Carta Ética

A Carta Ética para a Investigação em Educação e Formação (CEIEF) do Instituto de Educação (IE) da Universidade de Lisboa foi criada em 2016 e estabelece os princípios e normas de conduta ética aplicáveis aos membros docentes, investigadores e estudantes de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento no âmbito de suas atividades de pesquisa.

A Carta possui princípios e orientações que devem ser seguidos no âmbito da investigação de pesquisa.

Princípios:
1 — Liberdade de ação.
2 — Pluralidade de paradigmas
3 — Respeito pelos participantes.
4 — Integridade de atuação.

Orientações:
1 — Explicitação dos cuidados éticos.
2 — Proteção dos participantes.
3 — Consentimento informado.
4 — Confidencialidade e privacidade.
5 — Falsificação e plágio.
6 — Proteção e recolha de dados.
7 — Publicação e divulgação do conhecimento.

Importante salientar que os mestrandos devem solicitar parecer da Comissão de Ética (CdE) quando do registo de tema de dissertação e de orientador.

Compartilho dois vídeos elaborados pelo Prof. Dr. João Filipe Matos da Universidade de Lisboa

Questões de ética na investigação em educação e formação Parte I
Questões de ética na investigação em educação e formação Parte II

Reflexão crítica individual

Nesta disciplina, Metodologia de Investigação I, fomos apresentados para a importância que esta disciplina possui para o percurso do caminho acadêmico, além de sermos apresentados a normas que uma pesquisa deve possuir para ser válida cientificamente. Assim, obtivemos uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, sendo que auxilia na melhora da produtividade dos estudantes e da qualidade das produções.

Inicialmente, cumpre destacar a relevância que a prática de pesquisa proporciona para a sociedade, pois é através dela que novos conhecimentos são descobertos, assim como conhecimentos são desmitificados e para que a produção da pesquisa científica ocorra é necessário regras e métodos imprescindíveis para o seu sucesso, papel esse que cabe a metodologia de investigação explicar.

Conforme os módulos foram apresentados, a aprendizagem ocorreu ao visualizar que uma pesquisa científica não deve ser escrita de qualquer forma e não parte de um vazio, esta é sempre norteada por uma questão problema. Para tanto deve haver delimitação de tema, problema, objeto, fontes, metodologia, a indicação do tipo de pesquisa que será utilizada, as etapas dessa pesquisa, revisão de literatura, coleta de dados, análise dos dados e conclusão.

Neste módulo, foi necessário elaborar um e-portifólio com os diferentes temas abordados nas aulas, com contribuições frequentes sobre nossas pesquisas, assim foi necessária a leitura de diversas bibliografias, algumas indicadas e compartilhadas pelos colegas da disciplina. Observando o e-portifólio da turma, creio que as contribuições de cada um auxiliaram no enriquecimento e disseminação de conhecimento. Desse modo, coloco que a definição do problema, o primeiro passo para iniciar a pesquisa, é um dos mais difíceis, pois através dele deve desenvolver questões a serem respondidas, ou seja, toda a sua pesquisa baseia em torno dessas questões. No mais, a questão deve ser relevante para o meio acadêmico e para sociedade, assim através dos estudos percebi a relevância desse primeiro passo e a importância da delimitação do tema de sua pesquisa.

Partindo dessa reflexão, as aprendizagens realizadas a nível pessoal, foram significativas, ainda mais o compartilhamento das pesquisas com os demais colegas e poder ter o acesso as suas pesquisas, esse foi o ponto mais produtivo dessa disciplina, a troca de conhecimentos e experiências. No mais, as aulas síncronas são de extrema importância para o desenvolvimento dos assuntos colocados em cada módulo.

Importante destacar que também houve dificuldades ao longo da disciplina, tais como não lembrar as normas mais elementares para a elaboração de um texto científico, a necessidade da elaboração do pré-projeto, o qual é o desenvolvimento e a estrutura do trabalho científico, ou seja, um elemento principal e primordial para o desenvolvimento do trabalho.

De modo geral, avalio a minha experiência nessa disciplina como exitosa, a qual servirá de base para o trabalho científico que será desenvolvido, sendo que necessito estar capacitada para escolher o tema, a abordagem metodológica, as técnicas para a coleta de dados, análise e interpretação dos dados da pesquisa.

Desafios na análise de fenômenos em educação

A objetividade exigida pela ciência, muitas vezes, é obtida através da análise quantitativa de dados relacionados a um determinado fenômeno. A observação da realidade, em ciência, é seguida pela formulação de leis e teorias. Isso acontece nas ciências naturais e na aplicação da indução ou dedução típicos das ciências exatas. Para ilustrar as relações entre fatos, leis, teorias e sistemas, recorramos ao esquema a seguir:

Fonte: (SEVERINO, 2007, p. 101)

Esta imagem impõe uma reflexão acerca da observação de fenômenos na área da educação. Seria possível formularmos leis a partir da observação do trabalho docente ou do desempenho discente? Provavelmente não. A complexidade das ações humanas e as variáveis de cunho cultural e emocional nos obrigam a estabelecer uma outra “lógica”de investigação.

A palavra lógica sugere objetividade. Mas aqui, ao falarmos de investigação em educação, ela deve assumir o sentido de coerência. Não se trata de reconhecer uma relação óbvia entre as partes que compõe um determinado problema, mas de compreender um fenômeno a partir das visões dos atores diretamente envolvidos. Dessa forma, as variáveis culturais, emocionais e a complexidade de ser humano no mundo aparecerão de forma objetiva, ou seja, coerentes com o objeto e não com o investigador. Trata-se de uma lógica qualitativa.

A análise de fenômenos em educação implica na adoção de uma perspectiva naturalista. Autores como Guimarães (2012, p.195) chegam a sugerir uma distinção entre os termos acadêmico e científico, onde as ciências humanas relacionam-se com o primeiro e as ciências exatas com o segundo.

Lincoln & Guba (1985) fazem distinção entre “Abordagem empírico-racionalista” e “Abordagem naturalista”. A primeira visa a explicação dos fenômenos e a segunda a compreensão, ou seja, a interpretação coerente desses fenômenos.

Essas dicotomias expostas dão conta de elucidar o fato de que a investigação dos fenômenos em educação exige um esforço do investigador em analisar nuances de cada objeto. Afinal, a natureza humana não se mostra muito linear ou simétrica. Os contornos singulares de cada corpo humano sugerem caminhos subjetivos tão únicos quanto as formas físicas.

Portanto, investigar fenômenos em educação é um desafio ontológico, porque nos obriga a refletir sobre a natureza da educação enquanto fenômeno social e político. É também um desafio epistemológico, pois é sempre uma metainvestigação, uma vez que é por meio da “educação formal” que propomos os estudos. E finalmente, um desafio metodológico sobre o qual nos debruçamos neste breve texto.

Referências

Guimarães, Thelma de Carvalho (2012). Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson.

Lincoln, Y. & Guba, E. (1985) Naturalistic inquirity. New York: Sage.

Severino, A. J. (2007) Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Cortez.

Notas sobre o Paradigma Naturalista ou Relativista (aula síncrona)

Paradigma Naturalista ou Relativista

  • A ideia central não é explicar, nem generalizar e sim compreender os contextos, as pessoas no espaço e tempo em que foram ouvidas ou observadas;
  • Nem sempre há constatações, podemos observar resultados diferentes e isso é importante e significativo para o estudo;
  • No desenho da metodologia, desenha-se o processo de recolha de dados que pode modificar-se à medida que eles estão a ser recolhidos e analisados;
  • Os dados levantados através de entrevistas, por exemplos, traz as perspetivas que o entrevistado está a valorizar e a análise que se faz desses dados é o que permite chegar a um corpo de ideias ou “teorias”;
  • Está mais associada à pesquisa qualitativa por se basear na análise da linguagem, análise semântica, no significado que as pessoas dão às coisas;
  • A entrevista é um bom instrumento de recolha de dados, pois permite às pessoas expor suas ideias e o investigador pode ir mais em profundidade, numa perspetiva mais “clínica”;
  • Nos fenómenos da educação não há leis, os fenómenos variam de acordo com o contexto das pessoas, por exemplo;
  • Não é necessário levantar hipóteses e sim retirar informações dos dados recolhidos e chegar a conclusões que talvez nem sequer tivessem em alguma teoria;
  • Mais utilizado nas investigações das Ciências Humanas e Sociais.

Ao desenvolver um trabalho de investigação, precisamos definir em qual paradigma vamos nos situar para estudar tal fenómeno e, a partir daí, escolher quais os procedimentos, métodos, técnicas de recolhas de dados.  Essas metodologias podem, em algum momento, serem mistas, por exemplo, ao explorar um questionário em função de algo que se pretenda estudar na pesquisa qualitativa. Mas não podemos falar em paradigma misto, pois paradigma é uma forma de ver o mundo. Portanto, não misturamos paradigmas.

Sobre ética: pode ser vista de diferentes desenhos, mas basicamente, a ideia central é salvaguadar o sigilo dos dados recolhidos e ter cuidados com certos tipos de utilizações que se faz com desses dados.

Notas sobre o Paradigma Científico ou Positivista (aula síncrona)

Paradigma Científico ou Positivista

  • Baseado num método científico para estudar os fenómenos partindo do pressuposto que eles podem ser medidos, observados…;
  • O observador deve-se manter neutro (não influenciar nas análises e conclusões). Ele é exterior ao fato/fenómeno observado;
  • O fenómeno é passível de ser explicado e comprovado após novas medições;
  • Utiliza amostra construída com certo rigor para fazer generalizações;
  • A partir da revisão da literatura, levantam-se hipóteses. Após a recolha de dados, as hipóteses podem ser verificadas ou não (lógica dedutiva);
  • Está mais associada à pesquisa quantitativa por se basear numa lógica mais confirmatória, da estatística para medir os fatos;
  • Pensamento dedutivo: vai à teoria, identifica um problema, formula hipóteses e recolhe dados para verificar ou não uma hipótese;
  • Os fenómenos das Ciências Naturais são mais consistentes, portanto é possível determinar regras e leis;
  • O questionário com perguntas fechadas é um bom instrumento de recolha de dados, pois permite captar com números as informações e fazer um tratamento estatístico;
  • Mais utilizado nas investigações das Ciências Naturais.

O método científico positivista numa abordagem mais racionalista nem sempre é o mais adequada para estudar os fenómenos relacionados às Ciências Humanas e Sociais. Esses fenómenos muitas vezes são inconsistentes, dependem do modo como os indivíduos os interpreta.  E ao fazer uma investigação em Educação temos que ter em consideração essa complexidade.

A realidade das Ciências Naturais é diferente da realidade das Ciências Humanas e Sociais. Por isso, nos últimos anos tem havido um deslocamento da perspetiva quantitativa para qualitativa. No entanto, há necessidade de se tomar certos cuidados na investigação para que a abordagem naturalista seja considerada ciência, para que ela se aproxime mais da perspetiva aceita como científica.

A importância da formulação de um problema

O ponto de partida para uma investigação científica é a escolha de um tema ou de uma grande área de interesse. Afinal, essa será a decisão primeira que pode desencadear uma busca constante por respostas e/ou soluções ao longo de uma vida.

O conhecimento científico tem como característica capital o uso da razão. No entanto, a escolha da temática de investigação pode (ou talvez deva) ter contornos passionais. Digo isso, porque o trabalho do investigador consiste em debruçar-se sobre a observação de fatos e fenômenos relacionados a sua área de atuação. Seria tortura dedicar-se a um tema que não desperta a motivação necessária para trabalhar ao longo de grandes períodos.

Dito isso, saíamos do ponto de partida e demos o primeiro passo. Trata-se da formulação de um problema. A importância de sugerir um problema a partir da descrição ou explicação da realidade como ela é mostra-se como a decisão mais importante no caminho a ser trilhado na investigação científica.

A sabedoria oriental já nos alertava que, não importa qual será a distância a ser percorrida, o mais importante é o primeiro passo na direção correta. Na produção acadêmica, o alerta vem de Almeida & Freire (2003) quando afirmam que “toda a produção científica inicia-se, então, pela identificação e clarificação de um problema”.

Das estratégias para formulação de um problema trazidas pelos autores acima citados, destaco duas que simplificarei a seguir. A primeira é problematizar as relações entre a teoria e a prática, ou seja, a partir da teoria existente propor uma investigação sobre sua aplicabilidade em situações reais. A segunda é começar pela observação direta dos fenômenos, ou seja, problematizar situações reais buscando referencial teórico para endossá-las ou refutá-las.

A partir da simplificação proposta aqui, evidenciam-se dois caminhos: da teoria para a prática e da prática para a teoria. Se a teoria, na prática, não funciona, devemos mudar o estado da arte de tal teoria. Se a prática revela-se ineficiente e distante da teoria, é o momento de testar as hipóteses e pressupostos teóricos na prática.

Referências

Almeida, Leandro S. & Freire, Teresa (2003) problema, hipóteses e variáveis. In: Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilíbrios.

Paradigma no processo investigativo

Sobre o papel de um investigador no âmbito da Educação, as buscas direcionam-se para um conjunto de referências distintas ligadas ao problema da investigação e com os seus respectivos fundamentos ontológicos, epistemológicos e metodológicos nas abordagens. Essas classificações são assim apresentadas<<Khun,1982.

Ontológicos: Qual a natureza da realidade? Qual a natureza dos fenômenos educativos? Existe em fatos ou em pensamento? É externa ao sujeito ou é algo criado interiormente?
Epistemológicos: Que tipo de evidências procuramos? Como adquirimos o conhecimento? Postura externa, baseada na objetividade do conhecimento, ou postura de experiência compartilhada com as sujeitos implicados (conhecimento subjetivo)? Qual a relação do investigador com os indivíduos estudados? E a sua relação com os objetos de estudo?
Metodológicos: Como apreendemos o mundo (os fenômenos), incluindo causa x efeito, e avançamos no seu conhecimento? Que métodos utilizar?

Apud Costa,2019. Marco filosófico e conceptual para o estudo do mundo social (Kuhn,1982).

Há uma publicação em aberto na página abaixo, muito didática, com conceitos sobre paradigmas, seus conceitos e entendimentos com os pareceres metodológicos na página.

As contribuições são associadas aos diversos caminhos da investigação. Há uma análise sobre seu processo, desenvolvimento e modelos. Mas a busca pelo conhecimento científico está ligada principalmente ao direcionamento do objeto a ser estudado e seus métodos para gerar novos conhecimentos.

http://wiki.ua.sapo.pt/wiki/Paradigmas_de_Investigação.

Técnicas de recolha de informação – Entrevista

Entrevista Estruturada

  • Pretende explicar mais do que compreende
  • Entrevistador : Formula uma série de perguntas com uma série de respostas prédeterminadas.
  • Todos os entrevistados respondem às mesmas perguntas
  • Respostas : São fechadas e ajustam-se ao quadro de categorias pré-estabelecidas.

Entrevista Não-Estruturada

  • Pretende compreender mais do que explica.
  • Entrevistador : Formula perguntas sem esquema fixo de categorias de resposta
  • Cada entrevistado responde a um conjunto próprio de perguntas
  • Respostas : São abertas, sem categorias de respostas pré-definidas
Dica de uma ferramenta que permite a criação de questionários online

Referência:
Aires, L. (2015). Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa: Universidade Aberta. E-book disponível online em http://hdl.handle.net/10400.2/2028

https://www.mendeley.com/profiles/wendell-de-souza/

https://www.researchgate.net/profile/Wendell_Souza

Princípios Éticos na Investigação

Princípios Éticos

Segundo Ferreira e Carmo (2008), “A realização de uma qualquer investigação implica por parte do investigador a observância de princípios éticos, geralmente aceites pela comunidade de investigadores em Ciências Sociais, que o obrigam a:

1- Respeitar e garantir os direitos daqueles que participam voluntariamente no trabalho de investigação.

2- Informar os participantes sobre todos os aspetos da investigação que podem ter influência na sua decisão de nela colaborar ou não e explicar-Ihes todos os aspetos da investigação sobre os quais possam vir a ser postas questões.

3 -. Manter total honestidade nas relações estabelecidas com os participantes. Põe-se muitas vezes a questão de dar a conhecer os principais ou mesmo a totalidade dos objetivos da investigação em curso embora tentando evitar que esse conhecimento vá afetar os próprios resultados do estudo. Nesse caso dever-lhes-ão ser explicadas as razões porque não se torna conveniente indicar-lhes os verdadeiros ou a totalidade

porque dos objetivos subjacentes à investigação, o que os poderá então levar a optar por colaborar ou não.

4 – Aceitar a decisão dos indivíduos de não colaborar na investigação ou de desistir no seu decurso.

5 – Antes de iniciar a investigação estabelecer um acordo com os participantes de forma a que fiquem explícitas conjuntamente as responsabilidades do investigador e a deles próprios.

6 – Proteger os participantes de quaisquer danos ou prejuízos físicos, morais e profissionais no decurso da investigação ou causada pelos resultados que venham a ser obtidos.

7 – Informar os participantes dos resultados da investigação e do mesmo modo, esclarecer quaisquer dúvidas que estes possam vir a levantar aos participantes.

8 – Garantir a confidencialidade da informação obtida, salvo se os participantes não se opuserem a tal e solicitarem eles próprios a sua divulgação.

9- Solicitar autorização das instituições a que pertencem os participantes para estes colaborarem no estudo.

A estes princípios orientadores a que devem obedecer as relações do Investigador com os participantes, juntam-se outros que o devem levar a ter a obrigação de fazer uma rigorosa explicitação das fontes utilizadas quer estas sejam documentais ou não; de ser autêntico quando redige o relatório da investigação, nomeadamente no que diz respeito aos resultados que apresenta e às conclusões a que chega, mesmo que por razões ideológicas ou de outra natureza os mesmos não lhe agradem.

Fidelidade aos dados recolhidos e aos resultados a que chega, não enviesamento das conclusões constituem regras fundamentais de toda a investigação científica.” (Ferreira & Carmo, 2008, p. 283-284)

Referências Bibliográficas:

Carmo,H. e Ferreira,M.(2008). Metodologia da Investigação: guia para auto-aprendizagem. 2ª. edição. Lisboa: Universidade Aberta

Paradigma (do grego Parádeima)

O conceito de paradigma, segundo Thomas Kuhn, é o conjunto de crenças, valores e técnicas, partilhadas pelos membros de uma dada comunidade científica e, um modelo de referência de como investigar num determinado contexto histórico/social (Coutinho, 2011).

Ao longo do tempo surgem então três paradigmas: o positivista/quantitativo; o interpretativo/qualitativo e o Sócio-crítico.

Paradigma Positivista ou quantitativo ou racionalista
Este paradigma recorre a uma metodologia experimental, de natureza quantitativa, e que se baseia na observação, experimentação, explicação, previsão e controle dos fenômenos.
Procura adaptar os modelos das ciências naturais, com uma metodologia quantitativa ao estudo das ciências sociais e humanas (Coutinho, 2011).

Paradigma Interpretativo ou qualitativo ou naturalista
Valoriza o papel do investigador, este paradigma defende a existências de múltiplas realidades (derivadas de representações mentais e experiencialmente localizadas), fenomenológico.
Contrariamente ao paradigma positivista, os pressupostos deste paradigma estão na compreensão, no significado e na ação. Empregam-se tipos de análise de dados qualitativas.
O investigador e o objeto ou sujeito passam a ser vistos como simultaneamente intérpretes e construtores de sentidos (Usher, 1998, citado por Coutinho, 2011).

Paradigma Sócio-crítico ou neomarxista ou emancipatório
Este paradigma introduz princípios ideológicos da filosofia neomarxista.
Ideologia no processo de produção do conhecimento científico.

Abaixo, quadro com a comparação de características dos três paradigmas apresentados, adaptado de Lukas e Santiago (2004, p.33) e disponibilizado por Coutinho, C. (2011, p.21)

Quadro 1 – Comparação de critérios entre paradigmas

Referências
Coutinho, C. (2011). Paradigmas, Metodologias e Métodos de Avaliação. In Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas, Teoria e Prática (pp. 9-35). Lisboa: Edições Almedina.

Métodos, Instrumentos e Técnicas de Recolha de Dados (Continuação)

Questionário

O questionário, um dos métodos mais usados na área dos estudos educacionais, é um instrumento de recolha de dados por meio de um número limitado de perguntas que são autopreenchidas pelos participantes.

 Como muitas questões são mais abstratas e não podem ser respondidas binariamente, ou seja, por meio de sim e não, foi construída as escalas de Linkert, em que o sujeito pesquisado pode responder levando em conta os critérios objetivos e subjetivos dos questionamentos realizados. Normalmente, o que se deseja medir é o nível de concordância ou não concordância à afirmação. O formato típico das escalas de Likert é constituído por 5 níveis: 

  1. Não concordo totalmente
  2. Não concordo parcialmente
  3. Indiferente
  4. Concordo parcialmente
  5. Concordo totalmente

História de Vida                                  

A história de vida é um tipo de relato que apresenta um carácter geral e é suscitada pelo investigador para fazer “uma análise da realidade vivida pelos sujeitos, conhecer a cultura de um grupo humano ou compreender aspetos básicos do comportamento humano e das instituições.” (AIRES, 2015, p. 41).

As fases mais importantes de análise da informação são: “1) depois de produzidos e registados, os relatos são transcritos e analisados; 2) através da leitura do documento, o protagonista corrige, completa e interpreta a sua narrativa sob a orientação do investigador e a seguir, autocritica-a.” (AIRES, 2015, p. 41-42).

Técnica Indireta não Interativa

Segundo Aires (2015), podemos levantar dois tipos de documentos a serem pesquisados para a recolha de dados: os documentos oficiais e os documentos pessoais.

Os documentos oficiais proporcionam “informação sobre as organizações, a aplicação da autoridade, o poder das instituições educativas, estilos de liderança, forma de comunicação com os diferentes atores da comunidade educativa, etc. Já os documentos pessoais integram as narrações produzidas pelos sujeitos que descrevem as suas próprias ações, experiências, crenças, etc.” (AIRES, 2015, p. 42).

Referências Bibliográficas:

AIRES, L.(2015). Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa: Universidade Aberta, 2015.

Ciência versus Senso comum

“A ciência parte do senso comum, sendo que é justamente a crítica ao senso comum que permite que este seja corrigido ou substituído. Assim toda ciência é senso comum esclaredico” Popper in Huhnem (1989).

Etimologicamente a palavra ciência vem do latim (scientia) e significa conhecimento, sabedoria.

A ciência tem como base princípios e teorias.
Senso comum tem como base sentimentos e crenças.

Conhecimento ComumConhecimento Científico
Predominantemente subjetivo.
Responde só ao como.
Prático.
Não é exato.
Linguagem cotidiana.
Válido para alguns.
Baseia na fé ou na confiança.
Adquire ao acaso.
Crenças.
Misticismo.
Organizado.
Sistemático.
Predominantemente objetivo.
Responde ao “como” e ao “por que”.
Prático e teórico.
Preciso.
Linguagem especializada.
Universal.
Baseia na comprovação.
Adquire seguindo um método.