drive. Foram propostas atividades individuais, com destaque para a construção e manutenção de um e-portefólio na forma de blogue, e um trabalho em grupo.

Considero esta unidade curricular fundamental para construção de projetos de investigação científica de qualidade, desde a formulação adequada do problema, passando pela escolha consciente do método, coleta e analise de dados, conclusões, até a redação final da documentação para registro e compartilhamento.

Pontos positivos:  

As sessões síncronas semanais para a exposição e provocação inicial do professor, abordando os tópicos mais relevantes de cada módulo, permitindo: a retirada das dúvidas dos alunos; a troca de conhecimentos e experiências entre os participantes; os esclarecimentos quanto ao processo de avaliação; além de ser uma forma de aproximação e de conhecer o professor e os colegas, construindo relações de amizade, respeito e admiração. As sessões síncronas gravadas permitiram que o conteúdo e informações de cada sessão fossem acessados pelos alunos que não puderam participar ao vivo e, ainda,  serem revistas pelos que estiveram presentes.  

Na prática didática, o uso constante de exemplos práticos pelo professor nas sessões síncronas contribuiu diretamente para esclarecer dúvidas, reforçar conceitos, entender etapas, aplicar métodos, selecionar instrumentos, entre outros.

O uso de recursos externos além da plataforma moodle da ulisboa, como adotar as sessões síncronas pelo colibri e o compartilhamento de documentos pelo google drive, foi uma boa estratégia que permitiu seguir com as atividades mesmo quando o moodle ficou mais de uma semana instável ou indisponível.

Ao longo do trimestre tive a oportunidade de conhecer, experimentar e aplicar novas ferramentas digitais, como: cmap; xmind; h5p; webnode e wordpress que utilizamos para a construção do blogue.

Nas atividades desenvolvidas destaco a criação, desenvolvimento e manutenção do e-Portefólio pessoal de aprendizagem tomando como ponto de partida os diferentes temas abordados na unidade curricular relacionados com as metodologias de investigação científica. O e-portefólio foi colocado como trabalho individual de registrar e compartilhar os conhecimentos periódicos adquiridos relativos a conceitos, ideias, métodos, instrumentos e demais informações que consideramos relevantes em cada módulo. Registro que esta foi a primeira vez que usei uma ferramenta tipo “blogue” e mais interessante foi desenvolver em conjunto com os colegas da turma, podendo compartilhar e aprender com as postagens de todos.

Sugestão:

O mapa conceitual sobre projeto de investigação, demonstrado abaixo e que está na página inicial da UC no moodle, ilustra perfeitamente as etapas do processo de desenvolvimento da investigação, o que precisamos conhecer, aplicar e fazer para termos como resultado o projeto de investigação. De tudo que li e pesquisei foi esta a forma mais didática que encontrei para entender o processo num todo e também conhecer suas partes. Assim, para melhorar ainda mais o entendimento dos alunos sobre o que é necessário aprender para a construção do projeto de investigação acredito que o conteúdo da UC poderia ser estar mais alinhado ao esquema proposto, quanto à sequência, etapas e priorização.  Ou seja, o que é o mais importante para construirmos o projeto, uma vez que o tempo é curto para discussão filosófica e conceitual mais profunda?

Mapa Conceitual: Projeto de Investigação
Fonte: https://ead.ulisboa.pt/course/view.php?id=281

As principais etapas do projeto poderiam ser, também, pontos de entrega de avaliação, para orientar  a inserção de conteúdo do blogue, com datas preliminares e feedbacks pelo professor.

Acredito que uma ótima forma de aplicação prática do conteúdo de metodologia de investigação seria em atividades focadas no tema que o aluno deseja investigar para o seu projeto ou dissertação de conclusão do mestrado. Mesmo que seja apenas a intenção e que o aluno possa vir a mudar penso que seria um ótimo exercício para aprender fazendo. Por exemplo, no início do trimestre o aluno define o tema geral. Quando for abordado o tópico “Problema” o aluno formula o problema da sua investigação e o resultado poderá ser postado no seu espaço no blogue. E assim, ocorrer também para outras etapas, como: formulação de questões, hipóteses, definição da metodologia e coleta de dados.

Poderia, assim, adotar datas intermediárias (poderia ser a cada módulo) para as postagens no blogue e dar feedback com avaliação preliminar para que os alunos possam distribuir as atividades ao longo do trimestre, enxergar seu crescimento avaliativo e não ter apenas uma devolutiva ao final.

Conclusão:

Embora não tenha ainda finalizado todas as atividades da unidade curricular de metodologia de investigação I (falta concluir o trabalho em grupo) chego a este momento com o entendimento claro da importância de aplicar metodologia e construir um projeto de investigação cientifica de fato. O planejamento da UC, a organização do conteúdo, a didática praticada, as atividades desenvolvidas e os recursos utilizados permitiram-me desenvolver as competências requeridas. Posso dizer que hoje: compreendo a natureza da investigação científica, identifico etapas e componentes do processo e critérios de qualidade; consigo formular problema, questões, objetivos de investigação e hipóteses; conheço e diferencio os paradigmas de investigação;  compreendo os diferentes métodos, instrumentos e técnicas de recolha de dados empíricos, sua construção, aplicação e análise; compreendo como deve ocorrer a comunicação e divulgação de resultados para a comunidade cientifica; possuo maior compromisso com a aplicação dos valores éticos na construção dos meus trabalhos acadêmicos e dos futuros projetos de investigação cientifica.

Finalizo com um agradecimento aos meus colegas de turma, aos amigos da equipa que estão comigo na produção do trabalho em grupo, ao professor Fernando pela condução da UC e ao instituto de educação e Universidade de Lisboa pela oportunidade de realizar este Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais.  

Ética e Técnica na recolha de materiais empíricos para investigações

Recolher dados em uma pesquisa sobre educação exige a escolha de uma metodologia adequada. Diferentemente das ciências exatas ou da natureza, as informações coletadas em investigações relacionadas à educação não costumam seguir critérios quantitativos. Testar hipóteses por meio de experimentos controlados em laboratórios ou por meio de tentativas e erros podem esbarrar em critérios éticos. Não seria razoável expor estudantes a experimentos que pudessem inviabilizar a aprendizagem apenas para levantar dados.

Aires (2015) apresenta técnicas de recolha de dados a partir de duas possibilidades. Tratam-se das técnicas diretas (interactivas) ou indiretas (não-interactivas). Das técnicas interactivas, o autor cita a observação participante, a entrevista qualitativa e as histórias de vida. Das não-interativas, lista análises de documentos oficiais ou informais que incluem desde estatutos até diários pessoais.

Devido às especificidades das investigações em educação, muitos autores recomendam um levantamento qualitativo dos materiais para pesquisa. Isso significa que, na prática da investigação, deve-se buscar compreender os fenômenos e não explicá-los sob uma perspectiva de se encontrar fórmulas replicáveis. Ouvir os atores que participam das situações de aprendizagem e, portanto, são parte do objeto de pesquisa, torna-se uma tarefa necessária e desafiadora sob o ponto de vista ético. Como separar as informações relevantes para os resultados esperados?

Investigação em Educação

Questões de ética na investigação em educação e formação Parte I

Sobre a investigação Rudduck e Hopkins (1985, citado por Matos et all, 2015), acrescentam: “a investigação é um questionamento sistemático, planeado e crítico, sujeito a apreciação crítica pública; como questionamento que é, tem as suas raízes na curiosidade e no desejo de compreender [algo]; mas trata-se de uma curiosidade estável, sistemática na medida em que é sustentada por uma dada estratégia”.

No entanto, no processo de investigação é necessário definir um tema, delimitando o assunto, o problema da investigação e sua condução sistematizada.

Investigação, busca o conhecimento científico sobre a educação, ou seja, a investigação básica; já a investigação focada em educação, busca, soluções práticas para os problemas com conhecimento sobre eles. Neste caso a investigação aplicada envolve o diagnóstico, análise, está é considerada uma prática recente e inovadora.

As fases da investigação envolvem o Problema, Planejamento e Execução.

Já o “Problema”, precisa ser bem estruturado, segundo Tuckman (2000), Critério para seleção do Problema:

  1. Algo que seja possível, aplicável;
  2. Extensão e Complexidade e
  3. Aplicação prática, para mais pessoas.

Matos, J.F, Pedro, N., Pedro, A. & Cabral, P. (2015). Metodologias de Investigação em Educação. Disponível UC Metodologias de Investigação I. Repositório Ulisboa.

Saiba mais

Como Esquematizar uma Investigação?

A elaboração de um projeto de investigação é feita mediante a consideração das etapas para sistematizar seu desenvolvimento. Não há regras fixas que definem obrigatoriamente as etapas, nem mesmo a ordem destas, mas pode ser determinada pelo tipo de problema a ser investigado e pelo seu autor. É necessário que o projeto defina como se processará a investigação, quais suas etapas e recursos necessários para atingir seus objetivos. Assim, a elaboração do projeto depende de inúmeros fatores, mas consideramos que o primeiro talvez seja o mais importante: é definir a natureza do problema. Apresentamos a seguir um fluxograma, com base na proposta de Gil (2007), que esquematiza as etapas para desenvolvimento de um projeto de investigação cientifica.

Fonte: Adaptado de Gil (2007)

Referência 

Gil, A.C. (2007). Como Elaborar Projeto de Pesquisa. 4ª edição. São Paulo: Atlas.

[Mapa Conceitual] Paradigmas de Investigação

Paradigma de investigação são o conjunto de postulados, valores e teorias conhecidas e regras são aceitas por todos os elementos de uma comunidade científica num dado momento histórico que “Cumpre os propósitos de unificar os conceitos, pontos de vista, a pertença a uma identidade comum e o de legitimar a investigação através de critérios de validez e interpretação “(Coutinho, 2011, p.9). Podemos assim dizer que os paradigmas são, portanto, uma visão geral ou modelo que guiam a ação do pesquisador.

Referência:

Coutinho, C. (2011). Paradigmas, Metodologias e Métodos de Investigação. In: Metodologias de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. (p.9-41).Lisboa. Almedina.

Paradigmas da Investigação

Um paradigma é um conjunto articulado de postulados, de valores conhecidos, de teorias comuns e regras que são aceites por todos os elementos de uma comunidade num dado momento histórico. (Coutinho, 2005).

A primeira edição do Handbook of qualitative research, Guba e Lincoln (1994) apresentaram os vários paradigmas de investigação com base em critérios ontológicos, epistemológicos e metodológicos. Segue abaixo um quadro com a Síntese da Sistematização de paradigmas de investigação proposta por Lincoln, Lynham e Guba [2011]:

Uma imagem com texto, jornal, interior

Descrição gerada automaticamente
Sistematização de paradigmas de investigação proposta por Lincoln, Lynham e Guba [2011]. Imagem disponível em: http://journals.openedition.org/ras/docannexe/image/373/img-1.png

Estudiosos (as), como Clara Coutinho, Gabriel Salomon e Kenneth Howe, acreditam que os paradigmas são diferentes a nível ontológico e epistemológico, mas aceitam que o investigador não tenha de se enquadrar em somente um deles, elegendo o único e o melhor. Defende-se, por outro lado “a complementaridade de métodos quantitativos e qualitativos em função do que se afigura ser a melhor solução do problema a estudar: a integração da unidade epistemológica, rejeitando o conceito de confronto entre paradigmas e advogando alternativas que integrem ou superem o velho confronto.” (COUTINHO, 2011, p. 30).

Referências

Coutinho, C. M. G. F. P. (2005). Percursos da Investigação em Tecnologia Educativa em Portugal: Uma abordagem Temática e metodológica a publicações cientificas (1985-2000), Braga, Universidade do Minho

Coutinho, C. (2011). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática. Coimbra: Almedina.

Ética na Investigação Científica.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=FEASxRw2Gb0

A publicação científica feita de forma eticamente correta tem relação com a credibilidade e com a própria reputação do autor da pesquisa. Na pesquisa científica, ética é um conjunto de práticas adotadas pela comunidade cientifica.

São princípios éticos da comunidade cientifica:

Primazia: quem publica o primeiro artigo sobre o tema, tem o crédito da descoberta (ou da invenção)

Avanço do conhecimento: todo artigo científico deve conter um resultado inédito e relevante para a Ciência

Reprodutibilidade: todo experimento publicado deve ser replicável por outrem

Para orientar a comunidade científica da área de educação a Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação – SPCE publicou em setembro de 2014 a Carta Ética contendo os princípios e as orientações formais referentes ao compromisso ético dos seus membros. Estabelece como deve ocorrer a relação com os participantes da investigação, quanto ao: consentimento informado; direito a privacidade e confidencialidade dos dados dos participantes; a divulgação da informação; desistência de participação; benefícios e respeito à integridade. Na relação com a comunidade de investigadores deve-se: respeitar a autoria e coautoria e a prática de revisão de pares e; seguir as diretrizes da comunidade cientifica para a publicação. Ainda aponta orientações para: a relação com os estudantes e os profissionais da educação; a relação com os promotores e colaboradores da investigação e; a relação com as comunidades e com a sociedade (SPCE, 2014).

No âmbito da Universidade de Lisboa o Código de Conduta e de Boas Práticas estabelece norteia os membros da comunidade acadêmica quantos aos princípios éticos, requerendo a estes a “observância individual de padrões de ética, justiça e igualdade de oportunidades, integrando estes valores na vida académica e na atividade profissional desenvolvida na Universidade e nas suas unidades orgânicas, bem como nas relações da Universidade com a sociedade”.

O documento estabelece os deveres gerais para estudantes, docentes, investigadores, trabalhadores não docentes e não investigadores, bem como os princípios de conduta e boas práticas e as implicações disciplinares quando da violação dos deveres estabelecidos no Código (Universidade de Lisboa, 2015).

Sugestão de leitura:

Para contribuir com a discussão sobre este assunto compartilho artigo da professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo, Marisa Russo, que mostra que as questões sobre ética e integridade na pesquisa devem ser abordadas a partir da discussão sobre a responsabilidade do  cientista e também da responsabilidade coletiva. O artigo mostra como poderíamos tentar responder a três questões iniciais: (1) Somos menos éticos e menos íntegros que nossos antepassados?; (2) Que valores estão acoplados ao trabalho e à publicação científica hoje?; (3) Vigiar, punir, prevenir ou transformar? Onde estamos e para onde queremos ir?

Plágio e Infrações Éticas.

Plágio: talvez seja este um dos desvios éticos mais comuns no desenvolvimento de trabalhos acadêmicos.

O plágio é uma violação dos direitos autorais do outrem. Está fazendo plágio acadêmico o aluno que retira, seja de um livro ou da internet, ideias, conceitos ou frases de outro autor que as formulou e publicou, sem lhe dar o devido crédito, sem citá-lo como fonte de pesquisa.

Na academia, o plágio pode ser apresentado de três formas distintas:

  1. Integral: cópia integral de um trabalho, sem citar a fonte;
  2. Parcial: cópia resultante da seleção e de parágrafos ou frase de um ou diversos autores, sem menção às obras;
  3. Conceitual: utilização da essência da obra do autor sem menção à obra consultada.

No Brasil, a Lei n 9.610 de 1998 regulamenta os direitos autorais, especifica que materiais são protegidos e quais as penalidades para a reprodução não autorizada.

Referências:

Kleina, C. & Rodrigues, K. S. B. (2014). Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico. 1. Ed. Curitiba, PR: Iesde Brasil.

Russo, M. (2014). Ética e Integridade na Ciência: da Responsabilidade do Cientista à Responsabilidade Coletiva. Revista Estudos Avançados. USP. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/79692/83694. Acessado em 22 de dez. 2019.

SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciências da educação (2014). Carta Ética: Instrumento de regulação ético-Deontológico. Disponível em: http://www.spce.org.pt/PDF/CARTAETICA.pdf. Acessado em 23 de dez. 2019.

Universidade de Lisboa (2015). Código de Conduta e de Boas Práticas. Universidade de Lisboa. Disponível em: https://www.ulisboa.pt/documento/codigo-de-conduta-e-de-boas-praticas-da-universidade-de-lisboa. Acessado em 23 de dez. de 2019.

Falando em Metodologia da Investigação

Segue minha reflexão crítica individual:

A Unidade Curricular de Metodologia da Investigação (Mestrado Educação e Tecnologias Digitais 2019/2020 – ULisboa) proporcionou uma série de reflexões acerca do saber que buscamos neste mestrado. As expectativas que nos levam a desejar essa formação incluem o desejo de investigarmos com maior profundidade o tema das tecnologias digitais na educação. Por isso mesmo, neste texto pretendemos expor uma síntese dos conteúdos e a crítica de suas aplicabilidades no contexto em que estamos inseridos.

Comecemos, pela provocação: existe verdade? Nossos sentidos e nossas emoções dão conta de responder a esta pergunta filosófica? É verdade que você este texto foi escrito. Afinal, os olhos do leitor estão capturando cada palavra e dando sentido a elas. Mas daqui a uns minutos essa leitura será mera lembrança. Por isso, é possível que amanhã ou depois perguntemos se lemos essa reflexão aqui ou em outro lugar. Nossa memória não é confiável e nossos sentidos se ocupam do presente. Realizar um registro escrito é a tecnologia que estabelece marcos memoráveis do pensamento que desenvolvemos.

É na busca incessante da verdade (objetivo do conhecimento) que se assiste progressivamente à procura de interpretações ou respostas às interrogações sobre o universo através da proposta de bens como hipóteses ou realidade[…] (BARROS, p.37)

A escrita foi uma ferramenta revolucionária para a humanidade. Se as memórias se confundem, a escrita permite o registro de saberes que poderão ser revisitados com certa precisão numa leitura posterior. Isso permitiu que muitos conhecimentos fossem registrados, permitindo certa evolução do pensamento. Na busca pelo conhecimento científico, ler e escrever continuam sendo competências básicas da educação primária até a pós-graduação.

Os avanços científicos vão se tornando possíveis na medida em que cada nova geração de estudiosos toma conhecimento das pesquisas já feitas e podem “avançar” em direção à inovação. Da invenção da roda até o desenvolvimento tecnológico de um carro esportivo elétrico, foram muitas gerações de estudiosos e de estudos possíveis graças aos seus predecessores. Por isso, cabe aqui a observação acerca dos termos epistemologia, paradigma, metodologia, método e técnica.

O primeiro termo, epistemologia, se refere ao que reconhecemos como conhecimento científico que, na maioria das vezes, diz respeito a objetividade na análise dos fatos e fenômenos investigados. Paradigma é o conjunto de princípios que devem ser seguidos em uma determinada comunidade científica. A etimologia da palavra metodologia sugere a ideia de “caminho para o conhecimento”, por isso é o termo que relaciona às teorias e os métodos. Estes compreendem as estratégias para obtenção de dados. Finalmente, o termo técnica se refere a cada uma das estratégias que compõe um método (Coutinho, 2013, p.23).

A observação da realidade e a percepção de fenômenos a serem investigados são parte primordial no trabalho do investigador. Transformar, então, fenômenos em objetos de estudo é a consequência natural na busca pela “verdade científica”. O “caminho para o conhecimento científico” começa com um planeamento ou um projeto de pesquisa. Esta etapa inicial é como um mapa a ser seguido durante o percurso investigativo. O desenho deste guia parte da formulação de um problema, depois indica as questões que levam às hipóteses (respostas provisórias) e, finalmente, estabelece os objetivos de investigação atrelados aos métodos de coleta e análise de dados. Somente com este mapa em mãos é que o investigador poderá ir a campo em busca das informações e referenciais teóricos para o seu trabalho.

Na área da educação, as investigações têm especificidades. A recolha de informações precisa considerar a complexidade do fenômeno da aprendizagem e as variáveis da conjuntura sociocultural de cada objeto de estudo. Essa exigência intrínseca ao processo investigativo nesta área torna o projeto de pesquisa uma ferramenta muito importante. Será por meio do projeto de pesquisa que o investigador poderá antecipar algumas variáveis a serem consideradas e o valor científico das hipóteses levantadas. Uma formulação equivocada pode comprometer os resultados e, portanto, o valor científico da investigação.

Ao mapearmos a pesquisa em educação, de acordo com Almeida & Freire (2003), vemos que “o problema formula-se na forma de questão (investigação voltada para a compreensão ou explicação de um fenómeno) ou como uma resposta (decisão sobre as propriedades de um tratamento ou metodologia, situação que se deseja alterar)”. A observação de fenômenos e a formulação de problemas relacionados a compreensão e explicação desses ou o desejo de propor alterações na realidade educacional exigem conhecimento teórico e metodológico que permita conclusões de caráter científico e não posicionamentos pessoais por parte do investigador. Por isso, recomenda-se objetos de estudos que sejam concretos, reais e delimitados, evitando-se ideias vagas ou subjetividades.

Seguindo o mapa (ou Projeto de Pesquisa), as respostas ao problema que foi apresentado são ainda hipóteses, ou seja, respostas ou explicações provisórias às questões que emergiram. É nesse momento que o repertório do investigador deve ser evocado e aperfeiçoado. Compreender o que já foi produzido sobre o problema investigado é fundamental para o debate acadêmico. Metaforizando: um engenheiro só pode fazer uma reforma, terminar uma obra ou sugerir mudanças depois de compreender a planta do ambiente. Da mesma forma, investigadores só podem propor respostas ao problema, após reconhecer as bases teóricas para analisá-lo. Assim, o referencial teórico aparece através da revisão bibliográfica que acaba por sugerir caminhos investigativos já percorridos, ou seja, métodos e metodologias de investigação que podem ou devem ser usados.

Neste momento de nossas reflexões, percebemos que, para a investigação em educação, o paradigma quantitativo positivista, onde as hipóteses são testadas a partir de experiências controladas e da análise de grandes volumes de resultados pode não ser a única opção para se chegar a resultados cientificamente razoáveis. O uso de modelos de investigação de caráter qualitativo pode ser uma solução para a análise da complexidade dos problemas relativos à educação. Ao invés de propor a aplicação da teoria na prática, o investigador em educação pode buscar primeiro compreender a prática a partir de seus atores e depois propor uma crítica à teoria ou uma teoria crítica.

O levantamento a partir de um viés qualitativo, no entanto, não pode desconsiderar os limites e o rigor exigidos de uma investigação científica. O fato de não buscar informações em quantidade, mas em profundidade deve estar acompanhado de um compromisso ético. Princípios como autorização expressa dos participantes e a proteção dos dados obtidos aparecem na Carta Ética para a Investigação em Educação e Formação do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Isso significa que não se pode, na busca pelo conhecimento, pegar atalhos que desvirtuem o que foi apresentado no projeto inicial.

Todo Projeto de Pesquisa deve ser submetido a avaliação dos pares qualificados na área de estudos em que propusemos nossa investigação para que seja reconhecido como um contributo para a construção do conhecimento científico. É o desejo de pesquisarmos com profundidade as tecnologias digitais na educação que nos impulsiona a submeter esta síntese a avaliação. Este mesmo anseio é que há de proporcionar reflexões éticas e estéticas acerca do fazer acadêmico ao qual nos propomos neste e nos próximos trabalhos que submeteremos a avaliação.

Referências

Almeida, Leandro S. & Freire, Teresa (2003) problema, hipóteses e variáveis. In: Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilíbrios.

Barros, A. J. S.; Lehfeld, N. A. S. (2019) Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Pearson.

Coutinho, Clara (2013) Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. Coimbra: Edições Almedina.

Universidade de Lisboa (2016) Carta Ética para a Investigação em Educação e Formação do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

Reflexão Crítica Individual

Relatório Crítico Final da disciplina Metodologia de Investigação I

Reflexão baseada no olhar crítico do estudante sobre as aprendizagens realizadas.

O presente relatório foi elaborado com base na unidade curricular de “Metodologia de Investigação I” ministrada pelo Prof. Dr. Fernando Albuquerque Costa.

A unidade curricular é composta por três módulos (Módulo 1 – Natureza e características da investigação científica, Módulo 2- Principais paradigmas da investigação em Educação, Módulo 3 – Métodos, instrumentos e técnicas de recolha de dados) e tem como objetivos gerais apresentar aos alunos: 

  • os fundamentos da construção do conhecimento científico;
  • a lógica da pesquisa científica;
  • definições de conceitos acerca de paradigmas, problemas, hipóteses e metodologias de investigação.

As aulas síncronas com o Professor Fernando foram extremamente importantes para a assimilação do conteúdo e fomento da minha aprendizagem, os textos compartilhados nos três módulos também deram contributo substancial para os meus estudos. 

A metodologia de ensino participativa e a forma de exploração do conteúdo proposta na UC foi um estímulo para a construção da minha base como investigadora, transmitindo o gosto pela investigação científica. Neste cariz, destaco o registo no ResearchGate e a criação do meu perfil e uso do software Mendeley. Foi a primeira vez que tive contacto com estas duas ferramentas e estou a utilizar o Mendeley de duas formas, na versão Desktop instalada no meu portátil e na versão Web para gerir as minha base de dados com as referências bibliográficas que estou a estudar.  Um grande ponto positivo do Mendeley é que esta ferramenta auxilia na criação das minhas citações e referências de acordo com as orientações emanadas pela American Psychological Association (APA) – confesso que ainda estou em fase de adaptação com este modelo de referenciação normativa. Além disso, cabe mencionar que estou a utilizar o Mendeley para organizar e gerenciar os textos das outras UC’s que estou a cursar no mestrado, criando uma base centralizada com todas as minhas fontes bibliográficas.

Outra proposta de atividade bastante interessante foi a criação do Blog contendo o e-portfólio criado por cada um dos colegas mestrandos. Esta atividade bastante enriquecedora, resultou em um excelente trabalho colaborativo, envolvendo todos no intercâmbio de informações através de textos (sínteses/reflexões), imagens, vídeos e mapas conceptuais contribuindo no processo de aprendizagem. 

Por último, e não menos importante, foi proposta uma atividade de elaboração de um pré-projeto de investigação tendo como texto base sugerido  “Só um computador na Escola”. Este pré-projeto deverá conter: resumo, introdução, referencial teórico, metodologia, síntese dos resultados, considerações finais e referências bibliográficas. Sendo assim, considero a elaboração deste pré-projeto meu maior desafio, pois neste momento tive a oportunidade de aplicar os conhecimentos aprendidos nesta UC, conectando a teoria à prática da metodologia de pesquisa científica. 

Em relação a esta atividade, peço licença ao estimado Professor Fernando para sugerir que grupos menores sejam formados, penso que um grupo com três integrantes conseguiria usufruir de um processo construtivo e interactivo mais próximo, pois nem sempre é fácil conciliar agendas tão diferentes em função das nossas outras atividades profissionais.

Para concluir, gostaria de registrar os meus sinceros agradecimentos ao Professor Fernando por compartilhar os seus conhecimentos e por ter uma postura sempre muito cordial e compreensiva, percebendo as dificuldades e limitações em conciliar estudo e trabalho, prorrogando inclusive prazos para que fosse possível entregar as atividades.

De um modo geral, acredito que os conhecimentos e aprendizagens que adquiri com esta Unidade Curricular são importantes e úteis para a minha formação académica e profissional, estimulando a construção do meu “eu” como pesquisadora, a reflexão e a exploração da metodologia da pesquisa científica.

Pesquisa Qualitativa & Pesquisa Quantitativa

Pesquisa qualitativa busca entender um fenômeno específico em profundidade.
Segundo Minayo (1999), na abordagem qualitativa não podemos pretender encontrar a verdade com o que é certo ou errado, ou seja, devemos ter como primeira preocupação à compreensão da lógica que permeia a prática que se dá na
realidade. Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado.

A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza a quantificação nas modalidades de coleta de informações e no seu tratamento, mediante técnicas estatísticas, tais como percentual, média, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros. (MICHEL, 2005).
A pesquisa quantitativa é conseguida na busca de resultados exatos evidenciados por meio de variáveis preestabelecidas, em que se verifica e explica a influência sobre as variáveis, mediante análise da freqüência de incidências e correlações estatísticas. (MICHEL, 2005).

ComparisonQuantitative ResearchQualitative Research
MeaningQuantitative research is a research technique that is used to create hard facts and numerical data, by employing the statistical, mathematical and logical system.Qualitative research is a technique of investigation that develops considerate on human and social sciences, to find the way people feel and think.
ApproachObjectiveSubjective
NatureParticularisticHolistic
ReasoningDeductiveInductive
Research typeConclusiveExploratory
DataMeasurableVerbal
SamplingRandomPurposive
HypothesisTestedGenerated
MethodsStructured techniques like questionnaires, observations and surveys.Non-structured techniques such as group discussions, In-depth interviews etc.
InquiryResult-orientedProcess-oriented
ObjectiveTo examine the effect and causal relationship between variables.To discover and explore ideas used in the ongoing procedures.
Elements of analysisNumerical dataWords, objects and pictures
ResultRecommends a final course of actionDevelops an initial understanding
Figura 1 – Difference between Qualitative and Quantitative Research Table .
Fonte: Recuperado de http://higherstudy.org/