Técnicas de recolha de dados

Na literatura temos uma infinidade de autores que abordam o tema sobre recolha de dados, tais como:

Pardal & Correia (1995: 48) que consideram a técnica como “um instrumento de trabalho que viabiliza a realização de uma pesquisa”.

Lessard-Hérbert, Goyette & Boutin (1990) que indicam que o “pólo técnico” de uma investigação é representado pelo processo de recolha de dados sobre o “mundo real”, sendo este susceptível de ser observado, considerando a sua subjectividade.

Turato (2003: 153) que considera método, como sendo um conjunto de regras que elegemos num determinado contexto para se obter dados que nos auxiliem na explicação ou na compreensão dos constituintes do mundo.

Hegenberg (1976:111-115), para ele, método é o “caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado”. Leopardi (1999) corrobora a afirmação de Hegenberg, acrescentando no entanto que “exige a organização do conhecimento e experiências prévias”.

Quivy & Campenhoudt (1992: 188) utilizam o termo método como um “dispositivo específico de recolha ou de análise das informações, destinado a testes hipóteses de investigação”. 

Moresi (2003) define técnica de recolha de dados como “o conjunto de processos e instrumentos elaborados para garantir o registro das informações, o controle e a análise dos dados” 

Existem muitas contradições neste meio científico, contudo os autores tem em comum a definição de que para recolha de dados científicos é preciso técnicas em comum e bases, como afirma Boff:

"Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, 
é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão do mundo".
                                                       (Boff, 2002: 9)

Referências

Boff, L. (2002). Saber Cuidar. Ética do humano: compaixão pela terra. 8 ed. São Paulo: Vozes.

Galego, C.; Gomes, A. (2005). Emancipação, ruptura e inovação: o “focus group” como instrumento de investigação. Revista Lusófona de Educação, (5).

Hegenberg, L. (1976). Etapas da investigação científica. São Paulo: EPU-EDUSP.

Lessard-Hérbert, M., Goyette, G. & Boutin, G. (1990). Investigação Qualitativa: Fundamentos e Práticas. Lisboa: Instituto Piaget.

Moresi, E. (2003). Metodologia de Pesquisa. Programa de Pós-graduação stricto sensu em gestão do conhecimento e da tecnologia da informação da Universidade Católica: Brasília.

Pardal, L.; Correia, E. (1995). Métodos e Técnicas de Investigação Social. Porto: Areal.

Quivy, R.; Campenhoudt, L. (1992). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.

Turato, E. (2003). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. Petrópolis: Vozes.

Paradigma Investigativo- Modelo de Kuhn

Conceito de Paradigma foi criado por Thomas Kuhn:

Do grego para (ao lado) e digma (mostrar), mostrar ao lado é exemplificar com base na experiência não só de um sujeito, mas do outro que o cerca, que está ao lado.  Como lembra Coutinho, C., não há como passar pelo conceito de paradigma sem fazermos menção ao célebre historiador Thomas Kuhn (1922-1996), que, na obra A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), definiu o termo como um conjunto de crenças, valores, técnicas partilhadas pelos membros de uma dada comunidade científica e, em segundo, como um modelo para o “que” e para o “como” investigar num dado e definido contexto histórico-social. Quando um novo paradigma vem a substituir o antigo, ocorre aquilo que o teórico estadunidense chamou de “revolução científica” (KUHN, 1998).

Referências:

Coutinho, C. ( 2011 ). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática. Coimbra: Almedina.

Kuhn, T. ( 1998 ) A Estrutura das Revoluções Científicas. Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva.

Investigação- Conhecimento Prévio Aluna: Maria Aparecida dos Santos Sousa

Todo acadêmico já se deparou com um trabalho investigativo, mesmo de forma modesta. Impossível iniciar um trabalho acadêmico, sem o levantamento de pesquisa científica. Eu particularmente conclui duas graduação e uma pós graduação Latu sensu, todas na área de educação e todas exigiram trabalhos investigativos. Na minha primeira formação acadêmica, onde cursei Licenciatura em Biologia, realizei no final de graduação, um trabalho dissertativo, como forma de conclusão do curso, cujo tema foi: “O Papel da Reciclagem no Desenvolvimento Sustentável em Comunidade Carentes, do Município de Jacobina-BA”. Na segunda graduação, cursei Licenciatura em Artes Visuais, no final da graduação pude investigar, o “Tema Transversal Meio Ambiente no ensino das Artes Visuais, em Escolas Públicas de Santa Catarina-BA”. Na minha Especialização em Educação Ambiental, dei continuidade ao meu trabalho investigativo na área de reciclagem, contudo com outro público, o trabalho teve o seguinte título: “A Reciclagem como Subsídio para o Desenvolvimento de Trabalhos Artísticos com Doentes Mentais, no CAPS II, no município de Jacobina-BA”. Neste curso de Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais, fugirei um pouco da temática sobre a reciclagem, embora ainda seja possível incluí-la no estudo pois pretendo estudar a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino de Artes da Educação Básica. E ensino de Artes nas escolas públicas, me remete ao envolvimento da reciclagem, no fazer artístico, todavia, este está longe de ser o objeto de estudo. Gostaria realizar um trabalho investigativo sobre a influência da tecnologia no ensino de Artes da Educação Básica e como a tecnologia pode contribuir para ampliar o conhecimento artístico através de treinamento dos professores através da modalidade E-Learning, e em contrapartida, contribuir para um ensino de qualidade. Para o desenvolvimento de um trabalho investigativo se faz necessário inicialmente a formulação de um problema, esta parte creio que já disponho, de agora em diante se faz necessário muita pesquisa a fim de apontar os meios para se chegar a um resultado satisfatório.

Natureza da Investigação Científica

As pesquisas descritiva, exploratória e explicativa são classificações da investigação científica que variam de acordo com o objetivo pretendido. As três utilizam métodos de pesquisa diferentes para atender os objetivos da pesquisa e podem ser processadas de modo integrado, no intuito de obter uma melhor análise dos dados coletados.

pesquisa exploratória consiste em ter uma maior proximidade com o universo do objeto de estudo pesquisado. Ela é a pesquisa que visa, através dos métodos e dos critérios, oferecer informações e orientar a formulação das hipóteses do estudo. Ela visa a descoberta dos fenômenos ou a explicação daqueles que não eram aceitos, mesmo com as evidências apresentadas. Um bom exemplo de pesquisa exploratória são os estudos de caso, pois eles evidenciam a constatação de fenômenos ocorridos nos experimentos em campo ou no laboratório.

Já a pesquisa descritiva realiza um estudo detalhado através de técnicas de coleta, visando uma análise e interpretação mais profunda destes dados; proporciona novas visões sobre uma realidade já conhecida.

pesquisa explicativa pretende justificar os fatores que motivam a ocorrência do objeto ou do fenômeno estudado. Ela é a pesquisa que relaciona teoria e prática no processo da pesquisa científica. Nas ciências naturais, por exemplo, é usado o método experimental, enquanto nas ciências sociais recorre-se ao método observacional.

Cabe ressaltar, por fim, que a pesquisa descritiva, combinada com a pesquisa exploratória, são as mais realizadas pelos pesquisadores sociais da atualidade. Por isso, é preciso se atentar às fronteiras cognitivas e metodológicas das fases de investigação, sabendo o momento de separar e combinar procedimentos.

Referências:

Almeida, L.; Freire, T. ( 2003 ). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilíbrios.