Alves (1991) argumenta que três tipos de situações são apontadas como origem de problemas de pesquisa: (a) lacunas no conhecimento existente; (b) inconsistências entre deduções decorrentes de teorias e resultados e pesquisas ou observações feitas na prática cotidiana, e; (c) inconsistências entre resultados de diferentes pesquisas ou entre estes e o que é observado na prática.

A mesma autora defende ainda que o fato de uma pesquisa se propor a compreensão de uma realidade específica, ideográfica, construída em condições vinculadas a um dado contexto, não a exime de contribuir para a produção do conhecimento. E a produção do conhecimento não é um empreendimento isolado; é um trabalho coletivo da comunidade científica, um processo que se desenvolve através da cooperação e da crítica. Assim, seja qual for a questão focalizada, exige-se que o pesquisador demonstre familiaridade com o estado do conhecimento sobre o tema para que possa situar o estudo proposto nesse processo, indicando qual a lacuna ou inconsistência no conhecimento anterior que o gerou. Mesmo ao estudar um caso específico, o pesquisador deverá sempre que possível, indicar a que fenômeno mais amplo o caso estudado se relaciona. Esta colocação da pesquisa proposta em perspectiva costuma ser feita numa seção introdutória que antecede a explicação do objetivo e ou questões de estudo.

ALVES, A. J. O Planejamento de Pesquisas Qualitativas em Educação. Cadernos de Pesquisas. Fundação Carlos Chagas. n. 77. São Paulo: Cortez, p.53-61, 1991.

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