O que diferencia o conhecimento científico do conhecimento vulgar? O conhecimento vulgar carece de questionamentos, de porquês, de método, e geralmente é transmitido de geração para geração. O conhecimento científico analisa os fenômenos, busca explicações, formula hipóteses, busca reprodutibilidade. Aprendi a cozinhar com minha mãe e ela, por sua vez, aprendeu com a minha avó. Trata-se de um conhecimento passado de geração a geração, de forma espontânea e sem a preocupação do questionamento. Por que usamos fermento para fazer o bolo crescer? Isso não importa, o que importa é que o bolo fique fofinho e saboroso. Já o saber científico é mais rigoroso, quer saber porque o bicarbonato de sódio, presente no fermento, faz o bolo crescer. Quais reações químicas estão envolvidas? Exige pesquisa e experimentação. Outro exemplo culinário do conhecimento vulgar é a adição de açúcar para tirar a acidez do molho de tomates. Minha mãe agia dessa forma, minha avó idem e eu também, até a página 2 (como se diz por aqui). Todo químico sabe que para neutralizar a acidez devemos usar um antiácido e o açúcar não atua como tal. No máximo ele mascara a acidez do molho. Passei a usar o bicarbonato de sódio para retirar a acidez do molho. A grande maioria das pessoas sabe que o ponto de ebulição da água é 100 ºC. Estudantes que residem em São Paulo, quando desafiados pelo professor para comprovar essa informação, constatam que isso não é uma verdade. Em São Paulo a água ferve a 97 ºC. Por quê? Estaria o termômetro descalibrado? A água conteria impurezas? Por que a prática não está de acordo com a teoria? Este experimento simples permite ao professor instigar os alunos a buscarem uma explicação plausível. A metodologia científica utilizada nas Ciências Naturais difere daquela utilizada em Ciências Sociais, Psicologia e Educação. Por exemplo, o modelo de aula adotado pelo professor P1 funciona muito bem para ele. Porém se o professor P2 resolver adotá-lo não há garantia que funcionará igualmente. Por quê? Por que os professores são diferentes, os alunos são diferentes e os conteúdos são diferentes. Cada professor deve procurar desenvolver o modelo de aulas que melhor se adeque à sua realidade e a realidade de seus alunos. Aqui a ciência não é exata, mesmo porque a vida não é uma ciência exata. Almeida e Freire (2003) mencionam três modalidades de investigação usados em Educação: quantitativo-experimental, quantitativo-correlacional e qualitativa. Nesta última, temos uma abordagem com observação direta, realização de entrevistas, atenção aos significados e aos contextos. Quando se indaga “o que aconteceu e como aconteceu?” a abordagem qualitativa investiga identificar, descrever e caracterizar, usando para isso questionário, entrevista e observação. Na abordagem quantitativa as perguntas são do tipo “por que aconteceu?”, “o que causou o fenômeno?”, “aconteceria o mesmo em circunstâncias diferentes?” aqui a investigação busca explicar, generalizar e estabelecer relações, usando metodologia correlacional, causal, experimental e quase experimental.

ThInK a little.

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