Segundo Shulman (1989, apud Morgado, 2012, p.26) “paradigmas não são teorias; são mais formas de pensar ou modelos para a investigação que, quando se aplicam, podem conduzir ao desenvolvimento de teorias”. Por sua vez Coutinho define paradigmas da investigação como “um conjunto articulado de postulados, de valores conhecidos, de teorias comuns e de regras que são aceites por todos os elementos de uma comunidade científica num dado momento histórico” (2011). Ainda segundo a mesma autora, “cumpre os propósitos de unificar os conceitos, pontos de vista, a pertença a uma identidade comum e o de legitimar a investigação através de critérios de validez e interpretação” (Coutinho, 2011).

Referindo-se aos principais paradigmas em investigação educacional existem quatro grandes conceções ou paradigmas associados à investigação: pós-positivista, construtivista, reivindicatória/participatória (paradigma sociocrítico) e pragmatismo.

O paradigma pós-positivista baseia-se em metodologias quantitativas de recolha e análise de dados, ou seja, associa-se a forma tradicional. O pesquisador baseia-se na convicção de que toda realidade pode ser mensurável, dessa maneira utiliza a verificação empírica para a explicação da sua questão problema. O pesquisador é neutro e não intervém na realidade.

No construtivismo o pesquisador parte de uma perspectiva de recolha de dados qualitativo, o qual, através de interação e diálogo com os sujeitos influencia a realidade e posiciona-se dentro dela. A partir da interpretação das interações com os sujeitos desenvolve-se um padrão de significado.

O paradigma sócio-crítico destaca-se por colocar que nenhum pesquisador é neutro em relação aos propósitos políticos e sociais. Utiliza o método investigação-ação e envolve-se ativamente na recolha e análise dos dados.

Por fim, o paradigma pragmático centra-se na aplicação do conhecimento,  com base o contexto tanto social, quanto político, cultural, histórico, os quais influenciam a investigação. Para este método a metodologia deve ser escolhida conforme o problema definido, ou seja, escolhe-se como recolher e analisar dados ao que melhor responde a questão colocada pelo pesquisador.

Koetting (1996, citado por Coutinho, 2004) refere que “as metodologias carregam em si mesmas interesses que condicionam os resultados procurados e encontrados, razão pela qual o investigador deverá procurar identificar os interesses humanos que estão sempre por detrás das diferentes formas de investigar”.

Necessário, então, conhecer os paradigmas da investigação para, a partir da questão problema, selecionar a metodologia que melhor fundamenta a pesquisa.

Interessante destacar que no campo do ensino as dois modelos de investigação destacam-se, o modelo quantitativo e o modelo qualitativo. Conforme Husén (1988 apud Moreira 2012, p.32), “em face de um dado problema educativo, se podem seguir rotas metodológicas distintas, desde que as opções se revelem úteis e necessárias para a sua resolução, o que demonstra que que não devem existir procedimentos de investigação que, a priori, sejam epistemologicamente privilegiados”.

Referências

Creswell, J. (2010). Seleção de um projeto de pesquisa. In: Projeto de pesquisa. Métodos qualitativo, quantitativo e misto. (pp. 27-35). (3ª Edição). Artmed Editora.

Coutinho, C. (2011). Paradigmas, Metodologias e Métodos de Investigação. In: Metodologias de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. (p.9-41). Lisboa. Almedina.

Coutinho, C. (2004). Quantitativo versus qualitativo : questões paradigmáticas na pesquisa em avaliação. (p. 436-448) [On-line] Retirado de: http://hdl.handle.net/1822/6469

Morgado, J. C. (2012). O Estudo de Caso na Investigação em Educação. Defacto: Santo Tirso – Portugal.

Pedro, N. (s.d.). Paradigmas de Investigação. Texto de Apoio à Unidade Curricular de Metodologias de Investigação I. Universidade de Lisboa.

Deixe um comentário