Métodos, Instrumentos e Dados

O método é um dispositivo de recolha e análise de dados por técnicas e procedimentos previamente planejados. Para cada investigação há um método ideal como a entrevista, questionário ou observação. A entrevista é uma conversa intencional com o objetivo de colher fontes primárias para fundamentar a investigação. Nesse método há a possibilidade de conhecer a perspectiva do entrevistado, visando entender um contexto no qual o mesmo encontra-se inserido ou tenha vivenciado, através de perguntas planejadas e escuta das respostas. Sistematicamente, as entrevistas podem ser classificadas como semidiretiva, centrada ou em profundidade. A semidiretiva é realizada com poucas perguntas, garantindo a espontaneidade do momento. A centrada ou focalizada é planejada com uma lista de tópicos para analisar determinado fato. Já a entrevista em profundidade permitindo a conversa fluir mais adequada para analisar histórias de vida. O questionário visa recolher dados de forma mais ampla através de uma lista de perguntas. Por meio deste é possível classificar as respostas e até compor gráficos, gerando estatísticas das opiniões, valores, comportamentos e modos de vida pessoal ou profissional. O questionário pode ser por administração indireta quando o inquiridor completa as respostas obtidas ou direta por ser preenchido diretamente pelo inquirido, podendo ser enviado por e-mail ou aplicativo de mensagens, fato que representa um apoio tecnológico fundamental para amplitude do questionário, além da economia de tempo e custo. A observação é um método sem interação que visa ver e analisar o que se revela na conduta, nos comportamentos e nas relações sociais. Para aplica-la é preciso ser paciente, registrar ocorrências por escrito ou através de recursos audiovisuais (Costa, 2019).

                                         

Costa, F. (02 de dezembro de 2019). Aula sobre Métodos, instrumentos e técnicas de recolha de dados. Lisboa, Portugal.

Paradigma, pressupostos e perspectivas

O paradigma qualifica o ponto de partida como uma forma acadêmica de propor um problema. É um substantivo masculino que significa um exemplo ou padrão a ser seguido ou já estabelecido. Como um qualificador padrão atende a pressupostos e perspectivas que auxiliam a construção do conhecimento científico.

Os pressupostos podem ser ontológicos, epistemológicos e metodológicos. Ontológico é um adjetivo que faz referência à ontologia, ramo da metafísica que analisa as coisas existentes no mundo, a natureza do ser e a realidade. Epistemológico é um adjetivo relativo à epistemologia, à teoria do conhecimento, que analisa as relações entre sujeito (ser pensante) e objeto (ser inerte) ou entre outros indivíduos estudados. Metodológico é um adjetivo que diz respeito aos métodos, à ciência que se dedica ao estudo dos métodos, às normas e regras para a realização de uma pesquisa (Ribeiro & Neves, 2019).

Os dois principais pontos de vistas são classificados sob a perspectiva científica ou humanista. A perspectiva científica pertence a um espectro mais racionalista e positivista com o objetivo de aumentar o conhecimento, comprovando e mensurando matematicamente. A perspectiva humanista a uma visão humanista, naturalista e relativa com o objetivo de compreender os fenômenos e seus contextos (Costa, 2019).

Assim, podemos concluir que a educação deve ser investigada sob o ponto de vista humanista, para compreender quem, o que, porque e como interpretamos a realidade sob determinado contexto temporal, político, sociológico e naturalista. São humanos investigando, interpretando ou comparando outros humanos, estudando à sua própria espécie.

Costa, F. (19 de novembro de 2019). Aula sobre os paradigmas de investigação científica. Lisboa, Portugal.

Ribeiro, D., & Neves, F. (2019). Dicionário Online de Português. Fonte: https://www.dicio.com.br/

Problema: a pergunta de partida

Após definir o tema, deve- se formular a pergunta de partida: o problema, pois todo trabalho científico deve buscar soluciona-lo ou, simplesmente, responde-lo em prol de sua relevância acadêmica e social. Ademais, o problema deve ser próximo ser próximo da sua realidade e área de interesse, qualquer investigação é conduzida tendo em vista esclarecer uma dúvida, replicar um fenômeno, testar uma teoria ou buscar soluções para um determinado problema (Almeida & Freire, 2003).

Para direcionamento da pesquisa e revisão bibliográfica, o investigador pode iniciar o trabalho organizando um plano de análise para identificação de investigações anteriores e suas respectivas metodologias. Em seguida, a revisão bibliográfica pode ser ampla, facilitada pela pesquisa das palavras- chave em base de dados publicados em sites caracterizados pela idoneidade acadêmica. A revisão bibliográfica é fundamental para identificar o que já foi estudado, como foi estudado, quais os resultados alcançados e se há lacunas acadêmicas pertinentes.

Após esta etapa, é possível definir o referencial teórico da investigação. Ao tempo em que todas as leituras devem ser direcionadas para formulação das hipóteses que, de forma redundante e autoexplicativa, vislumbram responder hipoteticamente a pergunta de partida. Para Almeida & Freire (2003) as hipóteses podem ser dedutivas quando visam deduções implícitas das mesmas teorias ou indutivas quando se baseiam na observação ou reflexão da realidade. Assim, ao formular as hipóteses, o pesquisador identifica as variáveis e suas relações. As variáveis qualificativas permitem descrever sujeitos e situações, classificando-os por atributos ou categorias, já as variáveis quantitativas possuem características mensuráveis permitindo uma avaliação por diversos critérios, como de frequência, grau ou intensidade.

Nestes termos, podemos concluir que a definição do ponto de partida organiza a investigação, mapeando o caminho sistemático que devemos percorrer para solucionar o problema proposto.

Almeida, L. S., & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilíbrios.

O mapa e algumas considerações iniciais sobre Investigação

Para acrescentar ao presente blog, proponho a ampla visão de investigação de Raymund Quivy e LucVan Campenhoudt (2005) publicado no Manual de Investigação em Ciências Sociais. A pergunta de partida, denominada de problema, inicia a investigação, fruto de uma inquietação interna. Com base nas instruções de Quivy, R., & Campenhoudt, L. V. (2005), o problema deve se atentar as qualidades da clareza, exequibilidade e pertinência ao tema proposto. Delimitada a questão da pesquisa, deve ser iniciada a exploração ou revisão de literatura para identificação da metodologia apropriada para o tema, comparação de textos, preparo para eventuais entrevistas, questionários e descodificação de discursos. Superado o embasamento teórico inicial, deve-se definir a problemática de forma racional e intuitiva com a construção do modelo de análise para construção dos conceitos e a observação. A aludida etapa, denominada de observação deve-se recolher as informações para subsidiar a análise das informações e resultados. Nesta análise, recomenda-se comparar os resultados obtidos com os resultados esperados e todas as variáveis. A conclusão apresenta os resultados destacando os novos conhecimentos e proeminências práticas. Por fim, vale pronunciar que o mapa foi intencionalmente construído em forma circular destacando a importância igualitária de cada etapa da investigação, para que o pesquisador alcance na conclusão a resposta à pergunta de partida, o problema.

Bibliografia

Quivy, R., & Campenhoudt, L. V. (2005). Manual de Investigação em Ciências Sociais (5 ed.). (J. M. Marques, M. A. Mendes, & M. Carvalho, Trads.) Lisboa: Gradiva.

Um relato sobre a investigação acadêmica

A investigação acadêmica fez parte de alguns encerramentos dos meus ciclos de aprendizados, como a produção dos trabalhos de conclusão de curso (TCC) de graduação em Direito e da pós-graduação em Docência do Ensino Superior.

Posteriormente, elaborei um artigo sobre a Reforma Trabalhista no Brasil como aluna especial do mestrado em Ciências Sociais e realizo pesquisas sobre os círculos de construção de paz e justiça restaurativa.

Todos os projetos foram provenientes de uma inquietação interna e desenvolvidos sistematicamente pela metodologia da investigação científica.