A objetividade exigida pela ciência, muitas vezes, é obtida através da análise quantitativa de dados relacionados a um determinado fenômeno. A observação da realidade, em ciência, é seguida pela formulação de leis e teorias. Isso acontece nas ciências naturais e na aplicação da indução ou dedução típicos das ciências exatas. Para ilustrar as relações entre fatos, leis, teorias e sistemas, recorramos ao esquema a seguir:

Fonte: (SEVERINO, 2007, p. 101)

Esta imagem impõe uma reflexão acerca da observação de fenômenos na área da educação. Seria possível formularmos leis a partir da observação do trabalho docente ou do desempenho discente? Provavelmente não. A complexidade das ações humanas e as variáveis de cunho cultural e emocional nos obrigam a estabelecer uma outra “lógica”de investigação.

A palavra lógica sugere objetividade. Mas aqui, ao falarmos de investigação em educação, ela deve assumir o sentido de coerência. Não se trata de reconhecer uma relação óbvia entre as partes que compõe um determinado problema, mas de compreender um fenômeno a partir das visões dos atores diretamente envolvidos. Dessa forma, as variáveis culturais, emocionais e a complexidade de ser humano no mundo aparecerão de forma objetiva, ou seja, coerentes com o objeto e não com o investigador. Trata-se de uma lógica qualitativa.

A análise de fenômenos em educação implica na adoção de uma perspectiva naturalista. Autores como Guimarães (2012, p.195) chegam a sugerir uma distinção entre os termos acadêmico e científico, onde as ciências humanas relacionam-se com o primeiro e as ciências exatas com o segundo.

Lincoln & Guba (1985) fazem distinção entre “Abordagem empírico-racionalista” e “Abordagem naturalista”. A primeira visa a explicação dos fenômenos e a segunda a compreensão, ou seja, a interpretação coerente desses fenômenos.

Essas dicotomias expostas dão conta de elucidar o fato de que a investigação dos fenômenos em educação exige um esforço do investigador em analisar nuances de cada objeto. Afinal, a natureza humana não se mostra muito linear ou simétrica. Os contornos singulares de cada corpo humano sugerem caminhos subjetivos tão únicos quanto as formas físicas.

Portanto, investigar fenômenos em educação é um desafio ontológico, porque nos obriga a refletir sobre a natureza da educação enquanto fenômeno social e político. É também um desafio epistemológico, pois é sempre uma metainvestigação, uma vez que é por meio da “educação formal” que propomos os estudos. E finalmente, um desafio metodológico sobre o qual nos debruçamos neste breve texto.

Referências

Guimarães, Thelma de Carvalho (2012). Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson.

Lincoln, Y. & Guba, E. (1985) Naturalistic inquirity. New York: Sage.

Severino, A. J. (2007) Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Cortez.

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