Técnicas de recolha de dados

          Há dois tipos de fontes para pesquisas científicas, os dados primários que consistem em estudos baseados em observação ou condução de entrevistas, ou seja, informações que o investigador obtém diretamente e os dados secundários em que o investigador obtém as informações através de pesquisas em livros, internet, jornais, base de dados, entre outros.

          As técnicas utilizadas para recolher dados devem ser escolhidas conformo tipo de estudo a ser desenvolvido, bem como conforme o tipo de investigação, qualitativa ou quantitativa. As principais técnicas de recolha de dados são:

a) Observação

          Aires coloca que “a observação é sistematicamente organizada em fases, aspectos, lugares e pessoas, relaciona-se com proposições e teorias sociais, perspectivas científicas e explicações profundas e é submetida ao controle de veracidade, objetividade, fiabilidade e precisão”. (2015).

          Na observação o investigador possui contato direto com as situações especificas, ou seja, analisa os participantes nos ambientes próprios, reais e as ações que desenvolvem. Ela pode ser utilizada tanto em uma investigação qualitativa quanto em uma investigação quantitativa.

          Na observação qualitativa o observador pode assumir os papéis de participante-como-observador, participante completo, observador-como-participante ou completamente observador. Esses papéis dependem da problemática colocada para a pesquisa, sendo que esta abordagem possui um caráter exploratório.

          Já na observação quantitativa, os procedimentos a serem utilizados requerem estruturação, tais como grelas padronizadas de registros, uma vez que tudo deve ser planejado, desde quem irá ser observado até o que se espera com a observação, assim deve-se ser utilizado instrumentos específicos para a recolha de dados ou de fenômenos.

b) Entrevista

          A entrevista é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas selecionadas cuidadosamente (Ketele, 1999).

          Aires coloca que “a entrevista nasce da necessidade que o investigador tem de conhecer o sentido que os sujeitos dão aos seus atos e o acesso a esse conhecimento profundo e complexo é proporcionado pelos discursos enunciados pelos sujeitos.” (2015).

          As vantagens da utilização da entrevista está em esta ser flexível para verificar se os entrevistados compreendem as perguntas, explorar as informações, recolher as interpretações dos entrevistados, recolher informações além de documentos, maior riqueza e profundidade dos elementos recolhidos. Sendo que, ao mesmo tempo, a própria flexibilidade do método exige mais tempo do pesquisador, a análise do conteúdo é mais difícil, algumas pessoas não conseguem verbalizar as ideias e pode haver respostas que não condizem com a realidade.

          As entrevistas podem ser classificadas como não estruturadas, o investigador não produz um guia anteriormente, desse modo ouve mais do que pergunta; semiestruturada, o entrevistado possui liberdade, mas já há a existência de um guia; e a estruturada, em que há questões previamente selecionadas e são cruciais para o entrevistador na recolha de dados.

          Em relação as questões, as mesmas podem ser abertas ou fechadas. Ao utilizar questões abertas, o entrevistado possui liberdade de justificar suas falas proporcionando mais detalhes nas recolhas de dados, além de facilitar as respostas, no entanto as respostas podem fugir do tema do entrevistado, além de ter informações irrelevantes. Ao utilizar questões fechadas, o entrevistado não possui a possibilidade de desenvolver sua resposta, desse modo poupa tempo, facilita a codificação das respostas e futuras comparações, mas também não obtém-se maiores detalhes.

          Segundo Creswell, há protocolos para as entrevistas e estas devem possuir “cabeçalho, instruções iniciais para o entrevistador, as principais questões de pesquisa, instruções para aprofundar as principais perguntas, questões alternativas para o entrevistador, espaço para registrar os comentários e espaço no qual o pesquisador registra notas reflexivas” (2007).

c) Análise documental

          Pode-se utilizar para pesquisas de recolha de dados tantos documentos oficiais quanto documentos pessoais. Os documentos oficiais proporcionam “informação sobre as organizações, a aplicação da autoridade, o poder das instituições educativas, estilos de liderança, forma de comunicação com os diferentes actores da comunidade educativa, etc. Já os documentos pessoais integram as narrações produzidas pelos sujeitos que descrevem as suas próprias acções, experiências, crenças, etc” (AIRES, 2015).

          A análise documental permite representar o conteúdo de um documento, não necessariamente um documento escrito, pode utilizar-se de fotografias, pinturas, mapas, áudios e vídeos, por exemplo. “A redução de dados implica a selecção, focalização, abstracção e transformação da informação bruta para a formulação de hipóteses de trabalho ou conclusões. A redução de dados realiza-se constantemente ao longo de toda a investigação. Estes dados podem ser reduzidos e transformados, quantitativa ou qualitativamente, de forma diferente. Neste último caso, utilizam-se códigos, resumos, memorandos, metáforas, etc” (AIRES, 2015).

          Necessário, aqui, atentar-se ao processo de validação dos dados, ou seja, verificar as fontes dos documentos utilizados, a credibilidade dos mesmos e das informações que contêm.

d) Questionário

          No questionário utiliza-se várias questões, com tema proposto pelo investigador, não havendo interação entre investigador e investigados necessariamente. Visa-se recolher dados de um grupo representativo da população em estudo.

          Os métodos de investigação incluem as escalas de medidas das perguntas, as respostas as perguntas e os tipos de perguntas utilizadas. Os objetivos desta técnica são: conhecer uma determinada população (condições e modo de vida, comportamentos, valores ou opiniões); analisar um determinado fenômeno social a partir de informações relativas aos indivíduos da população em questão.

          Há três tipos de questionário: o aberto, o qual utiliza questões de respostas abertas, proporcionando maior profundidade, porém mais dificultosa ao investigador no momento da análise dos dados; o fechado, utiliza questões fechadas que possibilitam a comparação com outros instrumentos, exige menos tempo e são objetivos; e o misto que possui questões abertas e fechadas.

          Necessário que o investigador elabore um plano para o questionário, uma vez que necessita saber quais perguntas irá utilizar, quais respostas precisa para as pesquisas, qual escala irá utilizar e quais técnicas utilizará para a análise dos dados.

Referências

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Tradução Luciana de Oliveira da Rocha. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

GIL, António Carlo. Como Elaborar Projectos de Pesquisa,  4ª  ed.  São   Paulo, Editora Atlas, 2008.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATO, Eva Maria. Metodologia  do  Trabalho Científico. 6ª ed, São Paulo, Editora Atlas, 2001.

MORAIS, Carlos. Descrição, análise e interpretação de informação quantitativa: Escalas de medida, estatística descritiva e inferência estatística. Bragança: Escola Superior de Educação – Instituto Politécnico de Bragança, s/d.

AIRES, L. Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa: Universidade Aberta, 2015.

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