“Investigação científica é um processo, tem um caminho, tem etapas.” (Prof. Fernando, notas pessoais da sessão 02)
No mapa de conceitos abaixo tento representar o que entendo ser um possível caminho percorrido pela Investigação Científica em Educação.
Segundo Creswell, “os projetos de investigação são os planos e os procedimentos para a pesquisa que abrangem as decisões desde suposições amplas até métodos detalhados de recolha e de análise dos dados. (…) A decisão geral envolve que projeto deve ser utilizado para se estudar um tópico. A informação dessa decisão deverá refletir as conceções que o investigador traz para o estudo, os procedimentos da investigação (estratégias) e os métodos específicos de recolha e de análise e interpretação dos dados. A seleção da natureza de um projeto de pesquisa é também baseada na natureza do problema ou na questão de pesquisa que está a ser tratada, nas experiências pessoais dos investigadores e no público ao qual o estudo se dirige.”
Para garantir a qualidade da investigação, Brandão da Luz (2002) recorda que “nas ciências humanas, o objeto de estudo pertence à mesma esfera de realidade do investigador” sendo “o objeto de análise a interpretação dos sentidos que o próprio homem introduz nos contextos que pretende compreender”. E que, portanto, “as ciências humanas não somente não poderão iludir a dimensão histórica do seu objeto de estudo, mas terão, ao mesmo tempo, de ter presente que ele é uma criação do espírito humano”.
“O que vence é a lógica do significado, e não a da representatividade.” (Prof. Fernando, notas pessoais da sessão 02)
Referências: Creswell, J. W. (2.ª edição). Projeto de pesquisa. Métodos qualitativo, quantitativo e misto. Artmed Editora. Tuckman, B.W. (2000). Manual de Investigação em Educação. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
“Nas ciências
humanas, o objeto de estudo pertence à mesma esfera de realidade do
investigador, não podendo, por conseguinte, ser dissociado dela e submetido a
tratamento, em termos objetivos. O objeto de análise das ciências humanas é a
interpretação dos sentidos que o próprio homem introduz nos contextos que
pretende compreender. Deste modo, no vasto campo do conhecimento científico,
desenha-se um domínio novo, que reclama uma racionalidade própria e uma forma
diferente de conduzir a sua exploração sistemática. As ciências humanas não
somente não poderão iludir a dimensão histórica do seu objeto de estudo, mas
terão, ao mesmo tempo, de ter presente que ele é uma criação do espirito
humano.” (Brandão da Luz, (2002), p. 78-79)
Deste modo o
objeto de estudo na área das ciências humanas preocupa-se mais na compreensão
dos fenómenos, buscando as soluções práticas para os problemas através dessa
mesma compreensão, baseando-se numa investigação aplicada. Para isso é
elaborado por parte do investigador um guião onde esquematiza as suas práticas
destacando desta forma o problema ou a problemática a ser objeto de estudo, na
qual constam as questões e os objetivos da própria investigação. Dado esse
passo fundamental para o estudo do objeto, destaca-se o plano de investigação,
no qual se encontra o objeto de análise, bem definido, os instrumentos a serem
utilizados e o modelo de análise. Por fim faz-se a recolha e análise das interpretações,
recorrendo a bibliografia diversa sobre o objeto de estudo e mencionando os
resultados, as conclusões e a aplicabilidade do objeto de estudo tendo em conta
as suas implicações. Tendo em conta a compreensão do objeto de estudo.
Referências:
Brandão da Luz, J. L. (2002). Introdução à Epistemologia. INCM- Imprensa Nacional Casa da Moeda. Lisboa
Definir “Padrões de validação e avaliação” em educação não é tarefa fácil. É importante verificar critérios de validade e fidedignidade da pesquisa qualitativa. Diversas tentativas foram feitas no sentido de adotar os critérios advindos da pesquisa quantitativa, notadamente experimental. Novos critérios e nova compreensão do que significa validade e fidedignidade tiveram de ser desenvolvidos. Novos termos para definir se o achado qualitativo é “merecedor de confiança” ou confiável incluem concordância sobre a veracidade da análise feita. As interpretações são limitadas e a própria verdade é questionada. Estratégias de validação são descritas e incluem o papel do orientador ou do grupo de pesquisa na verificação crítica da confiança dos resultados da pesquisa, na identificação do viés do pesquisador, dentre outros. A fidedignidade pode ser compreendida em métodos qualitativos como uma medida possível em que os critérios utilizados para análise dos dados concordam e em qual medida. Outra questão importante é a avaliação da “honestidade” ou “autenticidade” do texto elaborado para a pesquisa. O papel do participante, ou colaborador, é fundamental neste sentido, e a consulta a ele envolve diferentes métodos a depender do delineamento qualitativo utilizado. É importante que a “validade” e “fidedignidade” de estudos qualitativos sejam verificadas. Neste sentido, o acesso à literatura anterior pode permitir ao pesquisador encontrar autores que propõem alternativas que sejam viáveis às perspectivas epistemológicas de diferentes pesquisas e delineamentos.
Este conceito foi criado por Thomas Kuhn, em sua obra “The Structure of Scientific Revolution“, de 1962. Uma pequena síntese das principais contribuições desta obra pode ser consultada neste link; ela foi elaborada pelo Professor Silvio Chibeli, do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Brasil.
De acordo com Lukas e Santiago (2004), paradigma é “um conjunto de práticas científicas ou de investigação que em um espaço de tempo são aceitas de forma generalizada e que proporcionam um marco de trabalho, uns problemas e umas soluções”.
Para Coutinho (2014), os paradigmas permitem unificar e legitimar a investigação, tanto nos aspectos conceituais como nos metodológicos, ou seja, garante ao pesquisador uma orientação nos momentos de delimitação de um problema, recolha de dados e interpretação dos resultados.
Na área das Ciências Sociais e Humanas são considerados, majoritariamente, três grandes paradigmas: Positivismo, Relativismo e Crítico, os quais serão abordados a seguir.
Paradigma Positivista
Derivado das ideias de Augusto Comte, criador da escola positivista e considerado o pai da Sociologia. Ele considerava que a ciência é o único verdadeiro tipo de conhecimento, gerado a partir da experiência, e deve ser prático e não especulativo. Criou também a teoria dos três estágios de desenvolvimento, para explicação dos fenômenos naturais: teológico (mais primitivo explicados pelo misticismo), metafísico (explicados por causas e leis sem comprovação) e científico (mais avançado – explicados por experimentos científicos – onde se encontra o Positivismo).
Para mais detalhes sobre Augusto Comte e o Positivismo, recomendo o vídeo abaixo, do Canal didatics, disponível no Youtube: https://youtu.be/mFizxyWzq0E
Segundo Lukas e Santiago (2004), o objetivo geral do Positivismo é aumentar o conhecimento; este deve ser sistemático, comprovável, mensurável e replicável. O investigador, neste contexto, deverá levantar hipóteses e submetê-las a comprovação empírica sob rigoroso controlo experimental (Coutinho, 2014).
Os fenômenos educativos sob a lógica positivista são descritos da seguinte maneira (Lukas e Santiago, 2004):
LÓGICA POSITIVISTA – EDUCAÇÃO
Variáveis
Estudam-se relações entre variáveis da realidade educativa.
Teorias
São universais e podem ser utilizadas para compreender qualquer contexto educativo.
Investigador
Permanece neutro durante toda a investigação.
Metodologia
Muito rigorosa, principalmente na análise dos dados.
Como podemos observar, o Positivismo não permite explicar toda a complexidade do comportamento humano e, portanto, tem enfrentado muitas críticas na área das Ciências Sociais e Humanas.
Este paradigma busca compreender o significado das ações humanas, construídas ao longo de suas interações sociais. Tem raízes na Antropologia, Sociologia e na Psicologia. Surgiu principalmente pela verificação de que o paradigma positivista não era suficiente para compreender o significado e interpretações dos sujeitos para situações cotidianas.
Como poderíamos utilizar leis gerais para explicar o comportamento de um indivíduo, que é único e influenciado por múltiplos fatores socioculturais? Os investigadores então, nesta perspectiva, procuram penetrar no mundo conceitual dos seus sujeitos, com o objetivo de compreender qual o significado que constroem dos acontecimentos de seu cotidiano, além das ideias preconcebidas (Coutinho, 2014).
Há uma reflexão contínua e um envolvimento emocional do investigador, além da interação dinâmica com o objeto de estudo (Gunther, 2006).
Os fenômenos educativos sob a lógica humanista são descritos da seguinte maneira (Lukas e Santiago, 2004):
LÓGICA HUMANISTA – EDUCAÇÃO
Variáveis
Estudadas de forma holística, pois as realidades são múltiplas.
Teorias
Se fundamentam em valores sociais que mudam com o tempo; dependem do contexto estudado.
Investigador
É estimulado a explicitar sua interpretação sobre o fenômeno e interagir com o objeto de estudo.
Metodologia
Apresenta várias vias metodológicas, adaptadas ao objeto de estudo e ao caso específico.
É muito próximo do paradigma humanista porém, tem como objetivo analisar os fenômenos sociais de forma crítica, buscando transformar as realidades sociais e torná-las mais justas. Originou-se no século XX, na Escola de Frankfurt, criada na Universidade de Frankfurt – Alemanha, onde os filósofos Max Horkheimer e Theodor W. Adorno eram os principais representantes.
As investigações sob esta perspectiva se orientam sob um compromisso ideológico, que resulta em conhecimentos voltados para a emancipação humana. Como contempla um grupo heterogêneo de interesses, principalmente de grupos marginalizados pela sociedade, apresenta diferentes abordagens de investigação.
Os fenômenos educativos sob a lógica crítica são descritos da seguinte maneira (Lukas e Santiago, 2004):
LÓGICA CRÍTICA – EDUCAÇÃO
Variáveis
Percepções individuais da realidade, influenciadas por valores da sociedade.
Teorias
Teoria e prática formam um todo indissociável e não existem teorias universais.
Investigador
Os participantes são também investigadores e os investigadores também participam da ação social.
Metodologia
Colaboração entre investigador e participantes.
RESUMINDO…
Para sistematizar o que foi visto até aqui, segue abaixo um Mapa Conceitual com os principais pontos abordados (Clique sobre a imagem para ampliá-la):
Mapa Conceitual “Paradigmas da Investigação Científica”.
REFERÊNCIAS
Coutinho, C (2014). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas, Teoria e Prática. Edições Almedina.
Günther, H (2006). Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a Questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 22 n. 2, pp. 201-210.
Lukas, J. F.; Santiago, K (2004). Evaluación Educativa. Edição da Alianza Editorial, Madrid.
Olá Colegas e Professor. Muitos já me conhecem, mas antes de mais nada irei me apresentar. Me chamo Emerson Tosin, 37 anos e atuo na área de Tecnologia da Informação, mais especificamente com Consultoria de SAP ERP. Minha formação é em tecnologia da informação com MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV. A motivação de para esse mestrado é aprender mais sobre ensino e como utilizar as tecnologias digitais no aprendizado, já que pretendo ser um formador da área de tecnologia como a de gerenciamento de projeto na especialidade “Agile”.
Experiência com metodologia de investigação
Confesso que mesmo tendo graduação e um MBA, minha experiência com metodologia de investigação é nula. As duas monografias que desenvolvi não foi me baseando em qualquer metodologia ou conhecimento prévio. Portanto essa será a oportunidade de aprender.
Research Gate e Mendeley
Já possuo cadastrado nas duas plataformas. Já pode me encontrar por lá, só procurar por: “Emerson Tosin”
O Problema de Pesquisa é algo que você montará para ser solucionado a partir de uma hipótese. A hipótese será uma suposta solução a seu problema, cujo adequação como solução ou não, será a averiguada através de uma pesquisa, usando o problema como uma fórmula para tal (GOMIDES,2002).
Conceitos Importantes do Problema de Pesquisa
Quando se define seu problema, você está basicamente decidindo o direcionamento do seu trabalho. É importante que sua decisão seja clara e coesa, e que você a apresente de uma forma que o orientador entenda seu objetivo.
Para um dos mais respeitados autores no campo da metodologia das ciências sociais, a maneira mais prática para entender o que é um problema científico consiste em considerar primeiramente aquilo que não é (Kerlinger, 1980). Sejam os exemplos: “Como fazer para melhorar os transportes urbanos?” “O que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda?” “Como aumentar a produtividade no trabalho?” Nenhum destes constitui rigorosamente um problema científico, pois, sob a forma em que são propostos, não possibilitam a investigação segundo os métodos próprios da ciência.
Para escolher um bom problema Trelease apud Espirito Santo (1992, p. 41) aponta as seguintes sugestões. O problema:
deve tratar, comumente de forma quantitativa, das relações entre fenômenos naturais, ou mais especificamente, das condições que controlam os fatos observáveis e eventos. Seus resultados devem servir de base para predição e controle dos fenômenos investigados.
deve ser circunscrito, definido, e específico, mas deve estar significante conectado com uma área maior e geral.
deve ser formulado em hipóteses alternativas, cada uma das quais deve ser testada em ordem de importância.
deve ser adequado ao tratamento experimental e conforme o conhecimento e materiais disponíveis, além de prometer resultados definidos e confiáveis dentro do tempo designado.
deve despertar a curiosidade e interesse do pesquisador, prometer gerar novos e interessantes problemas, e preparar o pesquisador para trabalhar com eles.
deve em geral testar alguma proposição significante sobre a qual haja diferença de opinião, ou que tenha sido aceito em condições lógicas insuficientes. Pode testar os méritos relativos de duas ou mais hipóteses, verificando as condições quantitativas baseadas nelas.
pode tratar de características salientes de um relacionamento novo ou pouco conhecido, em vez de pormenores de um assunto já bem analisado e bastante conhecido. Entretanto, o uso de novos instrumentos leva a boa pesquisa a tópicos relativamente antigos. Isto geralmente acontece quando novas técnicas permitem um exame mais profundo de relacionamentos aceitos, sem o necessário exame crítico.
deve referir-se a uma questão mais ou menos negligenciada.
tem de envolver materiais que pareçam mais adaptados ao experimento proposto. Entre os materiais igualmente adequados, devemos dar preferencia aos mais conhecidos e mais econômicos.
Por fim…
É importante lembra que, na obra consultada, o autor deixa claro que as indicações acima se enquadram muito mais para os experimentos laboratoriais e estão mais dirigidos para pesquisa experimental. De qualquer forma, vale reler com atenção as indicações acima, pensando em como articular esses itens, com a sua área de estudo.
REFERÊNCIA:
ESPÍRITO SANTO, A. Delineamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
Segundo os autores, Almeida & Freire, (2003,p.19) “O termo ciência, do latim scientia, significa “conhecimento, doutrina, erudição ou prática”. (Arnal et al., 1992). Progressivamente foi acrescentado o caráter sistemático ou organizado de tal conhecimento. Hoje podemos definir ciência por um “conjunto organizado de conhecimentos sobre a realidade e obtidos mediante o método científico” (Bravo, 1985). Na descrição deste método importa salvaguardar o seu caráter empírico, diferenciando este conhecimento de especulações ou abstrações.”
A ciência pode
definir-se por um modo de conhecimento rigoroso, metódico e sistemático que
pretende otimizar a informação disponível em torno de problemas de origem
teórica e/ou prática (Arnal et al. 1992), sendo a sua principal função a
compreensão, explicação, predição e controle de fenômenos. Assim, e cada vez mais,
a ciência apoia a tomada de decisões e os processos de mudança da realidade.”Almeida & Freire, (2003, p.19)
Caraterísticas
do conhecimento Científico
Segundo Almeida
& Freire (2003, p. 21,22) “apontam que o conhecimento científico é, por
inerência, mais organizado, sistemático e preciso na sua fundamentação. Assiste-lhe,
ainda caraterísticas de racionalidade e objetividade. É um conhecimento obtido
através do método científico, e de entre as suas caraterísticas, podemos
salientar as seguintes:
Objetivo: descreve a realidade como ela é ou pode
ser, mesmo que falível e apenas temporariamente correto, mas nunca como
gostaríamos que fosse:
Empírico: Sempre baseado na experiência, nos
fenômenos e fatos;
Racional: mais assente na razão e na lógica
do que na intuição;
Replicável: as mesmas condições, em diferentes
locais e com diferentes experimentadores, deve replicar os resultados, ou a sua
comprovação pode ser feita por pessoas distintas e com circunstâncias diversas;
Sistemático:conhecimento organizado, ordenado, consistente e coerente
nos seus elementos, os quais formam uma totalidade coerente e integrada num
sistema mais amplo;
Metódico: conhecimento obtido através de procedimentos
e estratégias fiáveis, mediante planos metodológicos rigorosos;
Comunicável:conhecimento claro e preciso na sua significação,
reconhecido e aceite pela comunidade científica;
Analítico: procura ir além das aparências, procura
entrar na complexidade e na globalidade dos fenómenos;
Cumulativo: conhecimento que se ensaia,
constrói e estrutura a partir dos conhecimentos científicos anteriores.”
Conceito de Ciência
Segundo os
autores, Almeida & Freire, (2003,p.19) “O termo ciência, do latim scientia, significa
“conhecimento, doutrina, erudição ou prática”. (Arnal et al., 1992).
Progressivamente foi acrescentado o caráter sistemático ou organizado de tal
conhecimento. Hoje podemos definir ciência por um “conjunto organizado de
conhecimentos sobre a realidade e obtidos mediante o método científico” (Bravo,
1985). Na descrição deste método importa salvaguardar o seu caráter empírico,
diferenciando este conhecimento de especulações ou abstrações.”
A ciência pode
definir-se por um modo de conhecimento rigoroso, metódico e sistemático que
pretende otimizar a informação disponível em torno de problemas de origem
teórica e/ou prática (Arnal et al. 1992), sendo a sua principal função a
compreensão, explicação, predição e controle de fenômenos. Assim, e cada vez mais,
a ciência apoia a tomada de decisões e os processos de mudança da realidade.”Almeida & Freire, (2003, p.19)
Caraterísticas
do conhecimento Científico
Segundo Almeida
& Freire (2003, p. 21,22) “apontam que o conhecimento científico é, por
inerência, mais organizado, sistemático e preciso na sua fundamentação. Assiste-lhe,
ainda caraterísticas de racionalidade e objetividade. É um conhecimento obtido
através do método científico, e de entre as suas caraterísticas, podemos
salientar as seguintes:
Objetivo: descreve a realidade como ela é ou pode
ser, mesmo que falível e apenas temporariamente correto, mas nunca como
gostaríamos que fosse:
Empírico: Sempre baseado na experiência, nos
fenômenos e fatos;
Racional: mais assente na razão e na lógica
do que na intuição;
Replicável: as mesmas condições, em diferentes
locais e com diferentes experimentadores, deve replicar os resultados, ou a sua
comprovação pode ser feita por pessoas distintas e com circunstâncias diversas;
Sistemático:conhecimento organizado, ordenado, consistente e coerente
nos seus elementos, os quais formam uma totalidade coerente e integrada num
sistema mais amplo;
Metódico: conhecimento obtido através de procedimentos
e estratégias fiáveis, mediante planos metodológicos rigorosos;
Comunicável:conhecimento claro e preciso na sua significação,
reconhecido e aceite pela comunidade científica;
Analítico: procura ir além das aparências, procura
entrar na complexidade e na globalidade dos fenómenos;
Cumulativo: conhecimento que se ensaia,
constrói e estrutura a partir dos conhecimentos científicos anteriores.”
Este post excepto o mapa conceptual, é parte integrante da Obra Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação de Almeida & Freire, Edição da Psiquilíbrios, Braga
BIBLIOGRAFIA:
Almeida, T.; Freire, L.S. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Edição da Psiquilíbrios, Braga.
Todo acadêmico já se deparou com um trabalho investigativo, mesmo de forma modesta. Impossível iniciar um trabalho acadêmico, sem o levantamento de pesquisa científica. Eu particularmente conclui duas graduação e uma pós graduação Latu sensu, todas na área de educação e todas exigiram trabalhos investigativos. Na minha primeira formação acadêmica, onde cursei Licenciatura em Biologia, realizei no final de graduação, um trabalho dissertativo, como forma de conclusão do curso, cujo tema foi: “O Papel da Reciclagem no Desenvolvimento Sustentável em Comunidade Carentes, do Município de Jacobina-BA”. Na segunda graduação, cursei Licenciatura em Artes Visuais, no final da graduação pude investigar, o “Tema Transversal Meio Ambiente no ensino das Artes Visuais, em Escolas Públicas de Santa Catarina-BA”. Na minha Especialização em Educação Ambiental, dei continuidade ao meu trabalho investigativo na área de reciclagem, contudo com outro público, o trabalho teve o seguinte título: “A Reciclagem como Subsídio para o Desenvolvimento de Trabalhos Artísticos com Doentes Mentais, no CAPS II, no município de Jacobina-BA”. Neste curso de Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais, fugirei um pouco da temática sobre a reciclagem, embora ainda seja possível incluí-la no estudo pois pretendo estudar a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino de Artes da Educação Básica. E ensino de Artes nas escolas públicas, me remete ao envolvimento da reciclagem, no fazer artístico, todavia, este está longe de ser o objeto de estudo. Gostaria realizar um trabalho investigativo sobre a influência da tecnologia no ensino de Artes da Educação Básica e como a tecnologia pode contribuir para ampliar o conhecimento artístico através de treinamento dos professores através da modalidade E-Learning, e em contrapartida, contribuir para um ensino de qualidade. Para o desenvolvimento de um trabalho investigativo se faz necessário inicialmente a formulação de um problema, esta parte creio que já disponho, de agora em diante se faz necessário muita pesquisa a fim de apontar os meios para se chegar a um resultado satisfatório.
A investigação acadêmica fez parte de alguns encerramentos dos meus ciclos de aprendizados, como a produção dos trabalhos de conclusão de curso (TCC) de graduação em Direito e da pós-graduação em Docência do Ensino Superior.
Posteriormente, elaborei um artigo sobre a Reforma Trabalhista no Brasil como aluna especial do mestrado em Ciências Sociais e realizo pesquisas sobre os círculos de construção de paz e justiça restaurativa.
Todos os projetos foram provenientes de uma inquietação interna e desenvolvidos sistematicamente pela metodologia da investigação científica.
Para iniciar a discussão sobre o tema, é necessário definir: O que é o conhecimento científico? O que é ciência? Para Lukas & Santiago (2004), uma das características que pode diferenciar o conhecimento científico do conhecimento vulgar (senso comum) é a forma como vai ser obtido este conhecimento, metodicamente, através da aplicação de um método; o chamado “método científico”. Na descrição deste método importa salvaguardar o seu caráter empírico, diferenciando este conhecimento das especulações ou abstrações (Almeida & Freire, 2003).
Abaixo estão sistematizadas oito características principais do conhecimento científico, segundo os autores Lukas e Santiago (2004):
Quadro 1. Oito principais características do conhecimento científico.
A investigação científica seria, então, uma atividade rigorosa e sistemática que tem como objetivo final a elaboração de teorias – leis que regem o funcionamento do universo.
Com relação ao processo de construção do conhecimento científico, ele pode iniciar-se a partir dos dados obtidos e posterior elaboração de um resumo descritivo do fenômeno ou teoria, o chamado Método Indutivo ou iniciar-se a partir de uma teoria; neste caso, são construídas hipóteses que deverão ser testadas ao longo do processo, o chamado Método Dedutivo.
…………………………………………………………………………………………………………………………………
E no campo da educação?
No contexto de nossa área de interesse deste mestrado, a Educação, como a natureza dos fenômenos estudados pelas Ciências Naturais é diferente das Ciências Sociais e da Educação, houve a necessidade de reestruturar esta visão de investigação científica para algo mais abrangente.
Os fenômenos educativos, por exemplo, não são visíveis e exigem vias indiretas para acessá-los, dado que são representações humanas dos contextos estudados, (tanto dos participantes, quanto dos investigadores). Podem também ser explicados por mais de uma teoria, ou duas teorias distintas podem se basear no mesmo conjunto de dados de investigação (Almeida & Freire, 2003).
Sendo assim, há um debate relativamente recente sobre quais critérios mínimos são necessários para legitimar uma pesquisa de qualidade. É notório que:
“o excessivo rigor metodológico que impõe o método científico muitas vezes é um obstáculo para sua aplicação no estudo dos fenômenos educativos”
Lukas & Santiago, 2014
Neste sentido, o controle de variáveis e de suas medições e a obrigatoriedade de replicação dos resultados, por exemplo, são medidas difíceis de adotar neste campo de estudo.
Qual é o objeto de estudo da educação?
A resposta a esta pergunta nos conduzir para dois caminhos de investigação diferentes, mas não mutuamente excludentes:
INVESTIGAÇÃO
RESPOSTA
Básica ou Pura
Busca de conhecimento científico sobre a Educação, para então compreender seus fenômenos.
Aplicada ou Prática
Busca de soluções práticas para os problemas, a partir da compreensão dos fenômenos
QUAIS SÃO AS SUAS Modalidades ?
Podemos sistematizar as modalidades de investigação científica em: Qualitativa, Quantitativa e Mista:
Qualitativa: Segundo Gunther (2006), são características gerais da pesquisa qualitativa:
compreensão como princípio do conhecimento
construção da realidade
descoberta e construção de teorias
ciência baseada em textos (produzidos via coleta de dados)
Quantitativa: tem como objetivo examinar as relações entre as variáveis para responder às questões e hipóteses, através de levantamentos e experimentos estritamente controlados. Garante medidas ou observações para testar uma teoria (Creswell, 2007).
Mista: reúne dados qualitativos e quantitativos em uma única investigação. Com a inclusão de métodos múltiplos de dados e formas múltiplas de análise, a complexidade desses projetos exige procedimentos mais explícitos (Creswell, 2007).
QUAIS SÃO AS Fases do processo de investigação ?
Vamos abordar neste post, especificamente as preocupações com a definição de um problema, que é a primeira fase de uma investigação. Nesta etapa, busca-se estabelecer as questões e os objetos de investigação, com especial atenção aos seguintes critérios, segundo Almeida & Freire (2003):
→ Qualidade e pertinência: qual o alcance social?
→ Ser concreto ou real: ajudará a resolver algum problema real?
→ Posicionamentos anteriores de outros investigadores
→ Condições para ser estudado: é viável? há recursos disponíveis (financeiros, humanos)?
→ Formulado de forma clara para entendimento de outros investigadores
Esta definição depende do quão familiarizado o investigador está com o tema envolvido, a complexidade da ideia, a existência de estudos antecessores, o empenho e habilidades do investigador e a modalidade escolhida de investigação – qualitativa, quantitativa e mista (Hernandez & Batista, 2003).
RESUMINDO…
Para sistematizar o que foi visto até aqui, consulte o Mapa Conceitual abaixo, elaborado sobre o tema (Clique sobre a imagem para ampliá-la).
Mapa Conceitual “Natureza e Características da Investigação Científica”.
REFERÊNCIAS
Almeida, T.; Freire, L.S. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Edição da Psiquilíbrios, Braga.
Creswell, J.W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed.
Günther, H (2006). Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a Questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 22 n. 2, pp. 201-210.
Lukas, J. F.; Santiago, K (2004). Evaluación Educativa. Edição da Alianza Editorial, Madrid.
Roberto Hernández, R.; Fernández C. & Baptista, P. (2003). Metodología dela Investigación. D.F: McGraw-Hill, Interamericana, México.
Gostaria de compartilhar o vídeo do filósofo contemporâneo Mário Sérgio Cortella acerca dos paradigmas da Educação, o qual comenta que a ‘gravidez’, ou seja, situações graves incitam novas ideias ou mesmo a criação de novas ferramentas.