Os caminhos da Investigação Científica. Síntese em construção.

“Cada investigação é uma experiência única, que utiliza caminhos próprios, cuja escolha está ligada a numerosos critérios, como sejam a interrogação de partida, a formação do investigador, os meios que dispõe ou o contexto institucional em que se inscreve seu trabalho.” (QUIVY & CAMPENHOUDT, 1995, p.60.)

Para começar uma pergunta: o que um estudante de Mestrado em Educação deve saber sobre Investigação Científica, já que terminou sua graduação e chega ao nível de mestrando com trabalhos científicos já desenvolvidos. O citado grupo a qual me incluo.

 Então poderíamos já saber sobre:

  • Compreender o que é uma investigação.
  • Quando é considerada científica?
  • Os objetivos da pesquisa.
  • Qual a problemática?
  • Como vai ser realizada?
  • Quais os meios de investigar foram adequadamente definidos.
  • Quais as formas de análise são mais adequadas?
  • A questão ética é sinalizada?

Para que possamos responder as perguntas, nos baseamos em bibliografias e textos já publicados sobre o assunto, e indicadas pelo docente Prof. Fernando Costa.

Para dar um conceito ao que chamamos, em meios acadêmicos, por investigação, que é uma forma de conhecimento, denotada como investigação científica, nos referirmos ao processo ordenado, sistemático e fundamentado teoricamente de uma pesquisa.

O conhecimento científico pode ser comprovado pela objetividade, certeza e casualidade (causa e efeito).

A questão sobre a escolha do tema da investigação está ligada ao seu grau de relevância. Como se fizéssemos a seguinte indagação: Essa pesquisa é relevante? Para quem? Aonde quero chegar com a pesquisa? Sendo uma prática a partir de uma pergunta de partida, de um problema ou uma problematização

Ainda sobre a sequência do trabalho de pesquisa, as questões e as perguntas servirão de afirmações para o pesquisador em sua conclusão.

Os objetivos da pesquisa referem-se ao foco principal da investigação e relacionada com a Educação, estão ligados aos fenômenos socio-educacionais. Estudamos a visão e a perspectiva das pessoas. É uma explicação ou um desenho da realidade verificada naquela determinada pesquisa.

O pesquisador deverá observar as revisões de literaturas sobre o tema a ser estudado, o que já foi estudado e como foi. Esse procedimento contribui para alcançar os objetivos da pesquisa.

Há ainda o aspecto dos paradigmas investigativos, que são o modo como estruturamos os instrumentos de análise. Perspectivas diferenciadas ligadas às ideias de paradigmas de investigação seus respectivos fundamentos: ontológicos, epistemológicos e metodológicos. O fundamento ontológico é ligado com a natureza da realidade, estudos e fenômenos das ciências naturais. O fenômeno epistemológico está relacionado às evidências, ao conhecimento adquirido.

 A experiência do sujeito ou indivíduo, investigador e investigado. O metodológico é o que tem o critério de intersubjetividade.

Ainda sobre os paradigmas, podem ser classificados em perspectivas positivistas e naturalistas. Os positivistas seguem a abordagem científica e empírico-racionalista. O conhecimento é mensurável e comprovável. Pode ser repetido.

A outra perspectiva é a naturalista, humanista. Segue a razão racional. Não se explica, e sim compreende-se. Vai ao terreno e participa direta ou indiretamente.

A metodologia da investigação sugere o uso de recursos e estratégias adequadas ao tipo de pesquisa e seus objetivos. Deve ser construído. Em comprovação sobre a recolha de dados, empíricos, seguem manuais de pesquisa e investigação, além do código de Ética da instituição. Sejam estes, questionários ou entrevistas quando vamos a campo ou ao terreno.

A análise de dados serve para que sejam estudados os dados recolhidos. Podem ser qualitativas quando as informações fazem parte de análise valorativa, com análise e interpretação. E quantitativas quando os dados são relacionados às pesquisas exatas, matemáticas ou com visão estatística.

                                                                                               Por Marcia da Silva nº22840

Ética em Pesquisa

Sabe-se que a base do conhecimento humano é a pesquisa científica. No entanto, nem todas as pesquisas são benéficas a sociedade, por exemplo, a bomba atômica, os agrotóxicos e seu uso excessivo, até mesmo a apropriação de ideias e textos de outros pesquisadores como sendo próprias.

A pesquisa científica deriva da busca de respostas para determinadas questões problemas, ou seja, constitui-se um processo de questionamentos com métodos de investigação específicos através de procedimentos científicos. Interessante também, ao escolher um problema, avaliar o seu interesse a comunidade científica e acadêmica.

Conforme Lakatos e Marconi (1990), pesquisar é compreendido como “averiguar algo de forma minuciosa, é investigar”. As autoras apontam que o significado do termo investigação “não é unívoco, pois há várias definições sobre o termo nos diferentes campos de conhecimento. Contudo, o ponto de partida da pesquisa reside no problema que deverá se definir, avaliar, analisar uma solução para depois ser tentada uma solução” (LAKATOS; MARCONI, 1990).

No entanto toda a pesquisa deve ser permeada pela ética. Muitas pesquisas são realizadas sem as devidas citações, fontes, cópias de textos e até mesmo plágios, desrespeitando, desse modo, os autores. Quanto às pesquisas na internet, Severino (2007) argumenta que:

“Como se trata de uma enorme rede, com um excessivo volume de informações, sobre todos os domínios e assuntos, é preciso saber garimpar, sobretudo dirigindo-se a endereços certos. Mas quando ainda não se dispõe desse endereço, pode-se iniciar o trabalho tentando exatamente localizar os endereços dos sites relacionados ao assunto de interesse. […] De particular interesse para a área acadêmica são os endereços das próprias bibliotecas das grandes universidades, que colocam à disposição informações de fontes bibliográficas a partir de acervos documentais”.

Independente da fonte utilizada para as pesquisas científicas, a fonte sempre deve ser referenciada, sendo que há três formas de citação: a citação textual, a paráfrase e a síntese, pois caso contrário poderá configurar-se em plágio. O plágio não se caracteriza apenas pela transcrição de frases inteiras de outro autor. Pode-se considerar plágio também a transcrição, sem marcação de autoria, de uma simples expressão. 

Verifica-se, então, que a ética profissional do cientista inclui um conjunto de deveres derivados de valores especificamente científicos e esta deve permear todo o trabalho científico, desde a recolha de dados até as possíveis soluções aos problemas.

Referências

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina Andrade. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. 205p.

POPPER, Karl Raimund. O mundo de Parmênides: ensaios sobre o iluminismo pré-socrático. Tradução Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora Unesp, 2014.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.

Critérios de Qualidade de Pesquisa – Como fazer uma boa pesquisa e com credibilidade?

Lienert (1989) “diferencia entre critérios principais e critérios secundários. Entre os primeiros, constam objetividade, fidedignidade e validade. Entre os segundos, constam utilidade, economia de esforço, normatização e comparabilidade.”

Steinke (2000) “aponta três posturas quanto à aplicabilidade de critérios de qualidade à pesquisa qualitativa. Uma primeira posição rejeita critérios de qualidade. Uma segunda posição argumenta em favor de critérios específicos da pesquisa qualitativa, questionando a aplicabilidade de critérios de qualidade utilizados na pesquisa quantitativa. A terceira posição tenta adaptar critérios da pesquisa quantitativa para determinar a qualidade da pesquisa qualitativa.”

Grunenberg (2001) “foi além, ao realizar uma meta-análise de pesquisas qualitativas das áreas da educação e das ciências sociais com o objetivo de verificar a qualidade da pesquisa qualitativa. O resultado desta análise foi a criação de uma lista de critérios de qualidade.”

Reunindo as considerações dos autores anteriores poder-se-á dizer que para serem formuladas as perguntas que regem uma pesquisa qualitativa que  pode ser considerada credível e de boa qualidade, teremos de ter em conta como descreve o estudo realizado pela Universidade de Brasília

“As perguntas da pesquisa são claramente formuladas?

O delineamento da pesquisa é consistente com o objetivo e as perguntas?

Os paradigmas e os construtos analíticos forambem explicitados?

A posição teórica e as expectativas do pesquisador foram explicitadas?

Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos metodológicos?

Os procedimentos metodológicos são bem documentados?

Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos analíticos?

Os procedimentos analíticos são bem documentados?

Os dados foram coletados em todos os contextos, tempos e pessoas sugeridos pelo delineamento?

O detalhamento da análise leva em conta resultados não-esperados e contrários ao esperado?

A discussão dos resultados leva em conta possíveis alternativas de interpretação?

Os resultados são – ou não – congruentes com as expectativas teóricas?

Explicitou-se a teoria que pode ser derivada dos dados e utilizada em outros contextos?

Os resultados são acessíveis, tanto para a comunidade acadêmica quanto para os usuários no campo?

Os resultados estimulam ações – básicas e aplicadas– futuras?”

Paradigmas da Investigação

Segundo Shulman (1989, apud Morgado, 2012, p.26) “paradigmas não são teorias; são mais formas de pensar ou modelos para a investigação que, quando se aplicam, podem conduzir ao desenvolvimento de teorias”. Por sua vez Coutinho define paradigmas da investigação como “um conjunto articulado de postulados, de valores conhecidos, de teorias comuns e de regras que são aceites por todos os elementos de uma comunidade científica num dado momento histórico” (2011). Ainda segundo a mesma autora, “cumpre os propósitos de unificar os conceitos, pontos de vista, a pertença a uma identidade comum e o de legitimar a investigação através de critérios de validez e interpretação” (Coutinho, 2011).

Referindo-se aos principais paradigmas em investigação educacional existem quatro grandes conceções ou paradigmas associados à investigação: pós-positivista, construtivista, reivindicatória/participatória (paradigma sociocrítico) e pragmatismo.

O paradigma pós-positivista baseia-se em metodologias quantitativas de recolha e análise de dados, ou seja, associa-se a forma tradicional. O pesquisador baseia-se na convicção de que toda realidade pode ser mensurável, dessa maneira utiliza a verificação empírica para a explicação da sua questão problema. O pesquisador é neutro e não intervém na realidade.

No construtivismo o pesquisador parte de uma perspectiva de recolha de dados qualitativo, o qual, através de interação e diálogo com os sujeitos influencia a realidade e posiciona-se dentro dela. A partir da interpretação das interações com os sujeitos desenvolve-se um padrão de significado.

O paradigma sócio-crítico destaca-se por colocar que nenhum pesquisador é neutro em relação aos propósitos políticos e sociais. Utiliza o método investigação-ação e envolve-se ativamente na recolha e análise dos dados.

Por fim, o paradigma pragmático centra-se na aplicação do conhecimento,  com base o contexto tanto social, quanto político, cultural, histórico, os quais influenciam a investigação. Para este método a metodologia deve ser escolhida conforme o problema definido, ou seja, escolhe-se como recolher e analisar dados ao que melhor responde a questão colocada pelo pesquisador.

Koetting (1996, citado por Coutinho, 2004) refere que “as metodologias carregam em si mesmas interesses que condicionam os resultados procurados e encontrados, razão pela qual o investigador deverá procurar identificar os interesses humanos que estão sempre por detrás das diferentes formas de investigar”.

Necessário, então, conhecer os paradigmas da investigação para, a partir da questão problema, selecionar a metodologia que melhor fundamenta a pesquisa.

Interessante destacar que no campo do ensino as dois modelos de investigação destacam-se, o modelo quantitativo e o modelo qualitativo. Conforme Husén (1988 apud Moreira 2012, p.32), “em face de um dado problema educativo, se podem seguir rotas metodológicas distintas, desde que as opções se revelem úteis e necessárias para a sua resolução, o que demonstra que que não devem existir procedimentos de investigação que, a priori, sejam epistemologicamente privilegiados”.

Referências

Creswell, J. (2010). Seleção de um projeto de pesquisa. In: Projeto de pesquisa. Métodos qualitativo, quantitativo e misto. (pp. 27-35). (3ª Edição). Artmed Editora.

Coutinho, C. (2011). Paradigmas, Metodologias e Métodos de Investigação. In: Metodologias de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. (p.9-41). Lisboa. Almedina.

Coutinho, C. (2004). Quantitativo versus qualitativo : questões paradigmáticas na pesquisa em avaliação. (p. 436-448) [On-line] Retirado de: http://hdl.handle.net/1822/6469

Morgado, J. C. (2012). O Estudo de Caso na Investigação em Educação. Defacto: Santo Tirso – Portugal.

Pedro, N. (s.d.). Paradigmas de Investigação. Texto de Apoio à Unidade Curricular de Metodologias de Investigação I. Universidade de Lisboa.

Metedologia Científica

A metodologia pode ser considerada uma ciência compreendida por meio da sistematização dos processos. A forma como estes devem ser desenvolvidos no decorrer do estudo e/ou pesquisa acadêmica, tal como descreve o professor Fernando Costa na obra “Tendências e Práticas de Investigação na Área das Tecnologias em Educação em Portugal” “Embora as metodologias utilizadas numa determinada investigação devessem resultar sobretudo do que se pretende estudar e dos propósitos visados, nem sempre a selecção e adopção de procedimentos metodológicos, como o estabelecimento do plano de investigação ou

a selecção de técnicas de recolha e análise de dados, são determinados exclusivamente pela análise aprofundada do que e o mais adequado e mais consistente, do ponto de vista epistemológico, com a especificidade do objecto de estudo”(2007). Deste modo, a metodologia descreve os método e os instrumentos que deveremos utilizar na realização de uma pesquisa que se pretende fazer.

Para a metodologia que se pretende utilizar o importante está na validação dos passos que têm de ser percorridos com base em alcançar os objetivos. “No que se refere aos objectivos de investigação explicitamente enunciados nas dissertações, é possível concluir que a “compreensão” dos fenómenos ou problemas” (Costa, 2007).

Como sabemos a formulação dos objetivos de uma investigação é essencial, muitas vezes mais do que o domínio das técnicas, para isso o investigador deve ter uma perspetiva e uma atitude flexível. “Uma atitude em que esta sobretudo em jogo a sua capacidade para criar uma estratégia própria e adequada para abordagem dos problemas em estudo, em função do terreno e dos objectivos de investigação (Pourtois e Desmet, 1988 ; Taylor e Bogdan, 1984).

Tal como descreve o professor Fernando Costa “Uma segunda questão metodológica importante tem directamente a ver com a função e finalidade última da investigação levada a cabo na área da tecnologia educativa.”(2007). Nesta área de investigação um dos instrumentos mais adequados para a sua realização é o método qualitativo, “aos dados qualitativos e com as reservas de credibilidade que alguns apontam as abordagens qualitativas em termos de validade, objectividade, neutralidade, parece‑nos no entanto, fazer sentido a chamada de atenção para o que isso pode significar para o investigador em termos de necessidade acrescida de rigor no processo e de validade dos métodos utilizados”(Costa 2007), tal como Mayring (2002) apresenta seis delineamentos da pesquisa qualitativa: estudo de caso, análise de documentos, pesquisa-ação, pesquisa de campo, experimento qualitativo e avaliação qualitativa. Para qualquer pesquisador acostumado a trabalhar quantitativamente fica evidente que nenhum destes delineamentos é necessariamente qualitativo.

How to Choose a Good Scientific Problem

A escolha de um bom problema é essencial para se tornar um bom cientista. Mas o que é um bom problema e como escolhê-lo? Uma boa escolha significa descobrir novos conhecimentos de forma competente e fascinante. Para escolher um problema científico, o ponto de partida é a viabilidade, ou seja, ele é difícil ou fácil, para o tempo esperado para concluir o projeto. Depende da habilidade do pesquisador e da tecnologia disponível. Problemas que são fáceis no papel são muitas vezes difíceis na prática, e os problemas que são difíceis no papel são quase impossíveis na prática. Geralmente valoriza-se a ciência que se aventura em águas profundas. Com isso os problemas que aumentam o conhecimento verificável são os de maior interesse. Para decidir qual problema selecionar é preciso pensar nas duas frentes: viabilidade e o que se esperar obter de conhecimento. Por exemplo, um estudante de pós-graduação iniciante precisa de um problema que seja fácil, dê feedback positivo e possa reforçar a confiança do pesquisador. Um erro comum cometido na escolha de problemas é tomar o primeiro problema que vem à mente. A escolha rápida conduz a muita frustração e amargura. Leva tempo para encontrar um bom problema. Mas as semanas dedicadas à escolha, podem economizar meses ou anos mais tarde. Se o pesquisador tiver a sorte de ter mentores atenciosos, ele poderá ouvir a voz interior a lhe direcionar a escolha. Uma maneira de ajudar a ouvir a voz interior é perguntar: ”Se eu fosse a única pessoa na Terra, em qual problema eu trabalharia?” Em resumo, o pesquisador deve encontrar seu tempo para encontrar os problemas disponíveis, o que é mais viável e mais interessante.

ThInK a little.

Investigação Científica – Mapa de Conceitual (Módulo – I)

Conceitos introduzidos pelo docente na sessão síncrona:

O que é investigação? A busca por informações exatas ou mais próximas da verdade para chegar-se a uma conclusão dos fatos expostos.

O que é ciência? Ciência refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas.

O que é conhecimento científico? É a informação e o saber que parte do princípio das análises dos fatos reais e cientificamente comprovados. Para ser reconhecido como um conhecimento científico, este deve ser baseado em observações e experimentações, que servem para atestar a veracidade ou falsidade de determinada teoria. No método científico temos um aglomerado de regras básicas dos procedimentos que produzem o conhecimento científico, quer um novo conhecimento, quer uma correção ou um aumento na área de incidência de conhecimentos anteriormente existentes.

Referências:

Ruiz, J. A. (1995). Metodologia da Pesquisa: guia para eficiência nos estudos. Cap. 1 e 2. 3. ed. São Paulo. Atlas.

EESTEBAN, M. P. S. (2010). Pesquisa Qualitativa em Educação: fundamentos e tradições. Porto Alegre. Artmed 268p.

O papel da Teoria, da Revisão da literatura e da Recolha de dados empíricos

Segundo Almeida & Freire (2003), “após situar o problema torna-se necessário reunir e analisar, o melhor possível, o que já se conhece sobre o assunto”, definindo e enquadrando o referencial teórico para a investigação em causa.

Os mesmos autores assumem a revisão da literatura como uma espécie de interface entre a delimitação do problema e a formulação da hipótese, permitindo-nos:
• a recolha de dados empíricos (evidências);
• o entendimento do estado de conhecimentos no domínio (se o problema já foi solucionado ou o que falta para a solução);
• a identificação das teorias explicativas do fenómeno em questão, de modo a se poder equacionar o modelo de análise a seguir;
• a deteção da metodologia de investigação mais frequentemente usada no problema em causa (procedimento, amostra, plano, instrumentos);
• a constatação das questões que foram deixadas em aberto por outros investigadores.

Segundo Monge (2001), atendendo à natureza dos dados, as fontes podem ser:
• factos, estatísticas, descobertas ou resultados;
• teorias ou interpretações;
• métodos e investigação e procedimentos;
• opiniões, noções, pontos de vista ou comentários pessoais;
• relatos, impressões sobre um conhecimento ou uma situação particular ou narração de incidentes ou situações.

O mesmo autor, atendendo à origem dos dados, considera as fontes referidas como primárias (observações de experiências/investigações/resultados efetuadas pelo próprio investigador) ou secundárias (referentes às experiências e teorias de outros autores não participantes na investigação em curso).

Monge (2001) explica-nos também que com base nos elementos teóricos identificados na revisão da literatura, devemos selecionar as variáveis centrais (o problema — variável dependente) e secundárias (ajudam a explicar e analisar o problema — variáveis independentes). A seleção de variáveis permite-nos formular hipóteses, construindo um esquema de relações que facilita a construção de um referencial teórico (a representação da descrição, explicação e análise do problema que trata a investigação) e da construção de uma teoria (generalização abstrata que apresenta uma explicação acerca das relações entre fenómenos).

“O objetivo fundamental de um projeto de investigação é a construção de uma teoria. O referencial teórico que nos proporciona a revisão da literatura no contexto do processo de investigação contém a teoria imersa, atuando como ponto de partida da investigação.” Monge (2001)

Referências:
Almeida, L. S., Freire, T. (2003) Metodologia da investigação em Psicologia e Educação. Psiquilíbrios.
Monge, C. (2011.) Metodología de la investigación cuantitativa y cualitativa. Guia didáctica. Universidad Surcolombiana, Neiva

Citações de Textos em Trabalhos Acadêmicos e Científicos

Informações extraídas da literatura devem ser devidamente citadas e documentadas no texto dos trabalhos acadêmicos, científicos e as teses.

Citação é, uma menção linguística no texto de informação extraída de outros documentos, feito para sustentar uma hipótese com o objetivo de colocar o trabalho no contexto da temática, conferir a ele credibilidade, confrontar dados, fatos e argumentos. Sendo assim, oferece ao leitor respaldo para que possa comprovar a veracidade das informações fornecidas e também possibilitar seu aprofundamento. Incorporar ideias, dados e frases de outros autores de qualquer natureza contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem a permissão do autor, transcritos ou não, sem fazer menção à fonte original, constitui plágio, o que implica em sérias consequências para o autor do trabalho.

Obs.: Fatos do domínio público ou que possam ser facilmente verificados não necessitam ser referenciados.

Uma obra original é composta por texto e, em alguns casos, por imagens. Porém, alguns cuidados devem ser observados, principalmente no que diz respeito a direitos autorais e do uso de imagem, para que o autor esteja resguardado nesses aspectos. Há alguns casos em que é possível utilizar os conteúdos sem a necessidade de autorização, tais como:

 · Citações, diretas e indiretas, de pequenos trechos de outras obras;

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· Qualquer conteúdo ou imagem que tem a sua utilização expressamente liberada por seu autor;

· Trechos de leis e orientações de sites governamentais; · Os materiais que possuem a licença de Creative Commons também podem ser utilizados dependendo do tipo de licença.

É necessário verificar antes de incluir o material na obra. Importante ressaltar que a citação completa da fonte é imprescindível para todos os casos.

O plágio é uma prática perigosa, que além de comprometer a credibilidade de um profissional, é um crime passível de punição, descrito no Código Penal Brasileiro e na Lei 9.610/1988.

Formulação de Problemas, Questões e Objetivos de Investigação

“Toda a investigação parte de um problema.”
(Prof. Fernando, notas pessoais da sessão 01)

“O próprio paradigma [da investigação] pode “decidir” a escolha e formulação do problema.” (Hússen, 1988)

De acordo com Tuckman (2000) “embora a seleção de um problema seja, muitas vezes, uma das fases mais difíceis num processo de investigação, constitui, infelizmente, uma daquelas fases a que apenas se pode dar uma orientação mínima. Contudo, podemos apresentar alguns critérios.”

Nesse sentido, a função do problema numa investigação deverá ser, de acordo com Punch (1998, citado por Coutinho, 2005):
• organizar o projeto, dando-lhe direção e coerência;
• delimitá-lo (definindo fronteiras);
• focalizar o investigador para a problemática do estudo;
• fornecer um referencial para a redação do projeto;
• apontar os dados que será necessário obter.

Para cumprir a sua função, problema deve:
• ser concreto ou real (não intuições ou ideias vagas);
• reunir condições para ser estudado (meios técnicos e materiais, disponibilidade dos contextos);
• ser relevante para a teoria e/ou prática;
• ser claro, percetível por outros investigadores;
• expressar uma relação entre duas ou mais variáveis;
• expressar-se de modo a admitir apenas respostas precisas;
• ser suscetível de verificação empírica.

A definição de um problema pode ser feita através de um raciocínio:
Indutivo: vários fenómenos são observados e procura-se chegar a algo que os unifica (do específico para o geral);
Dedutivo: o ponto de partida não são as observações singulares, mas sim as teorias já existentes – parte-se de ideias gerais e abstratas de modo a extrair dados específicos ou particulares, parte-se de um conjunto de premissas para a sua verificação.

Segundo Tuckman (2000) “um problema de investigação deve constituir uma questão (implícita ou explícita) formulada claramente sem ambiguidade, sobre a relação entre duas ou mais variáveis. Não deve representar uma questão de natureza moral ou ética, mas uma questão testável empiricamente (através da recolha de dados).”

O problema (sob forma de questão implícita ou explícita) deve desdobrar-se em questões de investigação claras [Como…?], que possibilitarão definir os objetivos da investigação.

Uma estratégia que me parece interessante:

Na publicação How to choose a good scientific problem, Alon (2009) aconselha:
Take your time”.
Do seu ponto de vista, escolhas rápidas levam a frustração e cada semana “gasta” na escolha do problema pode economizar meses ou anos na investigação. Creio que Alon se refere a investigação a nível doutoral (ou pós-doutoral), mas ainda assim considero curiosa a regra que impõe aos seus estudantes: o não compromisso com a definição de um problema antes de um período de 3 meses. Durante esses 3 meses, os estudantes devem ler, discutir e planear, focando-se no “ser” (eu diria até “conhecer”) mais do que no “fazer” — “The state of mind is focused on being rather than doing. The temptation to start working arises, but a rule is a rule. After 3 months, a celebration marks the beginning of the research phase — with a well-planned project.” (Alon, 2009).

Referências:
Almeida, L. S., Freire, T. (2003). Metodologia da investigação em Psicologia e Educação. Psiquilíbrios.Tuckman, B.W. (2000). Manual de Investigação em Educação. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Alon, U. (2009). How to choose a good scientific problem. Weizmann Institute of Science, Rehovot, Israel.

A seleção do Problema

A formulação de um problema deve estabelecer uma relação entre duas ou mais variáveis, ser clara e sem ambiguidade, formulada em forma de questão, ser testável e não representar atitude moral ou ética. O primeiro passo é delimitar a amplitude do problema. Para tanto é útil recorrer a esquemas para classificá-lo.

Inputs disponíveis Atividade e organização do ensino Antecipação dos resultados
Estudantes prospectivos Seleção Satisfação das necessidades da sociedade
Professores prospectivos Programa Satisfação das necessidades individuais
Atitudes Currículo Mudança de atitude
Mercado de trabalho Relação professor/aluno Mudança social
Relações institucionais Escolha de carreira Aquisição de competências
Desenvolvimento de carreira Serviços  

Por exemplo, considerando o “Desenvolvimento de Carreira” (coluna 1) com “Serviços” (coluna 2) e “Satisfação das Necessidades Individuais” (coluna 3) temos a seguinte formulação: – “A orientação de grupo é tão eficaz como a orientação individual para facilitar as escolhas apropriadas de carreira”? Outro exemplo, considerando agora “Estudantes prospectivos” (coluna 1) com “Escolha de carreira” (coluna 2) temos a seguinte formulação: – “A orientação de grupo é mais eficaz para facilitar as escolhas de carreira apropriadas, entre os estudantes com objetivos claramente definidos, ou entre os estudantes sem objetivos claramente definidos”? A investigação em sala de aula deve considerar as características do material de ensino, as características do professor e aluno, o comportamento do aluno frente a aprendizagem, a inteligência e a ansiedade do aluno e as características da tarefa. Ao escolher um problema considere a aplicabilidade, exigência, amplitude crítica, extensão, complexidade, valor teórico e potencial contribuição para a compreensão do fenômeno.

ThInK a little.