Paradigmas de Investigação Científica

Paradigma de investigação é, para Coutinho (2011, p.9), “um compromisso implícito de uma comunidade de investigadores com um quadro teórico e metodológico preciso, e, consequentemente, uma partilha de experiências e uma concordância quanto à natureza da investigação e à concepção”.

Thomas Kuhn definiu o termo como um conjunto de crenças, valores, técnicas partilhadas pelos membros de uma dada comunidade científica e, em segundo, como um modelo para o “que” e para o “como” investigar num dado e definido contexto histórico-social. Kuhn defende que há forte apego a determinado paradigma e estes se mantêm em situações normais ou estáveis. Mas, nos momentos de crise que surgem anomalias que incidem sobre suas áreas vitais, provocando circunstância para considerar a substituição do próprio paradigma, ou seja, são nos momentos de crise que são propostas novas alternativas de paradigmas (Kuhn, 1998). Para ilustrar, segue abaixo o mapa conceitual da filosofia de Thomas Kuhn.

O paradigma inscreve-se na investigação como um esquema fundamental que orienta ao investigador com o delineamento de uma estrutura para o seu estudo, como um conjunto articulado de postulados, valores, teorias e regras aceites pelo próprio e pelos demais elementos da sua comunidade científica. Depende: das concepções e experiência do investigador; da estratégia de investigação adotada; dos planos e procedimentos de pesquisa; dos métodos de recolha e análise de dados; da natureza do problema e do público ao qual se destina, contribuindo para a definição da metodologia a utilizar. Por um lado, unifica e legitima conceitos, teorias e metodologias, por outro, sustenta critérios de recolha, interpretação e validação dos dados (Marco Romão, 2013).

O paradigma cumpre dois papéis centrais na investigação científica: a unificação de conceitos, uma identidade comum com questões teóricas e metodológicas e; a legitimação entre os investigadores. Atualmente, é defendida a existência de três grandes paradigmas na investigação em ciências sociais e humanas: o paradigma positivista ou quantitativo; o interpretativo ou qualitativo e; o paradigma sociocrítico ou hermenêutico (Coutinho, 2011). O quadro a seguir mostra as características de cada paradigma.

Fonte: Adaptado de Coutinho (2011, p. 21).

Penso que o educador que está iniciando em processo investigação ainda não tenha muito claro qual paradigma pode ser o mais condizente com sua prática. Porém já é possível perceber tendências que podem ser incorporadas na sua linha de pensamento, considerando o que há de mais significativo em cada um desses paradigmas.

Referências.

COUTINHO, Clara. Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática. Coimbra: Almedina, 2011.

KUHN, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.

Ciência, Conhecimento e Investigação Científica.

Fonte: https://umsabadoqualquer.com/941-einstein-8/

“Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas!”

Procurei uma frase para servir de introdução à metodologia de investigação científica e encontrei esta de Albert Ainstein traduz, de forma direta, sucinta e perfeita, o que pesquisei em várias referências bibliográficas sobre o assunto.

Uma pergunta, uma dúvida ou um questionamento é sempre o que provoca ou dá a partida para uma pesquisa científica. Buscar respostas e soluções para as demandas da sociedade é o que caracteriza a ciência.

Nesta linha, o conhecimento do senso comum, ou conhecimento empírico, é a base para o conhecimento científico. Para Kleina e Rodrigues (2014), o conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade, se deu a partir da autonomia da ciência com a revolução científica do século XVII no momento que esta busca seu próprio método.

Já o conhecimento de senso comum é passado de geração para geração de forma natural, não sistematizada e sem método. É um conhecimento desprovido de fundamentação teórica e sem o compromisso com comprovações. Os pesquisadores começam a questionar sobre o porquê dos fenômenos, como estes acontecem, tendo como base o conhecimento de senso comum e assim inicia-se o processo de investigação científica. Em resumo, o conhecimento científico é sistemático, metódico, comprovável e falível, pois é constante a evolução da ciência (Kleina e Rodrigues, 2014).

Ciência pode ser definida como um conjunto organizado de conhecimentos sobre a realidade e obtidos mediante o método científico (Bravo, 1985, citado por Almeida e Freire, 2003). Para Arnal et al. (1992) ciência é definida por um modo de conhecimento rigoroso, metódico e sistemático que otimiza a informação disponível em torno de problemas de origem teórica e/ou prática, onde o principal objetivo é compreender, explicar, predicar e controlar os fenômenos (Arnal et al. 1992, citado por Almeida e Freire, 2003).  

A metodologia de investigação aborda uma série de elementos que proporcionam ao investigador (estudante, pesquisador, cientista, etc) refletir sobre os problemas da investigação no que se referem aos seus aspectos epistemológicos, metodológicos, técnicos e éticos, em especial com a articulação entre o campo teórico e empírico.

Referências:

Almeida, L.S & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios.

Kleina, C. & Rodrigues, K. S. B. (2014). Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico. 1. Ed. Curitiba, PR: Iesde Brasil.

Boa vindas!

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Fonte: https://kdfrases.com/frase/111142

Olá,

Como novo aprendizado proporcionado pelo curso de Mestrado em Educação e Tecnologias Digitais, do Instituto de Educação, da Universidade de Lisboa, terei aqui o desafio de participar da construção do blogue, lançado como atividade da Unidade Curricular de Metodologia de Investigação I, em que o tema principal é a “Investigação Cientifica”, em particular a metodologia da investigação aplicada à educação e tecnologias.

Meu objetivo principal é organizar, construir e compartilhar conhecimento resultado de meus estudos e da troca de informações e experiências com os colegas para: entender a diferença entre ciência, conhecimento e investigação científica; compreender a natureza, as características e tipos de investigação científica; discutir os paradigmas envolvidos, seus pressupostos, perspectivas e as questões éticas relacionadas; conhecer e descrever as fases de uma investigação científica, da formulação do problema a coleta e análise de dados; entre outros temas e tópicos sobre investigação científica que descobriremos ao longo desta caminhada.

Organizarei o material deste espaço em tópicos, usando como recursos textos compilados, esquemas, imagens, vídeos e mapas conceituais como o que apresento a seguir, que mostra o esquema geral dos tópicos que inicialmente considero mais relevantes sobre a investigação científica que irão me norteiam na construção deste espaço.    

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Fonte: Autoria própria.

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Sobre a natureza e características da investigação científica.

Compreendendo a investigação científica.

A investigação científica pode ser considerada como uma forma de conhecimento.

Partindo do significado de ciência, do latim scientia, significa “conhecimento, doutrina, erudição ou prática” na atualidade seria o “conhecimento em si” e como determinada maneira de produzir conhecimento. Podemos dizer um conhecimento rigoroso, metódico, sistemático. Um conjunto organizado de conhecimentos sobre a realidade e obtidos mediante o método científico (Bravo, 1985)

O conhecimento científico possui objetivos para se chegar as certezas, verdades e casualidades relacionadas a causa e efeito.

A investigação científica pode ser considerada como uma forma de conhecimento. Por meio da observação o cientista pesquisador buscará respostas para as suas indagações, como, por exemplo: porque ocorre tal fenômeno? Ou qual a relação deste fenômeno em relações a outros?

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Na perspectiva convencional as características do conhecimento científico possuem:

Objetivo – tal como é a descrição da realidade;  

Racional – razão, chegar os resultados;

Sistemático – organizado, com regras;

Controlável – submetido à prova, para avaliar;

Fático – informação dos fatos (a visão das pessoas);

Analítico – realidade;

Comunicável – difusão na comunidade cientifica;

Metódico – procedimentos, organizado.

A natureza da investigação científica possui algumas implicações.

A Certeza = Verdade = Objetividade # Crenças pessoais, senso comum.

As ciências naturais são diferentes das ciências humanas.

Nas ciências naturais o objeto de estudo é a natureza, uma realidade dada, exterior ao homem e o sujeito do conhecimento se põe fora dela para estuda-la.

Já as ciências humanas, busca a interpretação dos sentidos que o próprio homem introduz nos contextos que pretende compreender, o objeto de estudo é o próprio homem.

Referências:
Capítulo 1 – “A Investigação em Psicologia e Educação”
Capítulo 2 – “Problema, Hipóteses e Variáveis (primeiras fases do processo de Investigação)”
Almeida, L. S., Freire, T. (2003) Metodologia da investigação em Psicologia e Educação Psiquilíbrios.

A Análise Qualitativa de Dados na Educação

Segundo André (1983) a Análise qualitativa visa apreender o caráter multidimensional dos fenômenos em sua manifestação natural, bem como captar os diferentes significados de uma experiência vivida, auxiliando a compreensão do indivíduo no seu contexto e se caracteriza por ser um processo indutivo que tem como foco a fidelidade ao universo de vida cotidiano dos sujeitos, estando baseada nos mesmos pressupostos da chamada pesquisa qualitativa.

As três características essenciais da pesquisa qualitativa, indicadas por Patton (1986) e retomadas por Alves (2013), asseguram uma investigação completa em função dos objetivos de análise. A visão holística prevê a análise das diversas inter-relações que emergem em um dado contexto para a compreensão de determinado fenômeno; a abordagem indutiva pressupõe liberdade do pesquisador para a definição de dimensões e categoriais de análise durante o processo de coleta e análise de dados, conforme se revelam relevantes para a compreensão do fenômeno; e a investigação naturalística concebe a intervenção mínima do pesquisador no contexto investigado.

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Creswell (2007) propõe uma grelha de análise do processo sugerido em passos definidos:

“(1) Extraia um sentido do todo. Leia todas as transcrições cuidadosamente. Talvez você deva tomar nota das ideias à medida que elas lhe venham à cabeça. (2) Escolha um documento. (3) Faça uma lista de todos os tópicos. Agrupe os tópicos similares. Organize esses tópicos em colunas que possam ser classificadas como tópicos principais, tópicos singulares e outros. (4) Agora tome essa lista e volte aos seus dados. Abrevie os tópicos como códigos e escreva os códigos próximos dos segmentos apropriados do texto. Tente esse esquema de organização preliminarmente, para ver se surgem novas categorias e novos códigos. (5) Encontre a redação mais descritiva para seus tópicos e transforme-os em categorias. Procure formas de reduzir sua lista total de categorias, agrupando tópicos que se relacionem entre si. (6) Ponha os códigos em ordem alfabética. (7) Reúna o material dos dados pertencentes a cada categoria em um único local e faça uma análise preliminar. (8) Se necessário, recodifique seus dados existentes” (Creswell, 2007, p. 196).

“A análise está presente em vários estágios da investigação, tornando-se mais sistemática e mais formal após o encerramento da coleta de dados” (André; Lüdke, 1986, p.45). Segundo André e Lüdke (1986), analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos das observações, as transcrições de entrevistas, as análises de documentos e as demais informações disponíveis (p.45).

Na investigação em Educação, maioritariamente baseada em evidências de carácter qualitativo, é comum encontrarem-se diversas barreiras no que toca à “credibilidade das estratégias qualitativas de investigação” adotadas (Amado, 2014, p. 353).

Segundo Minayo (1992, apud Gomes 2004), podem ocorrer três tipos de obstáculos a uma análise efetiva dos dados, são eles:

O primeiro diz respeito à ilusão do pesquisador em ver as conclusões, à primeira vista, como “transparentes”, ou seja, pensar que a realidade dos dados, logo de início, se apresenta de forma nítida aos seus olhos […]. O segundo obstáculo se refere ao fato de o pesquisador se envolver tanto com os métodos e as técnicas a ponto de esquecer os significados presentes em seus dados […]. Por último, o terceiro obstáculo para uma análise mais rica da pesquisa relaciona-se à dificuldade que o pesquisador pode ter em articular as conclusões que surgem dos dados concretos com conhecimentos mais amplos ou mais abstratos. Esse fato pode produzir um distanciamento entre a fundamentação teórica e a prática da pesquisa (p.68)

Segundo Zanette (2017, p. 159) “o uso do método qualitativo gerou diversas contribuições ao avanço do saber na dinâmica do processo educacional e na sua estrutura como um todo: reconfigura a compreensão da aprendizagem, das relações internas e externas nas instâncias institucionais, da compreensão histórico-cultural das exigências de uma educação mais digna para todos e da compreensão da importância da instituição escolar no processo de humanização”.

Gatti e André (2011, p. 34 apud Zanette) destacam quatro pontos importantes desta contribuição:

1) A incorporação, entre os pesquisadores em Educação, de posturas investigativas mais flexíveis e com maior adequação para estudos de processos micro-sócio-psicológicos e culturais, permitindo iluminar aspectos e processos que permaneciam ocultados pelos estudos quantitativos. 2) A constatação de que, para compreender e interpretar grande parte das questões e problemas da área de Educação, é preciso recorrer a enfoques multi/inter/transdiciplinares e a tratamentos multidimensionais. 3) A retomada do foco sobre os atores em educação, ou seja, os pesquisadores procuram retratar o ponto de vista dos sujeitos, os personagens envolvidos nos processos educativos. 4) A consciência de que a subjetividade intervém no processo de pesquisa e que é preciso tomar medidas para controlá-la.

Referências

Alves, A. J. (2013). O planeamento de pesquisas qualitativas em educação. Cadernos de pesquisa, (77), 53-61.

André, M. E. D. A. (1983). Texto, contexto e significado: algumas questões na análise de dados qualitativos. Cadernos de Pesquisa, (45): 66-71.

Creswell, J. W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Trad. Luciana de Oliveira da Rocha. 2.ª ed. Porto Alegre: Artmed.

Gomes, R. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa Social. 23.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.

Lüdke, M. André, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

Zanette, M. S. (2017). Pesquisa qualitativa no contexto da Educação no Brasil. Doi: 10.1590/0104-4060.47454. Instituto Vianna Junior. Curso Veritas. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/n65/0104-4060-er-65-00149

Métodos, Instrumentos e Dados

O método é um dispositivo de recolha e análise de dados por técnicas e procedimentos previamente planejados. Para cada investigação há um método ideal como a entrevista, questionário ou observação. A entrevista é uma conversa intencional com o objetivo de colher fontes primárias para fundamentar a investigação. Nesse método há a possibilidade de conhecer a perspectiva do entrevistado, visando entender um contexto no qual o mesmo encontra-se inserido ou tenha vivenciado, através de perguntas planejadas e escuta das respostas. Sistematicamente, as entrevistas podem ser classificadas como semidiretiva, centrada ou em profundidade. A semidiretiva é realizada com poucas perguntas, garantindo a espontaneidade do momento. A centrada ou focalizada é planejada com uma lista de tópicos para analisar determinado fato. Já a entrevista em profundidade permitindo a conversa fluir mais adequada para analisar histórias de vida. O questionário visa recolher dados de forma mais ampla através de uma lista de perguntas. Por meio deste é possível classificar as respostas e até compor gráficos, gerando estatísticas das opiniões, valores, comportamentos e modos de vida pessoal ou profissional. O questionário pode ser por administração indireta quando o inquiridor completa as respostas obtidas ou direta por ser preenchido diretamente pelo inquirido, podendo ser enviado por e-mail ou aplicativo de mensagens, fato que representa um apoio tecnológico fundamental para amplitude do questionário, além da economia de tempo e custo. A observação é um método sem interação que visa ver e analisar o que se revela na conduta, nos comportamentos e nas relações sociais. Para aplica-la é preciso ser paciente, registrar ocorrências por escrito ou através de recursos audiovisuais (Costa, 2019).

                                         

Costa, F. (02 de dezembro de 2019). Aula sobre Métodos, instrumentos e técnicas de recolha de dados. Lisboa, Portugal.

Paradigma, pressupostos e perspectivas

O paradigma qualifica o ponto de partida como uma forma acadêmica de propor um problema. É um substantivo masculino que significa um exemplo ou padrão a ser seguido ou já estabelecido. Como um qualificador padrão atende a pressupostos e perspectivas que auxiliam a construção do conhecimento científico.

Os pressupostos podem ser ontológicos, epistemológicos e metodológicos. Ontológico é um adjetivo que faz referência à ontologia, ramo da metafísica que analisa as coisas existentes no mundo, a natureza do ser e a realidade. Epistemológico é um adjetivo relativo à epistemologia, à teoria do conhecimento, que analisa as relações entre sujeito (ser pensante) e objeto (ser inerte) ou entre outros indivíduos estudados. Metodológico é um adjetivo que diz respeito aos métodos, à ciência que se dedica ao estudo dos métodos, às normas e regras para a realização de uma pesquisa (Ribeiro & Neves, 2019).

Os dois principais pontos de vistas são classificados sob a perspectiva científica ou humanista. A perspectiva científica pertence a um espectro mais racionalista e positivista com o objetivo de aumentar o conhecimento, comprovando e mensurando matematicamente. A perspectiva humanista a uma visão humanista, naturalista e relativa com o objetivo de compreender os fenômenos e seus contextos (Costa, 2019).

Assim, podemos concluir que a educação deve ser investigada sob o ponto de vista humanista, para compreender quem, o que, porque e como interpretamos a realidade sob determinado contexto temporal, político, sociológico e naturalista. São humanos investigando, interpretando ou comparando outros humanos, estudando à sua própria espécie.

Costa, F. (19 de novembro de 2019). Aula sobre os paradigmas de investigação científica. Lisboa, Portugal.

Ribeiro, D., & Neves, F. (2019). Dicionário Online de Português. Fonte: https://www.dicio.com.br/

Problema: a pergunta de partida

Após definir o tema, deve- se formular a pergunta de partida: o problema, pois todo trabalho científico deve buscar soluciona-lo ou, simplesmente, responde-lo em prol de sua relevância acadêmica e social. Ademais, o problema deve ser próximo ser próximo da sua realidade e área de interesse, qualquer investigação é conduzida tendo em vista esclarecer uma dúvida, replicar um fenômeno, testar uma teoria ou buscar soluções para um determinado problema (Almeida & Freire, 2003).

Para direcionamento da pesquisa e revisão bibliográfica, o investigador pode iniciar o trabalho organizando um plano de análise para identificação de investigações anteriores e suas respectivas metodologias. Em seguida, a revisão bibliográfica pode ser ampla, facilitada pela pesquisa das palavras- chave em base de dados publicados em sites caracterizados pela idoneidade acadêmica. A revisão bibliográfica é fundamental para identificar o que já foi estudado, como foi estudado, quais os resultados alcançados e se há lacunas acadêmicas pertinentes.

Após esta etapa, é possível definir o referencial teórico da investigação. Ao tempo em que todas as leituras devem ser direcionadas para formulação das hipóteses que, de forma redundante e autoexplicativa, vislumbram responder hipoteticamente a pergunta de partida. Para Almeida & Freire (2003) as hipóteses podem ser dedutivas quando visam deduções implícitas das mesmas teorias ou indutivas quando se baseiam na observação ou reflexão da realidade. Assim, ao formular as hipóteses, o pesquisador identifica as variáveis e suas relações. As variáveis qualificativas permitem descrever sujeitos e situações, classificando-os por atributos ou categorias, já as variáveis quantitativas possuem características mensuráveis permitindo uma avaliação por diversos critérios, como de frequência, grau ou intensidade.

Nestes termos, podemos concluir que a definição do ponto de partida organiza a investigação, mapeando o caminho sistemático que devemos percorrer para solucionar o problema proposto.

Almeida, L. S., & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilíbrios.

Síntese – Texto 10 – Redes Sociais para Cientistas (Sanchez, Granado & Antunes, 2014)

REDES SOCIAIS PARA CIENTISTAS
Ana Sanchez
António Granado
Joana Lobo Antunes
ISBN: 978-989-20-5419-3

Com o avanço das tecnologias da informação, existe a necessidade para a visibilidade dos investigadores para que sejam facilmente encontrados online. Estas mesmas ferramentas sociais também contribuem para a promoção das atividades e também na divulgação dos trabalhos destes pesquisadores.

Existe uma preocupação em como os pesquisadores/investigadores devem cuidar da sua reputação na WEB, como objetivo para esta proposta podemos citar alguns pontos:

  1. Ser contactável por qualquer pessoa
  2. Construir a sua própria identidade
  3. Organizar a sua informação pessoal
  4. Evitar confusões ou mal-entendidos
  5. Aumentar a sua comunidade
  6. Expandir a sua marca

Para iniciar a exposição do investigador na WEB, podemos seguir este pequeno tutorial proposto pelo autor;

Primeiros passos

  1. Pesquise o seu nome no Google
    a. Inclua na pesquisa as Google Images
    b. Abra uma conta Google
    c. Crie um Google Alert em seu nome
  2. Construa uma página pessoal
    a. Prepare uma biografia curta e inclua link para o seu CV
    b. Faça a página na sua instituição (ou/e)
    c. Crie uma página própria em aboutme.com (ou/e)
    d. Crie a página num domínio próprio
  3. Junte-se às redes sociais que fizerem sentido para si
    a. Facebook, Twitter , LinkedIn, Google+
    b. Google Scholar, Research Gate, Academia.edu
    c. Instagram, Pinterest, outras
  4. Optimize a sua presença
    a. Preencha os perfis ou páginas (incluindo foto)
    b. Arranje um URL diferenciado, se possível
    c. Ligue os perfis/páginas/contas uns aos outros
  5. Assuma que nada é privado
    a. Tome atenção ao que escreve
    b. Se é mesmo privado, não o partilhe
    c. Tome consciência da sua imagem na Web

Estes dados demonstram o alcance de cada rede social por minuto:
Facebook – 3,3 milhões de posts
Twitter – 350 mil tweets
YouTube – 100 horas de vídeo
Instagram – 38 mil fotos
LinkedIn – 120 novas contas

No campo da comunicação da ciência, estas redes são importantíssimas na difusão da informação proveniente de investigadores e de instituições, facilitando a sua disseminação a um público muito vasto. Muitas organizações possuem regras para a utilização das redes sociais por parte dos seus empregados, uma forma de afinar o tipo de conteúdos partilhados nessas plataforma. Podemos citar doze razões para os cientistas usarem as redes sociais para expandir seu networking:

  1. Ferramenta de aprendizagem
  2. Ferramenta de ensino
  3. Ferramenta para conferências
  4. Ferramenta de partilha de perfis
  5. Ferramenta de disseminação da investigação
  6. Ferramenta de colaboração
  7. Lugar para se manter actualizado sobre a sua área de conhecimento
  8. Lugar para colocar questões
  9. Lugar para discussões e partilha
  10. Lugar para controlar a concorrência
  11. Lugar para seguir eventos onde não se pode estar
  12. Lugar para conhecer novas oportunidades

A expansão da ciência pela WEB não ficou exclusivamente por pesquisadores/investigadores, e também algumas universidades decidiram acrescentar suas instituições em redes sociais, no Youtube. Atualmente existem no youtube as seguintes universidades contendo mais de 150 mil seguidores: Harvard University, MIT Open Course Ware, Stanford University e Yale Courses.

Existem algumas redes sociais vocacionadas especialmente para a troca de
informação profissional, tanto genérica (LinkedIn) como específica para cientistas nomeadamente: Google Scholar, ResearchGate, Academia.edu.

Criar e manter um perfil em redes sociais profissionais permite sublinhar a informação científica do percurso profissional, fazendo com que se seja identificado pelas funções actuais, numa perspectiva de ligação com outros investigadores.

Manter o perfil actualizado nas redes sociais profissionais permite-nos modelar a informação que os outros recebem sobre nós. Podemos garantir que nos conhecem pelas áreas científicas em que nos interessa investir no momento e não por outros temas em que já possamos ter trabalhado.

O Google Scholar é um motor de pesquisa cujos resultados apresentam apenas artigos científicos, actas de conferências e livros. No Linkedin o perfil tem a utilidade de um Curriculum Vitae dinâmico, com a possibilidade de fazer ligações com pessoas que ficam com acesso às actualizações, como no Facebook.

A Academia.edu é uma rede social para investigadores. Foi lançada em Setembro
de 2008, e até Julho 2014 acumulou mais de 11 milhões de utilizadores de todo
o mundo. Funciona essencialmente como um repositório de informação dos
próprios utilizadores, de livre acesso para os restantes membros da rede

O ResearchGate é uma rede social para investigadores, que têm como objectivo
a partilha de artigos científicos e a sociabilização. O ResearchGate funciona como um misto entre LinkedIn, Academia.edu e Facebook.

As redes de agregação ou curadoria servem para reunir conteúdos sobre determinado tema num único local. À semelhança de um curador de uma exposição, cabe ao utilizador seleccionar e dar sentido aos conteúdos, de modo a tornar o conjunto relevante para si e, idealmente, para outros utilizadores.

Apesar de as plataformas de agregação serem um fenómeno relativamente recente
na Web, muitas marcas já descobriram o poder da agregação de conteúdos para
promover os seus próprios produtos ou serviços

Com o slogan “Pin your interests”, o Pinterest é a mais conhecida e mais utilizada
plataforma de agregação. A ideia desta plataforma, com grande ênfase na
componente visual, é a de um grande quadro de cortiça digital onde se afixam
imagens que servem de links a conteúdos espalhados na web. Também se podem
adicionar imagens ou vídeos próprios.

O Bundlr é uma plataforma de agregação de origem portuguesa. Muito semelhante
ao Pinterest tem a vantagem de permitir adicionar qualquer tipo de conteúdo com um endereço electrónico.

A plataforma Scoop.it é uma ferramenta muito versátil. Embora muitas funcionalidades só existam na versão Premium, a versão gratuita é suficiente para a maioria dos utilizadores. O Scoop.it permite agregar todos os tipos de conteúdos web e fazer upload de imagens (de documentos na versão paga) ou inserir apenas comentários. Uma vantagem do Scoop.it é a possibilidade de classificar os conteúdos através de etiquetas, o que torna muito fácil a pesquisa de subtópicos.

A ideia por trás do Storify é mesmo criar histórias a partir da informação disponível on-line. Nesta plataforma, dar sentido à informação é escolher uma ordem para apresentar os conteúdos. Na maioria das vezes a ordem escolhida é mesmo a cronológica e, por isso, o Storify é muito utilizado para registar a evolução de uma notícia ou eventos como conferências científicas.

A organização da informação na rede Pearltrees é feita de forma hierárquica, à semelhança dos arquivos de um computador. A navegação entre as diferentes colecções é muito simples e é possível adicionar qualquer tipo de conteúdo (links, fotos, ficheiros, notas).
A grande diferença desta ferramenta em relação às anteriores é a sua natureza
verdadeiramente cooperativa. Além da possibilidade de colaboração entre utilizadores, o Pearltrees permite que o utilizador replique colecções de outros utilizadores na sua própria colecção e beneficie das novas adições feitas pelo utilizador original.

Os weblogs nasceram nos anos 90 e tiveram um grande impulso em 1999 quando começaram a surgir diversas ferramentas que permitiam a qualquer pessoa publicar facilmente na World Wide Web, mesmo não tendo conhecimentos de linguagem. A mais decisiva destas ferramentas de publicação foi o Blogger, criado em Agosto de 1999 pela empresa Pyra Labs e posteriormente adquirido pela Google.

Um weblog, ou blog, é essencialmente uma página na Internet onde os textos
aparecem pela ordem inversa em que foram escritos, ou seja, os mais recentes aparecem primeiro. A estes textos chama-se “posts” e estes posts podem conter texto, imagens e links para outros sites na Web. Há blogs pessoais e colectivos, blogs sobre temas e sobre marcas, especializados em fotografias ou em vídeos, de universidades e de empresas, de todos os tipos e para todos os gostos. Actualmente, a mais usada ferramenta para a criação de weblogs é o WordPress, que está disponível numa versão já alojada num servidor e gratuita.

Não devemos começar um blog sem critérios, objetivos e que não receberá atualização. É necessário dedicar algum tempo a experimentar a plataforma que escolheu. Visite outros blogs e aprenda com os bloggers mais velhos. Escolha um tema de que goste mesmo e comece a escrever. Mantenha-se focado nesse tema e publique conteúdos de qualidade
Organize o seu tempo para dedicar uns minutos por semana ao blog. Partilhe os conteúdos do seu blog nas outras redes sociais.

Junte-se à comunidade dos bloggers de ciência, pense na sua audiência e em conteúdos que lhe sejam úteis, seja realista com as suas ambições e divirta-se.

De acordo com o livro, podemos utilizar dez conselhos para ser um novo blogger:

  1. Não comece um blog só porque alguém acha que deve começar
    02.Dedique algum tempo a experimentar a plataforma que escolheu
    03.Visite outros blogs e aprenda com os bloggers mais velhos
    04.Escolha um tema de que goste mesmo e comece a escrever
    05.Mantenha-se focado nesse tema e publique conteúdos de qualidade
    06.Organize o seu tempo para dedicar uns minutos por semana ao blog
    07.Partilhe os conteúdos do seu blog nas outras redes sociais
    08.Junte-se à comunidade dos bloggers de ciência, dando-se a conhecer
  2. Pense na sua audiência e em conteúdos que lhe sejam úteis
  3. Seja realista com as suas ambições e divirta-se

Manter uma presença nas redes sociais deve ser uma escolha consciente dos
investigadores e das instituições que, em primeiro lugar, devem avaliar quais
valem a pena apostar e que vantagens. Há quem esteja nas redes sociais apenas para se manter a par das novidades do seu campo, há quem produza conteúdos para uma única plataforma, há quem consiga manter uma presença assídua em vários espaços em simultâneo.

Da experiência que temos acumulado com os cursos que leccionam sobre
redes sociais para cientistas, sabemos que muito ficou por dizer sobre cada uma
das redes em particular, e que alguns dos leitores vão ficar com curiosidade para
saber mais sobre esta área.

[Mapa conceitual] Investigação Científica

A metodologia de investigação é disciplina indispensável para qualquer investigador. Parece defender o obvio, mas esta disciplina é, muitas vezes, deixada em segundo plano e tratada como dispensável.

Vemos assim, inúmeros trabalhos sendo produzidos sem muito rigor cientifico, dados não confiáveis e investigadores que até hoje possuem dúvidas sobre como formular corretamente um problema, como escolher o método mais adequado a sua pesquisa ou ainda como coletar e analisar dados.

Webinar Análise de dados qualitativos com software vantagens e desvantagens

Neste post, compartilho convosco este Webinar ministrado pelo Professor António Pedro Costa (Doutorado em Multimédia em Educação pela Universidade de Aveiro) acerca das vantagens e desvantagens do uso de softwares no processo de investigação qualitativa.

“A utilização de pacotes de software na análise de dados qualitativos é uma realidade que poucos investigadores conseguem, atualmente, contornar. Alguns investigadores recorrem a soluções não específicas, tais como o Excel ou o Word para a análise dos seus dados qualitativos. Outros, têm a necessidade de indicar, nas suas publicações, que exploraram determinada ferramenta de análise de dados, sem a terem efetivamente utilizado. Independentemente do caminho que o investigador segue, é claro que o uso correto de ferramentas específicas para a análise de dados qualitativos credibiliza o projeto de investigação.”

Referência

webQDA Software. (2018, March 21). Webinar Análise de dados qualitativos com software vantagens e desvantagens [Video file]. Retrieved from https://www.youtube.com/watch?v=8IIuNs_pcck.

Lógica Qualitativa e Lógica Quantitativa

Romanelli & Biasoli-Alves (1998) afirmam que a relação desejada entre o quantitativo com o qualitativo pode ser considerada complementar. Ou seja, enquanto o quantitativo se ocupa de ordens de grandezas e as suas relações, o qualitativo é um quadro de interpretações para medidas ou a compreensão para o não quantificável.

Para Ortí (1994) a relação entre métodos quantitativos e qualitativos pode ser considerada uma “relação de complementaridade por deficiência, que se centra precisamente através da demarcação, exploração e análise do território que fica mais além dos limites, possibilidades e características do enfoque oposto.” p.89

Para Minayo (1994) as relações entre abordagens qualitativas e quantitativas demonstram que:

• “as duas metodologias não são incompatíveis e podem ser integradas num mesmo projeto;

• uma pesquisa quantitativa pode conduzir o investigador à escolha de um problema particular a ser analisado em toda sua complexidade, através de métodos e técnicas qualitativas e vice-versa;

• a investigação qualitativa é a que melhor se coaduna ao reconhecimento de situações particulares, grupos específicos e universos simbólicos.

Do ponto de vista epistemológico, depreende-se:

• que todo conhecimento do social (quantitativo ou qualitativo) só é possível por recorte, redução e aproximação;

• que toda redução e aproximação não podem perder de vista que o social é qualitativo e que o quantitativo é uma das suas formas de expressão;

• que, em lugar de se oporem, as abordagens quantitativas e qualitativas têm um encontro marcado tanto nas teorias como nos métodos de análise e interpretação.” p.32

Minaÿo (1994) afirma que é importante considerar que “dados aglomerados e generalizados nem sempre correspondem à realidade social que pretendem explicar e à qual propõe adequar.” p.32

Esse ponto de vista pode nos levar a pensar num outro critério para avaliar os trabalhos tanto quantitativos como qualitativos: pesquisas que tenham como objetivos a construção de um conhecimento que se preste, de uma ou de outra forma, a melhorar o mundo que estamos. Em outras palavras, não teríam as pessoas de uma dada comunidade o direito de conhecer as pesquisas financiadas com verbas públicas para conhecer as suas possíveis contribuições sociais? Os critérios de relevância social não deveriam também contemplar as avaliações de qualidade das pesquisas?

Como afirma Bleger (1977), até mesmo a pesquisa por mais básica que seja tem que dizer ao que ela se atrela para construção de um conhecimento que se aplique às necessidades da humanidade.

Romanelli , G. ; Biasoli-Alves, Z.M.M. (1998) Diálogos Metodológicos sobre Prática de Pesquisa. Programa de Pós-Graduação em Psicologia da FFCLRP USP / CAPES ; R. Preto:Editora Legis-Summa)

Funções do Problema

LAROCCA, ROSSO & SOUZA (2005) realizaram ampla pesquisa, com o exame de 28 obras de Metodologia da Pesquisa para tentar identificar a definição do objetivo de pesquisa. A identificação ou definição do objetivo de pesquisa não é uma tarefa trivial, como indicam os autores, e decorre justamente de uma boa especificação do problema de investigação.

Luchesi (1989, p. 169) traz o item “Definir objetivos” ao referir-se à estrutura da redação do projeto. Ele diz que:

Devemos ter claro nesse passo que objetivos que pretendemos alcançar, isto é, qual a problemática a ser refletida, ou ainda, o que pretendemos dizer, realmente sobre o assunto tematizado. A clara determinação do objetivo garante, na explicitação de uma mensagem, uma linha de coerência interna, isto porque trata de um esforço de, mesmo antes de escrever, deixar patente para que “tanto” devem “convergir” as idéias. (…) Com o objetivo bem esclarecido, podemos partir para o esquema, um roteiro orientador da abordagem a que nos propomos.

Luna (1998) é um dos autores que traz contribuições à polêmica dos objetivos, pois, ao tratar do tema “O problema de pesquisa”, aborda a questão dos objetivos juntamente com a questão das hipóteses, enfatizando que a clareza quanto ao problema de pesquisa é um passo fundamental do processo de pesquisar.

Para Luna (op. cit., p. 28): “com alguma freqüência estabelece-se uma confusão entre elementos relativos a um problema de pesquisa e o próprio problema, dando-se andamento ao trabalho de pesquisa sem uma clareza suficiente quanto ao que se pretende pesquisar”. Segundo ele, os objetivos são elementos desse processo.

Contudo, é instigante constatar advertências do autor de que problemas de pesquisa são muitas vezes tomados por objetivos de pesquisa. Ele reconhece que existe uma confusão instalada e, em uma pequena nota de rodapé, registra sua suspeita de que a expressão “objetivos de pesquisa” foi cunhada nos formulários das agências de fomento para forçar a explicitação da relevância de um projeto (Luna, 1998, p. 35). Acredita que o bom-senso seja suficiente para dirimir dúvidas sobre a formulação dos objetivos no projeto ou relato.

Como se nota, objetivos são diferentes de problemas, contudo para serem formulados dependem da clareza que se tem destes.

LAROCCA, P.; ROSSO, A. J.; SOUZA, A. P. DE. A formulação dos objetivos de pesquisa na pós-graduação em Educação: uma discussão necessária. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 2, n. 3, 11.