O QUESTIONÁRIO, O FORMULÁRIO E A ENTREVISTA COMO INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Hoje, quando caminhava no bairro, fui interpelado por uma pesquisadora do Datafolha.

Após as considerações iniciais, ligadas à questão ética, vieram as perguntas do extenso questionário. “Ô” coisa chata responder em pé na calçada. Não poderia ser em uma padaria?

Primeiro faz-se um inventário do entrevistado. Quantos veículos possui, quantos banheiros tem na casa, geladeira, freezer, micro-onda, máquina de lavar, secadora, lavadora de louças, notebook, celular, tem gato, cachorro, periquito, ufa!

Depois vem o principal, com uma série de perguntas tendenciosas que levam à escolha do banco digital ideal. Uau!

Foi aí que eu me revoltei (de novo) e disse que a ordem das questões estava equivocada. Mas a pesquisadora (ou seria entrevistadora?) nada podia fazer a não ser seguir o script. Sendo assim, numa escala de 0 a 10, falei para ela anotar 5 em tudo.

Quando eu achei que tinha terminado ela veio com a pérola das pérolas: “Você é o chefe da casa?” Pqp (desculpe a nossa falha intencional), como assim garota? Estamos no século XXI e você me pergunta isso? Me reservo o direito de permanecer em silêncio.

A gente lê Andrade (2009), Bertucci (2008), Lakatos (2003), Gil (2002), Prodanov (2013), Silva, (2001), entre outros e aprende que: “A coleta de dados pode ser considerada um dos momentos mais importantes da realização de uma pesquisa”.

E agora José? Como diria Carlos Drumont de Andrade…

Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão?

Investigadores argumentam que ambas as pesquisas (qualitativa e quantitativa) apresentam prós e contras. O método escolhido pelo investigador deve se adequar à pergunta de uma determinada pesquisa. O cientista social deve considerar a variabilidade do comportamento e dos estados subjetivos. Sob a ótica das ciências sociais é preciso observar o comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real, criar situações artificiais e observar o comportamento diante dessas situações e perguntar às pessoas sobre o seu comportamento. As vantagens e desvantagens estão ligadas à qualidade dos dados obtidos, às possibilidades da sua obtenção e à maneira de sua utilização e análise. O que une os diversos métodos é o fato de todos partirem de perguntas essencialmente qualitativas. Um pesquisador rotulado de quantitativo dificilmente exclui o interesse em compreender as relações complexas. Na pesquisa qualitativa a coleta de dados pode ocorrer por entrevista focalizada, semipadronizada, centrada em um problema, centrada no contexto, narrativa, episódica, em grupo, discussão em grupo e narrativa em grupo. A questão não é colocar a pesquisa qualitativa versus a pesquisa quantitativa e sim considerar os recursos materiais, temporais e pessoais disponíveis para lidar com a pergunta científica.

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Paradigma

Paradigma, palavra derivada do grego “paradeigma” que significa padrão, exemplo, modelo a ser seguido. O conceito de paradigma nos remete aos modelos de comportamento que regem a sociedade. Segundo Silva e Pinto (1986) o paradigma é “um conjunto de princípios, teorias, estratégias metódicas e resultados cruciais que servem de modelo ou quadro orientador às pesquisas produzidas na sua área”. Os paradigmas são mais facilmente perceptíveis quando um novo modelo de ciência se instaura. Um exemplo é a evolução dos modelos atômicos, desde o átomo indivisível ao modelo quântico atual. O paradigma positivista resulta da associação de várias correntes de pensamento derivadas da Revolução Científica, do Iluminismo e da Revolução Industrial. Enfatiza o determinismo, a racionalidade, a impessoalidade, a inflexibilidade e a previsão. O paradigma interpretativo substitui as noções de explicação, previsão e controle por compreensão, significado e ação. Adota uma posição relativista e valoriza o papel do investigador. O paradigma crítico considera o caráter emancipatório e transformador das organizações e processos educativos. Cada ator social vê o mundo através da sua racionalidade.

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Revisión de la literatura y fundamentación teórica

Revisar a literatura envolvida, escolher, analisar criticamente e relatar dados já existentes sobre o tema. Consiste em localizar e resumir a informação existente acerca de um problema. Deve ter-se em conta a pertinência e a qualidade e não a quantidade a escolher as referências bibliográficas a revisar a literatura. A revisão da literatura deve ajudar a formular o problema de investigação evitando duplicidade. Ajuda a definir sua praticabilidade e pode fornecer sugestões metodológicas. As fontes podem ser factuais, estatísticas, opiniões, pontos de vista ou comentários pessoais. As fontes podem ser primárias quando foram escritas pelo investigador referente às suas próprias experiências, ou secundárias quando foram escritas por outros autores. O processo de construção da concepção do projeto tem a função de dar ao investigador a perspectiva do projeto. Implica na criação de conceitos que são os símbolos dos fenômenos abstraídos da realidade da qual fazem parte. Tais conceitos não são os fenômenos em si, mas um marco de referência. O fato é uma construção lógica de conceitos. O referencial teórico amplia a descrição e análise do problema, orienta a organização de dados significativos para descobrir as relações do problema com as teorias existentes e conecta a teoria com a investigação.

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O que é a ciência?

NOTA: esta publicação reúne conhecimentos meus enquanto professora de Filosofia no ensino secundário, sobre a natureza do conhecimento científico e a leitura de bibliografia da disciplina de Metodologia de Investigação I

Aquilo que para nós é hoje a ciência é o resultado de um longo processo de construção e de evolução epistemológico, resultante da procura humana de uma forma de conhecimento da realidade que lhe ofereça garantias de fiabilidade, de certeza, quanto à verdade dos conhecimentos que produz. Poderíamos dizer que a ciência, ou o espírito científico, nasceu com os primeiros filósofos na Grécia Antiga, que rejeitando o pensamento mitico-religioso que dominava a compreensão dos fenómenos naturais e regulava as relações humanas, procuraram eliminar o sentido sobrenatural contido nessas explicações. Foi assim que os primeiros filósofos da natureza, procuraram construir as suas explicações cosmológicas sobre a origem, a partir da procura de uma arqué, ou substância primordial, que era uma substância natural e já não uma entidade divina, a partir da qual tudo se formou. Procuraram essas explicações integrando as bases daquilo que hoje reconhecemos ser o aspeto central de uma ciência: 

  • Uma explicação teórica de caráter racional e lógico, que visa a possibilidade de explicar e prever os fenómenos; 
  • Um conhecimento assente na observação da realidade, a partir da qual se elaboram construções teórica. 

Foi assim, por exemplo, que Tales, observando fósseis de animais marinhos em zonas de montanha secas, concluiu a importância da água nos processos biológicos e recorrendo ao argumento de que este elemento da matéria pode assumir os 3 estados (sólido, líquido e gasoso) a postulou como origem de tudo. Esta forma de pensamento “científico” embrionário, fez com que, desde sempre a história da ciência e a da filosofia se tivessem encontrado ligadas. René Descartes, o filósofo que é, muitas vezes, considerado o pai da época moderna, coloca a ciência, ou as ciências como ramos do saber que assentam na metafísica (filosofia), assumindo a filosofia como a mãe das ciências.

Não obstante isso, o conceito de ciência (ou conhecimento científico) foi-se definindo ao longo dos tempos num processo de autonomização e afastamento em relação à filosofia, e também à fé e foi tentando afirmar-se cada vez mais como uma forma de conhecimento positiva. Este aspeto foi particularmente notório na época de Galileu e Copernico, durante o qual a ciência procura lutar contra a forma de pensamento assente essencialmente no argumento de autoridade em que se fundamentam os fenómenos religiosos, bem como distanciar-se da natureza reflexiva, especulativa e literária assumida pela filosofia. A preocupação de Galileu com a construção do telescópio com o qual irá fazer as observações que lhe permitirão sustentar a tese heliocêntrica, afrontando a Igreja e o modelo geocêntrico são um momento marcante da luta da ciência na afirmação da importância da sua natureza empírica e positiva. 

Assim, vemos hoje que a ciência se apresenta hoje como uma atividade ou processo de investigação sistemático e metódico, que visa produzir um conhecimento teórico-explicativo, de caráter objetivo e rigoroso da realidade, que possa cupmprir o objetivo de descrever a realidade, e as suas diferentes manifestações, tal como ela é, de  explicar como e por que é que os fenómenos ocorrem como ocorrem, de modo a fornecer a possibilidade de prever e controlar a sua ocorrência. 

A ciência destaca-se assim de outras formas de conhecimento pela sua natureza metódica e é no método que, de acordo com muitos investigadores se centra a sua diferença epistemológica. Este método deve garantir que a ciência responda a duas exigências centrais: 

  • a exigência de racionalidade e de coerência interna, uma vez que as teorias se constituem como conjuntos de conceitos e de relações entre conceitos, de leis e de relações entre leis que devem poder ser verdadeiras e racionalmente sustentáveis.   
  • a exigência de concordância com a realidade empiricamente observada, com a qual as teorias explicativas devem ser confrontadas  por meio de uma observação atenta e intencional dos factos. 

Características da ciência: 

  • Objetiva: descreve (ou procura descrever) a realidade tal como ela é e não a partir de uma perspetiva pessoal.
  • Empírica: assente nos dados recolhidos da observação dos fenómenos.
  • Racional:  procura de explicações coerentes, assentes na razão e na lógica, 
  • Replicável: garante que todos os sujeitos irão obter os mesmos resultado quando colocados nas mesmas condições de observação. 
  • Sistemática: preocupa-se com a ordenação e organização dos conhecimentos num sistema global, integrado e coerente. 
  • Metódica: resulta da aplicação consciente e rigorosa de um conjunto de procedimentos e técnicas de investigação, reconhecidos pela comunidade científica como adequados.   
  • Comunicável: preocupa-se com a clareza e precisão conceptual na forma como se expressa, recorrendo a uma linguagem técnica. 
  • Analítica: desmonta a complexidade e globalidade do real, segmentando-a e estudando-a na sua especificidade. 
  • Cumulativa: partindo de conhecimentos científicos estabelecidos anteriormente, evolui e progride continuamente. 
  • Revisível: possui mecanismos internos de revisão e correção dos conhecimentos estabelecidos, sempre que novos dados exigem a sua reformulação ou eliminação. 

Referências: 

Almeida, S. A., Freire, T.(2003). Metodologia de Investigação em Psicologia e Educação, (pp.17-33).Braga:Psiquilíbrios. 

Lukas, J. F, & Santiago, K.(sem data) Evaluación Educativa, (pp.15-23) Madrid:Alianza Editorial.


Revisão bibliográfica

Após situar o problema torna-se necessário reunir e analisar o que já se conhece sobre o assunto. A revisão bibliográfica é importante para se definir e enquadrar o referencial teórico para a investigação. Serve também para a obtenção de indicações e sugestões importantes tendo em vista a definição do plano de investigação. A revisão bibliográfica permite verificar o conhecimento que se tem do tema, como por exemplo, se o problema já foi solucionado ou o que falta para isso. Permite também conhecer a metodologia de investigação mais frequentemente usada para abordar o problema em questão. Sem contar com as questões deixadas em aberto, os erros metodológicos e reducionismos em que incorreram os estudos anteriores.

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Planteamiento del problema

Levantar um problema é refinar e estruturar a ideia de pesquisa de forma mais formal.
A abordagem para o problema às vezes pode ser imediata, quase automática ou levar um tempo considerável. Isso depende de quão familiar o pesquisador está com o assunto a ser abordado, a própria complexidade da ideia, a existência de estudos de fundo, a pesquisa do pesquisador, a abordagem escolhida (quantitativa, qualitativa ou mista) e suas habilidades pessoais.
Primeiro, é necessário formular o problema específico em termos concretos e explícitos, de modo que seja susceptível de ser investigado por procedimentos científicos.
Os elementos necessários para a abordagem do problema são: listar os objetivos, elaborar as perguntas da investigação, justificar o projeto e estudar sua viabilidade.
Para tanto é preciso ter clareza do que se pretende, analisar a possibilidade de coleta de dados e verificar a relação entre as variáveis.
Os objetivos da investigação destinam-se a apontar o que se pretende na investigação e devem ser claramente expressos.
As perguntas formuladas podem ser mais ou menos gerais, mas na maioria dos casos devem ser mais específicas. Além disso devem orientar o que se busca na investigação.


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How to Choose a Good Scientific Problem

A escolha de um bom problema é essencial para se tornar um bom cientista. Mas o que é um bom problema e como escolhê-lo? Uma boa escolha significa descobrir novos conhecimentos de forma competente e fascinante. Para escolher um problema científico, o ponto de partida é a viabilidade, ou seja, ele é difícil ou fácil, para o tempo esperado para concluir o projeto. Depende da habilidade do pesquisador e da tecnologia disponível. Problemas que são fáceis no papel são muitas vezes difíceis na prática, e os problemas que são difíceis no papel são quase impossíveis na prática. Geralmente valoriza-se a ciência que se aventura em águas profundas. Com isso os problemas que aumentam o conhecimento verificável são os de maior interesse. Para decidir qual problema selecionar é preciso pensar nas duas frentes: viabilidade e o que se esperar obter de conhecimento. Por exemplo, um estudante de pós-graduação iniciante precisa de um problema que seja fácil, dê feedback positivo e possa reforçar a confiança do pesquisador. Um erro comum cometido na escolha de problemas é tomar o primeiro problema que vem à mente. A escolha rápida conduz a muita frustração e amargura. Leva tempo para encontrar um bom problema. Mas as semanas dedicadas à escolha, podem economizar meses ou anos mais tarde. Se o pesquisador tiver a sorte de ter mentores atenciosos, ele poderá ouvir a voz interior a lhe direcionar a escolha. Uma maneira de ajudar a ouvir a voz interior é perguntar: ”Se eu fosse a única pessoa na Terra, em qual problema eu trabalharia?” Em resumo, o pesquisador deve encontrar seu tempo para encontrar os problemas disponíveis, o que é mais viável e mais interessante.

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A seleção do Problema

A formulação de um problema deve estabelecer uma relação entre duas ou mais variáveis, ser clara e sem ambiguidade, formulada em forma de questão, ser testável e não representar atitude moral ou ética. O primeiro passo é delimitar a amplitude do problema. Para tanto é útil recorrer a esquemas para classificá-lo.

Inputs disponíveis Atividade e organização do ensino Antecipação dos resultados
Estudantes prospectivos Seleção Satisfação das necessidades da sociedade
Professores prospectivos Programa Satisfação das necessidades individuais
Atitudes Currículo Mudança de atitude
Mercado de trabalho Relação professor/aluno Mudança social
Relações institucionais Escolha de carreira Aquisição de competências
Desenvolvimento de carreira Serviços  

Por exemplo, considerando o “Desenvolvimento de Carreira” (coluna 1) com “Serviços” (coluna 2) e “Satisfação das Necessidades Individuais” (coluna 3) temos a seguinte formulação: – “A orientação de grupo é tão eficaz como a orientação individual para facilitar as escolhas apropriadas de carreira”? Outro exemplo, considerando agora “Estudantes prospectivos” (coluna 1) com “Escolha de carreira” (coluna 2) temos a seguinte formulação: – “A orientação de grupo é mais eficaz para facilitar as escolhas de carreira apropriadas, entre os estudantes com objetivos claramente definidos, ou entre os estudantes sem objetivos claramente definidos”? A investigação em sala de aula deve considerar as características do material de ensino, as características do professor e aluno, o comportamento do aluno frente a aprendizagem, a inteligência e a ansiedade do aluno e as características da tarefa. Ao escolher um problema considere a aplicabilidade, exigência, amplitude crítica, extensão, complexidade, valor teórico e potencial contribuição para a compreensão do fenômeno.

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Standards of Validation and Evaluation

Definir “Padrões de validação e avaliação” em educação não é tarefa fácil. É importante verificar critérios de validade e fidedignidade da pesquisa qualitativa. Diversas tentativas foram feitas no sentido de adotar os critérios advindos da pesquisa quantitativa, notadamente experimental. Novos critérios e nova compreensão do que significa validade e fidedignidade tiveram de ser desenvolvidos. Novos termos para definir se o achado qualitativo é “merecedor de confiança” ou confiável incluem concordância sobre a veracidade da análise feita. As interpretações são limitadas e a própria verdade é questionada. Estratégias de validação são descritas e incluem o papel do orientador ou do grupo de pesquisa na verificação crítica da confiança dos resultados da pesquisa, na identificação do viés do pesquisador, dentre outros. A fidedignidade pode ser compreendida em métodos qualitativos como uma medida possível em que os critérios utilizados para análise dos dados concordam e em qual medida. Outra questão importante é a avaliação da “honestidade” ou “autenticidade” do texto elaborado para a pesquisa. O papel do participante, ou colaborador, é fundamental neste sentido, e a consulta a ele envolve diferentes métodos a depender do delineamento qualitativo utilizado. É importante que a “validade” e “fidedignidade” de estudos qualitativos sejam verificadas. Neste sentido, o acesso à literatura anterior pode permitir ao pesquisador encontrar autores que propõem alternativas que sejam viáveis às perspectivas epistemológicas de diferentes pesquisas e delineamentos.

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Conceito de Ciência

Mapa Conceptual do Conhecimento Cientifico

Segundo os autores, Almeida & Freire, (2003,p.19)  “O termo ciência, do latim scientia, significa “conhecimento, doutrina, erudição ou prática”.  (Arnal et al., 1992). Progressivamente foi acrescentado o caráter sistemático ou organizado de tal conhecimento. Hoje podemos definir ciência por um “conjunto organizado de conhecimentos sobre a realidade e obtidos mediante o método científico” (Bravo, 1985). Na descrição deste método importa salvaguardar o seu caráter empírico, diferenciando este conhecimento de especulações ou abstrações.”

A ciência pode definir-se por um modo de conhecimento rigoroso, metódico e sistemático que pretende otimizar a informação disponível em torno de problemas de origem teórica e/ou prática (Arnal et al. 1992), sendo a sua principal função a compreensão, explicação, predição e controle de fenômenos. Assim, e cada vez mais, a ciência apoia a tomada de decisões e os processos de mudança da realidade.”Almeida & Freire, (2003, p.19)

 Caraterísticas do conhecimento Científico

Segundo Almeida & Freire (2003, p. 21,22) “apontam que o conhecimento científico é, por inerência, mais organizado, sistemático e preciso na sua fundamentação. Assiste-lhe, ainda caraterísticas de racionalidade e objetividade. É um conhecimento obtido através do método científico, e de entre as suas caraterísticas, podemos salientar as seguintes:

Objetivo: descreve a realidade como ela é ou pode ser, mesmo que falível e apenas temporariamente correto, mas nunca como gostaríamos que fosse:

Empírico: Sempre baseado na experiência, nos fenômenos e fatos;

Racional: mais assente na razão e na lógica do que na intuição;

Replicável: as mesmas condições, em diferentes locais e com diferentes experimentadores, deve replicar os resultados, ou a sua comprovação pode ser feita por pessoas distintas e com circunstâncias diversas;

Sistemático: conhecimento organizado, ordenado, consistente e coerente nos seus elementos, os quais formam uma totalidade coerente e integrada num sistema mais amplo;

Metódico: conhecimento obtido através de procedimentos e estratégias fiáveis, mediante planos metodológicos rigorosos;

Comunicável: conhecimento claro e preciso na sua significação, reconhecido e aceite pela comunidade científica;

Analítico: procura ir além das aparências, procura entrar na complexidade e na globalidade dos fenómenos;

Cumulativo: conhecimento que se ensaia, constrói e estrutura a partir dos conhecimentos científicos anteriores.”

Conceito de Ciência

Segundo os autores, Almeida & Freire, (2003,p.19)  “O termo ciência, do latim scientia, significa “conhecimento, doutrina, erudição ou prática”.  (Arnal et al., 1992). Progressivamente foi acrescentado o caráter sistemático ou organizado de tal conhecimento. Hoje podemos definir ciência por um “conjunto organizado de conhecimentos sobre a realidade e obtidos mediante o método científico” (Bravo, 1985). Na descrição deste método importa salvaguardar o seu caráter empírico, diferenciando este conhecimento de especulações ou abstrações.”

A ciência pode definir-se por um modo de conhecimento rigoroso, metódico e sistemático que pretende otimizar a informação disponível em torno de problemas de origem teórica e/ou prática (Arnal et al. 1992), sendo a sua principal função a compreensão, explicação, predição e controle de fenômenos. Assim, e cada vez mais, a ciência apoia a tomada de decisões e os processos de mudança da realidade.”Almeida & Freire, (2003, p.19)

 Caraterísticas do conhecimento Científico

Segundo Almeida & Freire (2003, p. 21,22) “apontam que o conhecimento científico é, por inerência, mais organizado, sistemático e preciso na sua fundamentação. Assiste-lhe, ainda caraterísticas de racionalidade e objetividade. É um conhecimento obtido através do método científico, e de entre as suas caraterísticas, podemos salientar as seguintes:

Objetivo: descreve a realidade como ela é ou pode ser, mesmo que falível e apenas temporariamente correto, mas nunca como gostaríamos que fosse:

Empírico: Sempre baseado na experiência, nos fenômenos e fatos;

Racional: mais assente na razão e na lógica do que na intuição;

Replicável: as mesmas condições, em diferentes locais e com diferentes experimentadores, deve replicar os resultados, ou a sua comprovação pode ser feita por pessoas distintas e com circunstâncias diversas;

Sistemático: conhecimento organizado, ordenado, consistente e coerente nos seus elementos, os quais formam uma totalidade coerente e integrada num sistema mais amplo;

Metódico: conhecimento obtido através de procedimentos e estratégias fiáveis, mediante planos metodológicos rigorosos;

Comunicável: conhecimento claro e preciso na sua significação, reconhecido e aceite pela comunidade científica;

Analítico: procura ir além das aparências, procura entrar na complexidade e na globalidade dos fenómenos;

Cumulativo: conhecimento que se ensaia, constrói e estrutura a partir dos conhecimentos científicos anteriores.”

Este post excepto o mapa conceptual, é parte integrante da Obra Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação de Almeida & Freire, Edição da Psiquilíbrios, Braga

BIBLIOGRAFIA:

Almeida, T.; Freire, L.S. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Edição da Psiquilíbrios, Braga.

Investigação- Conhecimento Prévio Aluna: Maria Aparecida dos Santos Sousa

Todo acadêmico já se deparou com um trabalho investigativo, mesmo de forma modesta. Impossível iniciar um trabalho acadêmico, sem o levantamento de pesquisa científica. Eu particularmente conclui duas graduação e uma pós graduação Latu sensu, todas na área de educação e todas exigiram trabalhos investigativos. Na minha primeira formação acadêmica, onde cursei Licenciatura em Biologia, realizei no final de graduação, um trabalho dissertativo, como forma de conclusão do curso, cujo tema foi: “O Papel da Reciclagem no Desenvolvimento Sustentável em Comunidade Carentes, do Município de Jacobina-BA”. Na segunda graduação, cursei Licenciatura em Artes Visuais, no final da graduação pude investigar, o “Tema Transversal Meio Ambiente no ensino das Artes Visuais, em Escolas Públicas de Santa Catarina-BA”. Na minha Especialização em Educação Ambiental, dei continuidade ao meu trabalho investigativo na área de reciclagem, contudo com outro público, o trabalho teve o seguinte título: “A Reciclagem como Subsídio para o Desenvolvimento de Trabalhos Artísticos com Doentes Mentais, no CAPS II, no município de Jacobina-BA”. Neste curso de Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais, fugirei um pouco da temática sobre a reciclagem, embora ainda seja possível incluí-la no estudo pois pretendo estudar a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino de Artes da Educação Básica. E ensino de Artes nas escolas públicas, me remete ao envolvimento da reciclagem, no fazer artístico, todavia, este está longe de ser o objeto de estudo. Gostaria realizar um trabalho investigativo sobre a influência da tecnologia no ensino de Artes da Educação Básica e como a tecnologia pode contribuir para ampliar o conhecimento artístico através de treinamento dos professores através da modalidade E-Learning, e em contrapartida, contribuir para um ensino de qualidade. Para o desenvolvimento de um trabalho investigativo se faz necessário inicialmente a formulação de um problema, esta parte creio que já disponho, de agora em diante se faz necessário muita pesquisa a fim de apontar os meios para se chegar a um resultado satisfatório.

Problema, Hipóteses e Variáveis

Uma investigação inicia-se sempre com a definição de um problema. Toda investigação visa esclarecer uma dúvida, replicar um fenômeno, testar uma teoria ou buscar soluções para um dado problema. Assim, a primeira peça da pesquisa é a formulação do problema. O primeiro passo surge quando procuramos a resposta a uma pergunta. Segundo Tukey é preferível uma resposta aproximada à uma pergunta certa do que uma resposta exata à uma pergunta errada. O segundo passo é avaliar a qualidade e pertinência do problema identificado. Qual a sua relevância? O problema deve ser real, reunir condições de estudo, ser relevante para a teoria ou prática e formulado de forma clara e perceptível por outros pesquisadores. Situado o problema é necessário reunir e analisar o que já se conhece sobre o assunto. A revisão bibliográfica é importante para melhor enquadrar o referencial teórico para a investigação. A seguir são enunciadas as hipóteses ou soluções mais plausíveis para o problema. A formulação de hipóteses deve ser testável, se enquadrar nas hipóteses existentes da mesma área, justificável e relevante. Deve obedecer a princípios de clareza e parcimônia, ser suscetível de quantificação e generalização. Ao formular hipóteses é preciso identificar as variáveis e suas relações, trata-se de um passo importante na definição do modelo de análise do problema. As variáveis estão associadas ao modelo de investigação. No modelo experimental a preocupação está na ocorrência de um comportamento e na sua capacidade explicativa. No modelo correlacional o objetivo está em quantificar e relacionar as dimensões psicológicas. É preciso enunciar a variável, incluindo sua definição, qual aspecto melhor a descreve, que indicador a viabiliza e definir os índices a tomar sua medida. A variável pode ser independente, ou seja, identifica-se com a característica que o investigador manipula deliberadamente para conhecer o seu impacto em outra variável, dita dependente. Além destas existe a variável interveniente, que mesmo sendo alheia ao experimento influem no experimento podendo desvirtuá-lo. É também chamada de moderadora. Já a variável dita parasita, associada à variável independente, afeta os resultados da variável dependente (contaminação). Para apreciar a mensurabilidade de uma variável devemos considerar vários parâmetros, a frequência, a probabilidade, a duração, a intensidade e a qualidade de uma resposta. Finalmente, acerca da natureza das variáveis, temos as qualitativas que apenas descrevem sujeitos e situações e as quantitativas que exprimem em valores numéricos.

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Naturaleza de la investigación y evaluación em educación

Aliaga reconhece 5 tipos de conhecimento: senso comum, religioso-místico, artístico, filosófico e científico. Para cada um deles as fontes de informação são, respectivamente: experiência cotidiana, revelação e fé, intuição ou introspecção, pensamento e método científico. Uma das características que diferencia o conhecimento vulgar do científico é a forma com que se obtém o conhecimento. No conhecimento científico existe um método caracterizado por ser objetivo, racional, sistemático, fidedigno, baseado em fatos externos ao investigador, analítico, capaz de divulgação para a comunidade científica e sujeito a comprovação ou refutação. As etapas do método científico englobam a identificação da área de estudo, busca de informação relevante, formulação do problema, planejamento do projeto, formulação de objetivos, seleção do material para coleta de dados, execução do trabalho de campo, coleta de dados, análise dos dados e conclusão. A educação não é uma ciência natural e como tal não pode ser investigada da mesma forma. Neste caso a investigação deve ser realizada de forma mais ampla, tendo em conta os fatores que influenciam os fenômenos e situações educativas. Os controles rígidos de laboratório não são possíveis em educação e a verificação por replicação pode se tornar difícil. A cientificidade na educação não pode prescindir da interdisciplinaridade. Os problemas e soluções devem ser concebidos em contextos amplos que ultrapassam o âmbito da aula e o centro escolar. A abordagem dos problemas também passa pela Psicologia, Sociologia, Antropologia, Economia, Filosofia, etc.

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Les origines et l’évolution des sciences de l’éducation em pays francophones

A investigação científica em educação começou no final do século XIX e início do século XX. Alfred Binet foi o precursor da pesquisa científica na educação. Ele propôs uma análise científica em três pontos chaves: os programas de ensino, os métodos de ensino e as habilidades das crianças. Segundo Binet o método de comparação garante a natureza científica da medição da inteligência e validade dos testes, que consiste em perguntas cujo conteúdo é invariável e pode ser mensurada. A proposta de avaliação não é subjetiva e categorizada em bom, medíocre ou ruim, e sim por comparação com a escolaridade de crianças da mesma idade e condição social. Enquanto que na França o trabalho de Binet não teve a repercussão esperada, em outros países nomes como Decroly, na Bélgica, Maria Montessori, na Itália, Claparède, na Suíça, surgiram com trabalhos marcantes. Entre eles “Introdução à Educação Quantitativa” de R. Buyse, “Il método dela pedagogia scientifica aplicado all’educazione infantil nelle case dei bambini” de Montesori, “Psicologia Infantil e Pedagogia” de Claparède. O período pós I Guerra Mundial teve vários movimentos educativos como a publicação, em 1923, das Instruções Oficiais para os programas e métodos da escola primária. Obras como “Experimentação na pedagogia” de R. Buyse, “O método científico em pedagogia” de T. Jonckheere e “Investigação pedagógica” de A. Planchard, colocam os fundamentos da investigação científica na educação. Após a II Guerra Mundial até 1953 tivemos outro período de pesquisas no campo pedagógico até a realização do primeiro encontro de pesquisadores em 1953, organizado por Robert Dottrens em colaboração com a Universidade de Lyon. A “Enciclopédia universalis” publicada em 1968 e o “Dicionário da Linguagem Pedagógica” publicado em 1971 ainda não continham a expressão “ciências da educação”, que embora tenha sido usado em 1912 abrangia uma área limitada da educação, voltada para a psicologia infantil, crianças difíceis ou anormais e formação de professores. As “Ciências da Educação” são compostas por todas as disciplinas que estudam as condições de existência, funcionamento e evolução das situações e fatos educacionais. A educação nos dias atuais não é mais apenas aquilo que se aprende na escola. Há uma outra “escola paralela” que não depende da relação professor-aluno, Técnicas modernas como audiovisual, mídia, games, internet estão presentes no dia a dia do aluno.  Uma situação educacional envolve uma série de organizações e serviços, mas também envolve o ambiente familiar, a comunidade e a vizinhança. O pesquisador nas ciências da educação implementa métodos e visa resultados de natureza científica. As áreas de estudo em educação podem ser vistas como: situações do passado (educação na Grécia), situações contemporâneas do pesquisador e situações dinâmicas em que ocorre a ação educacional. Os tipos de situação correspondem aos tipos de conhecimento: conhecimento psicológico ou testemunho, conhecimento reflexivo e filosófico, conhecimento taxonômico ou diagnóstico, conhecimento experimental e conhecimento estatístico. As fontes em ciências da educação são numerosas e variadas: prática pedagógica, serviços de documentação, pesquisas relacionadas às ciências da educação, todos os resultados do trabalho, reflexões e discussões de natureza filosófica, histórica e política.

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A investigação em Psicologia e Educação

O que diferencia o conhecimento científico do conhecimento vulgar? O conhecimento vulgar carece de questionamentos, de porquês, de método, e geralmente é transmitido de geração para geração. O conhecimento científico analisa os fenômenos, busca explicações, formula hipóteses, busca reprodutibilidade. Aprendi a cozinhar com minha mãe e ela, por sua vez, aprendeu com a minha avó. Trata-se de um conhecimento passado de geração a geração, de forma espontânea e sem a preocupação do questionamento. Por que usamos fermento para fazer o bolo crescer? Isso não importa, o que importa é que o bolo fique fofinho e saboroso. Já o saber científico é mais rigoroso, quer saber porque o bicarbonato de sódio, presente no fermento, faz o bolo crescer. Quais reações químicas estão envolvidas? Exige pesquisa e experimentação. Outro exemplo culinário do conhecimento vulgar é a adição de açúcar para tirar a acidez do molho de tomates. Minha mãe agia dessa forma, minha avó idem e eu também, até a página 2 (como se diz por aqui). Todo químico sabe que para neutralizar a acidez devemos usar um antiácido e o açúcar não atua como tal. No máximo ele mascara a acidez do molho. Passei a usar o bicarbonato de sódio para retirar a acidez do molho. A grande maioria das pessoas sabe que o ponto de ebulição da água é 100 ºC. Estudantes que residem em São Paulo, quando desafiados pelo professor para comprovar essa informação, constatam que isso não é uma verdade. Em São Paulo a água ferve a 97 ºC. Por quê? Estaria o termômetro descalibrado? A água conteria impurezas? Por que a prática não está de acordo com a teoria? Este experimento simples permite ao professor instigar os alunos a buscarem uma explicação plausível. A metodologia científica utilizada nas Ciências Naturais difere daquela utilizada em Ciências Sociais, Psicologia e Educação. Por exemplo, o modelo de aula adotado pelo professor P1 funciona muito bem para ele. Porém se o professor P2 resolver adotá-lo não há garantia que funcionará igualmente. Por quê? Por que os professores são diferentes, os alunos são diferentes e os conteúdos são diferentes. Cada professor deve procurar desenvolver o modelo de aulas que melhor se adeque à sua realidade e a realidade de seus alunos. Aqui a ciência não é exata, mesmo porque a vida não é uma ciência exata. Almeida e Freire (2003) mencionam três modalidades de investigação usados em Educação: quantitativo-experimental, quantitativo-correlacional e qualitativa. Nesta última, temos uma abordagem com observação direta, realização de entrevistas, atenção aos significados e aos contextos. Quando se indaga “o que aconteceu e como aconteceu?” a abordagem qualitativa investiga identificar, descrever e caracterizar, usando para isso questionário, entrevista e observação. Na abordagem quantitativa as perguntas são do tipo “por que aconteceu?”, “o que causou o fenômeno?”, “aconteceria o mesmo em circunstâncias diferentes?” aqui a investigação busca explicar, generalizar e estabelecer relações, usando metodologia correlacional, causal, experimental e quase experimental.

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