Tema1: Designs de Investigação em Educação

1. Título: Efeito Bumerangue: Trajetórias Educativas dos Indivíduos Classificados na Categoria Deficiência Intelectual.

2. Problema ou questão de investigação do artigo: Aprofundar o conhecimento sobre jovens portugueses a quem foi atribuída uma classificação numa categoria estigmatizada e invisível – deficiência intelectual.

3. Caracterização da abordagem metodológica usada pelo(s) autor(es) do artigo: Para satisfazer o objetivo recorreu-se a uma diversidade de técnicas de recolha de informação: recolha documental; entrevista biográfica; caderno “Memórias de Bordo” e à observação não participante em diferentes contextos. No total foram realizadas quarenta entrevistas, uma vez que cada um dos vinte participantes foi entrevistado em dois momentos com um intervalo de seis meses. A idade dos participantes, de ambos os sexos, varia entre os 24 e os 41 anos.

4. Principal conclusão da investigação reportada no artigo: Não obstante o percurso de insucesso, a “fé na escola” de que nos fala Alves (2006) ou “o paradoxo dos jovens satisfeitos com a escola apesar do insucesso escolar” descrito por Pais (1998, p. 200) é uma tendência observável nas trajetórias escolares marcadas por um padrão de regresso à escola para acesso a melhores qualificações, mesmo daqueles que tiveram más experiências, após intervalos de tempo entre quatro e dez anos. A escola é vista como um espaço de socialização e contribui para atenuar a exclusão social em que alguns revelam viver e a valorização da qualificação escolar representa a conquista de um grau, até há pouco tempo, correspondente à escolaridade obrigatória.

5. Citação do artigo selecionado utilizando as Normas APA:

Forreta, M. & Alves, N. (2019). Efeito Bumerangue: Trajetórias Educativas dos Indivíduos Classificados na Categoria Deficiência Intelectual. In Sisyphus Journal of Education, volume 7, issue 02, 2019, pp. 24-47. DOI: https://doi.org/10.25749/sis.17666

ThInK a little.

Como se chega a um problema de investigação?

Problema é a pergunta que a pesquisa científica pretende responder, sendo que todo problema está inserido dentro de um tema, desse modo, para formular o problema da investigação deve-se transformar o tema em uma pergunta. Conforme Rudio, “formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas características. Desta forma, o objetivo da formulação do problema é torná-lo individualizado, específico, inconfundível” (1980).

Importante destacar que não é um problema de pesquisa algo que se pode resolver pela intuição, pela tradição, pelo senso comum ou pela simples especulação. Algumas questões podem ser úteis para constatar em que condições o problema proposto poderá ser investigado, são eles: “o tema é de interesse do pesquisador?; o problema apresenta relevância teórica e prática?; a qualificação do pesquisador é adequada para seu tratamento?; existe material bibliográfico suficiente e disponível para seu equacionamento e solução?;  o problema foi formulado de maneira clara, precisa e objetiva?; o pesquisador dispõe de tempo e objetiva?; o pesquisador dispõe de tempo e outras condições de trabalho necessárias ao desenvolvimento da pesquisa?” (GIL, 1996).

Segundo Vergara (2000) problemas de pesquisa devem apresentar relações entre variáveis que podem ser observadas ou manipuladas, além de serem testável cientificamente.

O problema de pesquisa envolve duas partes, a definição do problema (pergunta) e a hipótese de pesquisa (resultado esperado, ou seja, possível resposta para a pergunta).

Referências

Gil, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Ática, 1996.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa cientifica. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 1980.

Vergara, Sylvia C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3.ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2000.

Métodos de Investigação

No post sobre a Natureza da Investigação Científica, iniciamos a discussão sobre a definição de Problemas de Pesquisa. Agora, vamos seguir para o próximo passo: a escolha e aplicação do Método de Investigação.

No contexto da investigação científica, podemos definir “Método” como um conjunto de instrumentos e técnicas para recolher, organizar, analisar e comunicar os dados de uma investigação.

Por exemplo:

  • Para atender a um Método Quantitativo, podemos elaborar checklists ou testes de múltipla escolha como instrumentos de recolha de dados e análise estatística como técnica para analisar os dados;
  • Para atender a um Método Qualitativo, podemos elaborar guiões de entrevista ou um diário do investigador como instrumentos de recolha de dados e utilizar uma análise de conteúdo como técnica para analisar os dados;
  • Para atender a um Método Misto, podemos elaborar um questionário ou ficha de leitura como instrumentos de recolha de dados e utilizar uma análise de conteúdo e estatística como técnicas para analisar os dados.
  IMPORTANTE: A escolha do método depende dos objetivos de investigação.  

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estratégias QUALITATIVas

Segundo Creswell (2007), os processos qualitativos se baseiam em dados de texto e imagem, têm passos únicos na análise de dados e usam estratégias diversas de investigação. Vamos citar cinco delas:

Narrativa: recriação das histórias dos participantes. É solicitado a eles que discorram sobre o tema proposto, de acordo com uma ordem cronológica. Ao pesquisador cabe organizar estes dados e analisá-los.

Fenomenologia: análise de declarações significantes, em busca de sua “essência”. Há ênfase no indivíduo e em sua subjetividade.

Estudo de Caso:  individuais ou unidades molares que partilham uma característica em comum (família, comunidade) ou um amplo fenômeno social: Objetivo: ampliar a validade externa das mesmas (Aires, 2015).

Etnografia: estuda o compartilhamento de cultura de pessoas ou grupos, sem partir de pressupostos ou expectativas. O objetivo deste tipo de investigação é descobrir ou gerar uma teoria; não é provar nenhuma teoria determinada (Álvarez, 2011).

Teoria baseada na realidade: diferentemente do estabelecido pelo método científico tradicional, esta estratégia não se inicia com uma hipótese mas sim, a partir da coleta de dados, sua categorização e análise. O objetivo final é criar uma teoria a partir das análises realizadas.

Para escolher entre uma delas, é necessário levar em conta suas informações históricas, descrição, aplicações, o motivo dela ser apropriada e como influenciará os passos da pesquisa.

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O PAPEL DO INVESTIGADOR

Não é possível evitar a interpretação pessoal do investigador em todos os passos de uma pesquisa qualitativa; inclusive também há envolvimento de seus participantes. Sendo assim, o investigador precisa ter uma visão holística do fenômeno social estudado e, enquanto se aprofunda no tema, deverá refletir sobre sua própria prática e mudar protocolos ou questões de pesquisa, se preciso. Esta ação faz parte de toda pesquisa qualitativa, o que a torna única e dinâmica.

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instrumentos de recolha de dados

Neste post, vamos analisar dois instrumentos de recolha de dados, Entrevista e Questionário e uma técnica, a Observação, majoritariamente utilizados na pesquisa qualitativa:

1- Entrevista:

É uma conversa com os participantes da pesquisa, com o objetivo de verificar o sentido que atribuem a um determinado acontecimento do passado, ao seu cotidiano ou a um problema específico. As Entrevistas “são fundamentais quando se precisa/deseja mapear práticas, crenças, valores e sistemas classificatórios de universos sociais específicos, mais ou menos bem delimitados, em que os conflitos e contradições não estejam claramente explicitados” (Duarte, 2004).

Nesta conversa, o entrevistador (investigador) não propõe perguntas para o entrevistado; é o próprio entrevistador que deve, após a entrevista, ressignificar o que foi dito e responder às perguntas que surgirem.

Os tipos de entrevista são:

  • Semi-dirigida: Preparação de uma estrutura de entrevista, em função do objetivo pretendido.
  • Centrada: entrevistador guia a entrevista a partir de uma lista de tópicos
  • Em profundidade: utilizada no âmbito de histórias de vida

2- Questionário

É um instrumento de características mais positivistas, sendo muito mais exigente do que uma entrevista, pois é necessário estabelecer uma amostra representativa da população estudada e um conjunto de questões validadas por especialistas no assunto, a serem propostas aos participantes. O objetivo é conhecer esta população a partir da amostra selecionada e/ou entender um fenômeno social a partir da perspectiva destes participantes.

Os tipos de questionário são de:

  • Administração Indireta: o investigador preenche o questionário com base nas respostas do participante.
  • Administração Direta: o participante preenche o questionário diretamente.
  • Administração online: é disponibilizado um link do formulário para preenchimento online.

A perguntas de um questionário podem ser classificadas em perguntas abertas: o participante responde com suas próprias palavras; perguntas fechadas ou dicotômicas: são oferecidas alternativas de resposta; perguntas hierarquizadas: com múltiplas opções para serem assinaladas por ordem de importância, e perguntas em forma de lista: com múltiplas opções, porém as respostas devem apresentar um grau de intensidade crescente ou decrescente (Álvarez, 2011).

3- Observação

Na observação, “o pesquisador toma notas de campo sobre comportamento e atividades das pessoas no local de pesquisa” (Creswell, 2007). Com esta técnica é possível recolher a informação em tempo real, in loco e de forma espontânea, permitindo contato direto do investigador com o objeto ou fenômeno estudado.

Para realizar uma observação, o investigador precisa determinar onde será realizada, qual será o universo e a amostra, a frequência e os períodos de observação, quais serão os acontecimentos ou condutas a observar e qual formato será utilizado (Álvarez, 2011):

  • Esquema padronizado ou Flexível? Uma estrutura padronizada facilita a delimitação e seleção de situações relevantes, enquanto a flexível pode resultar em material espontâneo e levantar novas questões.
  • Observador participante ou sem interferência? Observador visível ou não visível? No modelo de observador participante, o observador deve se entregar sem restrições, viver, pensar e sentir como aqueles que se pesquisa; ou seja, se despersonalizar. Já o distanciamento (princípio de exclusão do observador) é a via de acesso a um conhecimento objetivado. O modelo de não interferência considera a neutralidade do sujeito como via de acesso ao saber. (Jaccoude e Mayer, 2008).
A observação também permite fazer triangulações, ou seja, logo após a observação, o investigador pode realizar entrevistas e assim obter várias fontes de dados. 

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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Quais seriam então os passos de um investigador qualitativo para organizar dados de pesquisa tão abrangentes e provenientes fontes complexas ou tão diferentes?

Podemos conferir abaixo:

Quadro 1. Passos de um investigador qualitativo. Elaborado por Priscilla Ribeiro baseado na obra de Creswell (2007).

Neste quadro, estão sistematizados seis passos gerais para orientação de um investigador após a coleta de dados para a pesquisa. Obviamente estes passos necessitam de adaptações e especificações, dependendo da estratégia de investigação utilizada.

Por exemplo, para um estudo de caso, o passo 1 “Organizar os dados” será realizado de forma diferente de uma pesquisa narrativa, pois partem de materiais de coleta de conteúdo e formatos diferentes.

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RESUMINDO…

Para sistematizar o que foi visto até aqui, consulte o Mapa Conceitual abaixo, elaborado sobre o tema (Clique sobre a imagem para ampliá-la).

Mapa Conceitual “Métodos de Investigação”.

REFERÊNCIAS

Aires, L. (2015). Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa: Universidade Aberta. E-book disponível em http://hdl.handle.net/10400.2/2028

Álvarez, C. A. M (2011). Metodología de la investigación cuantitativa y cualitativa. Guia didáctica. Disponível em https://www.uv.mx/rmipe/files/2017/02/Guia-didactica-metodologia-de-la-investigacion.pdf

Creswell, J.W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed.

Duarte, R. (2004). Entrevistas em Pesquisas Qualitativas. Educar, n. 24, p. 213-225. Curitiba, Editora UFPR.

Jaccaud, M.; Mayer, R (2008). A observação direta e a pesquisa qualitativa. In A pesquisa qualitativa : enfoques epistemológicos e metodológicos. tradução de Ana Cristina Nasser – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

Investigação- Conhecimento Prévio Aluna: Maria Aparecida dos Santos Sousa

Todo acadêmico já se deparou com um trabalho investigativo, mesmo de forma modesta. Impossível iniciar um trabalho acadêmico, sem o levantamento de pesquisa científica. Eu particularmente conclui duas graduação e uma pós graduação Latu sensu, todas na área de educação e todas exigiram trabalhos investigativos. Na minha primeira formação acadêmica, onde cursei Licenciatura em Biologia, realizei no final de graduação, um trabalho dissertativo, como forma de conclusão do curso, cujo tema foi: “O Papel da Reciclagem no Desenvolvimento Sustentável em Comunidade Carentes, do Município de Jacobina-BA”. Na segunda graduação, cursei Licenciatura em Artes Visuais, no final da graduação pude investigar, o “Tema Transversal Meio Ambiente no ensino das Artes Visuais, em Escolas Públicas de Santa Catarina-BA”. Na minha Especialização em Educação Ambiental, dei continuidade ao meu trabalho investigativo na área de reciclagem, contudo com outro público, o trabalho teve o seguinte título: “A Reciclagem como Subsídio para o Desenvolvimento de Trabalhos Artísticos com Doentes Mentais, no CAPS II, no município de Jacobina-BA”. Neste curso de Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais, fugirei um pouco da temática sobre a reciclagem, embora ainda seja possível incluí-la no estudo pois pretendo estudar a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino de Artes da Educação Básica. E ensino de Artes nas escolas públicas, me remete ao envolvimento da reciclagem, no fazer artístico, todavia, este está longe de ser o objeto de estudo. Gostaria realizar um trabalho investigativo sobre a influência da tecnologia no ensino de Artes da Educação Básica e como a tecnologia pode contribuir para ampliar o conhecimento artístico através de treinamento dos professores através da modalidade E-Learning, e em contrapartida, contribuir para um ensino de qualidade. Para o desenvolvimento de um trabalho investigativo se faz necessário inicialmente a formulação de um problema, esta parte creio que já disponho, de agora em diante se faz necessário muita pesquisa a fim de apontar os meios para se chegar a um resultado satisfatório.