Romanelli & Biasoli-Alves (1998) afirmam que a relação desejada entre o quantitativo com o qualitativo pode ser considerada complementar. Ou seja, enquanto o quantitativo se ocupa de ordens de grandezas e as suas relações, o qualitativo é um quadro de interpretações para medidas ou a compreensão para o não quantificável.

Para Ortí (1994) a relação entre métodos quantitativos e qualitativos pode ser considerada uma “relação de complementaridade por deficiência, que se centra precisamente através da demarcação, exploração e análise do território que fica mais além dos limites, possibilidades e características do enfoque oposto.” p.89

Para Minayo (1994) as relações entre abordagens qualitativas e quantitativas demonstram que:

• “as duas metodologias não são incompatíveis e podem ser integradas num mesmo projeto;

• uma pesquisa quantitativa pode conduzir o investigador à escolha de um problema particular a ser analisado em toda sua complexidade, através de métodos e técnicas qualitativas e vice-versa;

• a investigação qualitativa é a que melhor se coaduna ao reconhecimento de situações particulares, grupos específicos e universos simbólicos.

Do ponto de vista epistemológico, depreende-se:

• que todo conhecimento do social (quantitativo ou qualitativo) só é possível por recorte, redução e aproximação;

• que toda redução e aproximação não podem perder de vista que o social é qualitativo e que o quantitativo é uma das suas formas de expressão;

• que, em lugar de se oporem, as abordagens quantitativas e qualitativas têm um encontro marcado tanto nas teorias como nos métodos de análise e interpretação.” p.32

Minaÿo (1994) afirma que é importante considerar que “dados aglomerados e generalizados nem sempre correspondem à realidade social que pretendem explicar e à qual propõe adequar.” p.32

Esse ponto de vista pode nos levar a pensar num outro critério para avaliar os trabalhos tanto quantitativos como qualitativos: pesquisas que tenham como objetivos a construção de um conhecimento que se preste, de uma ou de outra forma, a melhorar o mundo que estamos. Em outras palavras, não teríam as pessoas de uma dada comunidade o direito de conhecer as pesquisas financiadas com verbas públicas para conhecer as suas possíveis contribuições sociais? Os critérios de relevância social não deveriam também contemplar as avaliações de qualidade das pesquisas?

Como afirma Bleger (1977), até mesmo a pesquisa por mais básica que seja tem que dizer ao que ela se atrela para construção de um conhecimento que se aplique às necessidades da humanidade.

Romanelli , G. ; Biasoli-Alves, Z.M.M. (1998) Diálogos Metodológicos sobre Prática de Pesquisa. Programa de Pós-Graduação em Psicologia da FFCLRP USP / CAPES ; R. Preto:Editora Legis-Summa)

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