Métodos, Instrumentos e Técnicas de Recolha de Dados

Em relação aos métodos e técnicas de investigação existem várias definições.

Segundo Madeleine Grawitz (1993, p.193), “define métodos como um conjunto concertado de operações que são realizadas para atingir um ou mais objetivos, um corpo de princípios que presidem a toda a investigação organizada, um conjunto de normas que permitem selecionar e coordenar as técnicas.”

A técnicas são procedimentos operatórios rigorosos, bem definidos, transmissíveis, suscetíveis de serem novamente aplicadas nas mesmas condições, adaptados ao tipo de problema e aos fenómenos em causa.” (Carmo & Ferreira, 2008, p.193)

As técnicas e os instrumentos de recolha de dados utilizados são elementos essenciais uma vez que deles dependem, em parte a qualidade e o êxito da investigação.

As técnicas de recolha de dados utilizadas na metodologia qualitativa, são as seguintes:

 técnicas diretas ou interativas e técnicas indiretas ou não-interativas, segundo Colás, sintetiza as técnicas mais utilizadas no seguinte quadro3. (Aires, 2015, p. 24)

Técnicas diretas

A observação

 “ .. consiste na recolha de informação, de modo sistemático, através do contacto direto com situações específicas” (Aires, 2015, p.25)

“Na observação participante, o investigador é o instrumento central da observação.

Para Denzin (1989, p.42), a observação participante é uma “tentativa de tornar significativo o mundo que está a ser estudado na perspetiva dos que estão a ser observados”, o que implica que o investigador assuma, em simultâneo, o papel de “participante” nos cenários e atividades/ações que pretende estudar e de “observador”, o que requer uma boa capacidade de distanciamento que lhe permita registar de forma rigorosa e o mais objetiva possível aquilo que observa.” (Morgado, 2012, p. 89)

A entrevista

“A entrevista é uma das técnicas mais comuns e importantes no estudo e compreensão do ser humano. Adota uma grande variedade de usos e uma grande multiplicidade de formas que vão da mais comum (a entrevista individual falada) à entrevista de grupo, ou mesmo às entrevistas mediatizadas pelo correio, telefone ou computador (Fontana & Frey, 1994).” (Aires, 2015, p.25)  

“Segundo Bisquerra (1989, p. 103) define a entrevista como sendo “uma conversação entre duas pessoas, iniciada pelo entrevistador, com o propósito específico de obter informação relevante para uma investigação.” (Morgado, 2012, p.72)

Tipos de entrevista

Existem diferentes tipos de entrevistas que, segundo Bogdan e Biklen (1994), variam com o seu grau de estruturação, entrevistas estruturadas e não estruturadas.

As entrevistas estruturadas caraterizam-se por seguirem integralmente um roteiro preestabelecido e reservando para o investigador o papel de mero compilador de dados e de criar um ambiente propício para que os entrevistados respondam apenas às questões que são colocadas.

No caso das entrevistas não estruturadas, o processo de recolha é mais dinâmico, flexível e aberto que o anterior. Por norma, o entrevistador convida o sujeito a falar sobre uma área de interesse e ao longo da conversação, explora-a mais aprofundadamente, retomando, sempre que se revele oportuno e pertinente, os tópicos e os temas que o respondente iniciou (Bogdan & Biken, 1994). Também designadas por entrevistas em profundidade.

A entrevista em grupo ou (focus group), realizada com a finalidade de discutir um tópico, um tema ou uma situação específica, por um grupo de pessoas convidadas para o efeito.” (Morgado, 2012, p.71-76)

Referências Bibliográficas:

Aires,L.(2015). Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa: Universidade Aberta.

Carmo,H. e Ferreira,M.(2008). Metodologia da Investigação: guia para auto-aprendizagem. 2ª. edição. Lisboa: Universidade Aberta.

Morgado,J. C. (2012).O estudo de caso na investigação em educação: Santo Tirso Portugal: De Facto Editores.                                                

Síntese do Módulo 1 – NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Natureza e e Características da Investigação Científica.

O conhecimento científico possui algumas características, como por exemplo o conhecimento vulgar, que são aqueles que vão sendo passado de geração em geração, sem ter passado por uma investigação mais profunda, passando por algumas etapas de investigação para comprovar se é fato ou fake.

Essas etapas de produção do conhecimento científico são: fatos, fenômenos e dados. A partir desses estudos as etapas são desenvolvidas as teorias.

O texto de A Investigação em Psicologia e Educação (Almeida & Freire, 2003, pp.18-34), aborda que existem tipos de objetivos de uma investigação. O investigador pode ter como objetivo de sua investigação a explicação das relações de causalidade, a comparação e a correlação.

Podemos perceber que dependendo do objetivo do investigador, existe alguns caminhos que ele pode seguir. A luz da psicologia educacional, a investigação está dividida em 3 etapas: a quantitativa experimental, que busca a explicação de fenômenos, a quantitativa correlacional que busca a compreensão dos fatos e a qualitativa que além de buscar a compreensão, ela busca a sua descrição.

No processo de produção do conhecimento científico, o autor nos trás dois pontos de partida e que há luz da psico-educativa, podemos usá-los igualmente se for para atender/responder o objetivo do investigador que são o uso de dados/observação e teorias.

Etapas, componentes do processo e Critérios de qualidade

O processo de investigação passa por algumas etapas e critérios. Vamos conhecer-los?

A primeira etapa é a definição do problema. O investigador ele precisa identificar o problema que ele quer pesquisar, esclarecer ou buscar uma solução. No texto Problema, hipóteses e variáveis (Almeida & Freire, 2003, pp. 35-72), o autor trás o seguinte quadro:

O primeiro passo da investigação, é quando o investigador procura a resposta do problema e o segundo passo é a qualidade, valor a relevância do problema a ser investigado. Os autores Almeida e Freire nos orienta que o problema deve ser:

  • concreto ou real;
  • ele deve promover material concreto para ser investigado;
  • ele deve ser relevante a fim de promover resultados; e
  • deve ser claro e entendível para outros investigadores.

Uma outra etapa de extrema importância, no processo de investigação é a revisão bibliográfica. Os autores Almeida e Freire apontam algumas razões de sua importância. São elas:

A etapa seguinte, é o levantamento de hipóteses. MCGuigan, 1976 p.37 diz “hipótese é uma proposição testável, que pode vir a ser a solução do problema”. As hipóteses podem ser dedutivas, que trás o uso das regras lógicas para se chegar a uma conclusão e a indutiva, que tem como base uma ou mais proposições e a partir delas buscar o que é verdade e o que é provável que seja verdade. E elas ainda podem ser subdivididas em níveis de concretização como afirma os autores Almeida e Freire:

Ainda segundo os autores, Almeida e Freire, “ao formular as hipóteses o investigador está, no fundo, a identificar as variáveis e a definir as suas relações, ou seja o respectivo papel na investigação. A explicitação das variáveis e das suas relações constitui um novo passo importante na definição  do modelo de análise  do problema”.

Sintetizando o módulo 1

Referência Bibliográfica

Freire, A. &. (s.d.). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação . Em Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação .

Tema, Problema e Hipótese

Tema é o assunto que deseja investigar. A delimitação do tema pode ser feita pela sua decomposição em partes. O tema deve ser delimitado levando-se em conta:

  • espaço;
  • tempo;
  • clareza na especificação do que está se pesquisando.

Quanto mais delimitado o tema, mas objetivo será o levantamento.

Choosing good problems is essential for being a good scientist.

Como encontrar o Problema?

Na acepção científica, “problema é qualquer questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento” (GIL, 1999, p.49).
Problema, para Kerlinger (1980, p.35), “é uma questão que mostra uma situação necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução”

Para Rudio (2000), o pesquisador, neste momento, deve fazer as seguintes perguntas:
-o problema é original?
-o problema é relevante?
-ainda que seja “interessante”, é adequado para mim?
-tenho possibilidades reais para executar tal pesquisa?
-existem recursos financeiros que viabilizarão a execução do projeto?
-terei tempo suficiente para investigar tal questão?

Geralmente o problema deriva do tema, ou seja, é o recorte do tema. Importante: mostrar que existe o problema e evidenciá-lo. O problema sinaliza o foco da pesquisa.

(Almeida, L., e Freire, T. 2000)

Como encontrar a Hipótese?

  • São algumas respostas “prováveis” a pergunta do problema;
  • Pode-se dizer que é uma “pré-solução” para o problema;
  • Verdadeiras ou falsas, as hipóteses precisam ser bem elaboradas.

O trabalho de pesquisa poderá confirmar ou negar a hipótese levantada. As hipóteses devem ser confirmadas ou descartadas no final do estudo e na conclusão deve-se deixar claro qual delas foi confirmada e porque foi excluída ou descartada.

Identificação e formulação de tema, problema e hipótese (Exemplo)

Referências

Gil Antônio Carlos. Métodos e técnicas De Pesquisa Social. Atlas, 2008.
Rudio, Franz Victor. Introdução Ao Projeto De Pesquisa científica. Editora Vozes, 2015.

APA – Referências Bibliográficas

A etapa de produção de um trabalho acadêmico envolve diversas etapas, como pesquisa, leitura, análise, redação e, também, a formatação. As Normas da APA (American Psychological Association) são as normas de referenciação bibliográfica da organização científica e profissional nos Estados Unidos.

Compartilho um excelente manual desenvolvido pela equipe de bibliotecários da FECAP.

Como se chega a um problema de investigação?

Problema é a pergunta que a pesquisa científica pretende responder, sendo que todo problema está inserido dentro de um tema, desse modo, para formular o problema da investigação deve-se transformar o tema em uma pergunta. Conforme Rudio, “formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas características. Desta forma, o objetivo da formulação do problema é torná-lo individualizado, específico, inconfundível” (1980).

Importante destacar que não é um problema de pesquisa algo que se pode resolver pela intuição, pela tradição, pelo senso comum ou pela simples especulação. Algumas questões podem ser úteis para constatar em que condições o problema proposto poderá ser investigado, são eles: “o tema é de interesse do pesquisador?; o problema apresenta relevância teórica e prática?; a qualificação do pesquisador é adequada para seu tratamento?; existe material bibliográfico suficiente e disponível para seu equacionamento e solução?;  o problema foi formulado de maneira clara, precisa e objetiva?; o pesquisador dispõe de tempo e objetiva?; o pesquisador dispõe de tempo e outras condições de trabalho necessárias ao desenvolvimento da pesquisa?” (GIL, 1996).

Segundo Vergara (2000) problemas de pesquisa devem apresentar relações entre variáveis que podem ser observadas ou manipuladas, além de serem testável cientificamente.

O problema de pesquisa envolve duas partes, a definição do problema (pergunta) e a hipótese de pesquisa (resultado esperado, ou seja, possível resposta para a pergunta).

Referências

Gil, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Ática, 1996.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa cientifica. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 1980.

Vergara, Sylvia C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3.ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2000.

Paradigma

Paradigma, palavra derivada do grego “paradeigma” que significa padrão, exemplo, modelo a ser seguido. O conceito de paradigma nos remete aos modelos de comportamento que regem a sociedade. Segundo Silva e Pinto (1986) o paradigma é “um conjunto de princípios, teorias, estratégias metódicas e resultados cruciais que servem de modelo ou quadro orientador às pesquisas produzidas na sua área”. Os paradigmas são mais facilmente perceptíveis quando um novo modelo de ciência se instaura. Um exemplo é a evolução dos modelos atômicos, desde o átomo indivisível ao modelo quântico atual. O paradigma positivista resulta da associação de várias correntes de pensamento derivadas da Revolução Científica, do Iluminismo e da Revolução Industrial. Enfatiza o determinismo, a racionalidade, a impessoalidade, a inflexibilidade e a previsão. O paradigma interpretativo substitui as noções de explicação, previsão e controle por compreensão, significado e ação. Adota uma posição relativista e valoriza o papel do investigador. O paradigma crítico considera o caráter emancipatório e transformador das organizações e processos educativos. Cada ator social vê o mundo através da sua racionalidade.

ThInK a little.

Dica: bases de dados científicas

Em relação a pesquisa de informações e fontes de pesquisas, vimos que é preciso localizar informações relevantes/válidas priorizando as fontes acadêmicas e primárias

Na sessão síncrona de 3 de dezembro, o professor mostrou o funcionamento do site da biblioteca do Instituto de Educação da universidade, como uma boa opção de fonte.  

Gostaria de deixar aqui algumas dicas de outras fontes acadêmicas que podem auxiliar na pesquisa de informações.

1. SciELO

A plataforma SciELO (http://www.scielo.br/), sigla para Scientific Electronic Library Online, é uma biblioteca eletrônica com um acervo selecionado de periódicos científicos brasileiros. Desenvolvida pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), essa ferramenta conta com o suporte do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

2. ERIC

ERIC (https://eric.ed.gov/), sigla paraEducational Resources Information Center, é uma base de dados desenvolvida pelo Departamento de Educação dos EUA que oferece acesso a conteúdo da área da educação e temas relacionados. O acervo disponibiliza artigos de periódicos, anais de congresso, conferência, documentos governamentais, teses, dissertações, relatórios, bibliografias, livros e monografias.

4. periodicos (Portal da CAPES)

Desenvolvido pela CAPES, que é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, o portal .periodicos. (http://www.periodicos.capes.gov.br/) disponibiliza o texto integral de artigos de milhares de revistas científicas brasileiras e internacionais. Além disso, a plataforma também conta com mecanismos de busca que pesquisam em dezenas de bases de dados, ampliando bastante a abrangência de seus resultados.

5. BDTD

Desenvolvida pelo IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia), a BDTD, sigla para Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (http://bdtd.ibict.br/vufind/), reúne um acervo com milhares de publicações de trabalhos acadêmicos, integrando o sistema de dezenas de instituições de ensino e pesquisa do Brasil.

6. Science.gov

A plataforma Science.gov (https://ciencia.science.gov/) é uma iniciativa integrada de dezenas de agências e órgãos dos EUA que oferece pesquisas em mais de 60 bases de dados e em mais de 2.200 sites governamentais. Com uma versão em inglês e outra em espanhol, o portal refina resultados de buscas em milhões de páginas cientificas dos Estados Unidos e de países da Europa.

7. ScienceResearch.com

Desenvolvido por uma associação de instituições de pesquisa, o portal ScienceResearch.com utiliza uma tecnologia de pesquisa que faz buscas através da “deep web”, apresentando uma enorme quantidade de resultados.

Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/2018/03/dica-para-tccs-7-melhores-sites-de-pesquisa-academica.ghtml

Hipóteses e Variáveis na Investigação

O que é uma hipótese?   

 Segundo (Tuckman, B. W. 2012, pp.161,162)

É uma resposta sugerida para o problema selecionado, deve apresentar as seguintes caraterísticas:

  • Estabelecer uma conjetura sobre a direção da relação entre duas ou mais variáveis;
  • Ser formulada claramente e sem ambiguidade em forma de frase declarativa.
  • Ser testável, ou seja, permitir uma reformulação, em forma operacional, de modo a poder ser então avaliada, com base nos dados.

Em resumo, segundo (Tuckman, B. W. 2012,188)

  • Uma hipótese é uma resposta que se sugere para uma questão proposta como problema de investigação.
  • Uma hipótese específica é a expectativa que se explicita de modo a ser testada num determinado estudo.
  • Uma hipótese geral é a versão mais ampla e mais conceptual, a partir da qual os investigadores deduzem as conclusões.
  • As hipóteses constroem-se quer por dedução, ou seja, derivando-as de afirmações mais gerais tal como uma teoria, quer por indução, ou seja, derivando-as da combinação de observações ou factos específicos.

   A tabela 2 que se apresenta em baixo é uma síntese da classificação das hipóteses segundo (Almeida & Freire, 2003, p.46)

Variáveis

As variáveis podem ser classificadas conforme o seu estatuto, conforme apresentado na (tabela 3), como: variável independente, variável dependente, variável moderadora e variável parasita ou interveniente, conforme (Almeida & Freire, 2003).

  No estudo experimental procura-se controlar o efeito das variáveis através de procedimentos precisos, apresentados na tabela 4.

As variáveis em Psicologia e Educação podem dividir-se em:

  • Qualitativas (atributos ou categorias), permitem descrever sujeitos e situações;
  • Quantitativas (características mensuráveis, expressas ou não valores números referentes a uma unidade de ordem ou de medida), permitindo já uma avaliação tomando critérios de frequência, de intensidade ou de grau (variáveis intervalares) ou critérios de ordem ou sequência (variáveis ordinais), segundo (Almeida & Freire, 2003).

Referências:

Almeida, L. S., & Freire, T. (2003). Metodologia da investigação em psicologia e educação. Braga: Psiquilibrios.

Pereira, F. (2017, novembro 29). Problema, hipóteses e variáveis. [Post em blog]. Disponível em https://fabriciopereiraieul.wixsite.com/omeuapa/single-post/2017/11/29/Problema-hip%C3%B3teses-e-vari%C3%A1veis.

Tuckman, B. W. (2002). Manual de investigação em educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

O mapa e algumas considerações iniciais sobre Investigação

Para acrescentar ao presente blog, proponho a ampla visão de investigação de Raymund Quivy e LucVan Campenhoudt (2005) publicado no Manual de Investigação em Ciências Sociais. A pergunta de partida, denominada de problema, inicia a investigação, fruto de uma inquietação interna. Com base nas instruções de Quivy, R., & Campenhoudt, L. V. (2005), o problema deve se atentar as qualidades da clareza, exequibilidade e pertinência ao tema proposto. Delimitada a questão da pesquisa, deve ser iniciada a exploração ou revisão de literatura para identificação da metodologia apropriada para o tema, comparação de textos, preparo para eventuais entrevistas, questionários e descodificação de discursos. Superado o embasamento teórico inicial, deve-se definir a problemática de forma racional e intuitiva com a construção do modelo de análise para construção dos conceitos e a observação. A aludida etapa, denominada de observação deve-se recolher as informações para subsidiar a análise das informações e resultados. Nesta análise, recomenda-se comparar os resultados obtidos com os resultados esperados e todas as variáveis. A conclusão apresenta os resultados destacando os novos conhecimentos e proeminências práticas. Por fim, vale pronunciar que o mapa foi intencionalmente construído em forma circular destacando a importância igualitária de cada etapa da investigação, para que o pesquisador alcance na conclusão a resposta à pergunta de partida, o problema.

Bibliografia

Quivy, R., & Campenhoudt, L. V. (2005). Manual de Investigação em Ciências Sociais (5 ed.). (J. M. Marques, M. A. Mendes, & M. Carvalho, Trads.) Lisboa: Gradiva.

Técnicas de recolha de dados

Na literatura temos uma infinidade de autores que abordam o tema sobre recolha de dados, tais como:

Pardal & Correia (1995: 48) que consideram a técnica como “um instrumento de trabalho que viabiliza a realização de uma pesquisa”.

Lessard-Hérbert, Goyette & Boutin (1990) que indicam que o “pólo técnico” de uma investigação é representado pelo processo de recolha de dados sobre o “mundo real”, sendo este susceptível de ser observado, considerando a sua subjectividade.

Turato (2003: 153) que considera método, como sendo um conjunto de regras que elegemos num determinado contexto para se obter dados que nos auxiliem na explicação ou na compreensão dos constituintes do mundo.

Hegenberg (1976:111-115), para ele, método é o “caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado”. Leopardi (1999) corrobora a afirmação de Hegenberg, acrescentando no entanto que “exige a organização do conhecimento e experiências prévias”.

Quivy & Campenhoudt (1992: 188) utilizam o termo método como um “dispositivo específico de recolha ou de análise das informações, destinado a testes hipóteses de investigação”. 

Moresi (2003) define técnica de recolha de dados como “o conjunto de processos e instrumentos elaborados para garantir o registro das informações, o controle e a análise dos dados” 

Existem muitas contradições neste meio científico, contudo os autores tem em comum a definição de que para recolha de dados científicos é preciso técnicas em comum e bases, como afirma Boff:

"Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, 
é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão do mundo".
                                                       (Boff, 2002: 9)

Referências

Boff, L. (2002). Saber Cuidar. Ética do humano: compaixão pela terra. 8 ed. São Paulo: Vozes.

Galego, C.; Gomes, A. (2005). Emancipação, ruptura e inovação: o “focus group” como instrumento de investigação. Revista Lusófona de Educação, (5).

Hegenberg, L. (1976). Etapas da investigação científica. São Paulo: EPU-EDUSP.

Lessard-Hérbert, M., Goyette, G. & Boutin, G. (1990). Investigação Qualitativa: Fundamentos e Práticas. Lisboa: Instituto Piaget.

Moresi, E. (2003). Metodologia de Pesquisa. Programa de Pós-graduação stricto sensu em gestão do conhecimento e da tecnologia da informação da Universidade Católica: Brasília.

Pardal, L.; Correia, E. (1995). Métodos e Técnicas de Investigação Social. Porto: Areal.

Quivy, R.; Campenhoudt, L. (1992). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.

Turato, E. (2003). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. Petrópolis: Vozes.

Meu Conhecimento sobre a investigação científica.

Reflexão:

No ano de 2006 a 2010 cursei a graduação em administração, estudei uma disciplina de metodologia do trabalho científico, foi a primeira vez que obtive uma noção sobre as regras para desenvolver um trabalho acadêmico/científico, desenvolvi um trabalho de conclusão do curso, utilizando uma empresa como estudo de caso para a construção de um plano de negócios. Já nos anos de 2011 a 2013 decidi cursar uma Especialização em MBA gestão Empresarial, também desenvolvi um trabalho acadêmico sobre a Fidelização do cliente no mercado competitivo. Ingressei na área da educação e cursei em 2014 a 2017 Licenciatura em Pedagogia, na conclusão do curso foi desenvolvido em grupo um trabalho final sobre Castigo e autopunição no contexto escolar por meio da pesquisa bibliográfica. No mesmo período cursei também uma Especialização em Formação em educação à distância, na conclusão do curso desenvolvi uma monografia sobre a Educação à distância e suas características pedagógicas nas empresas. Tenho algumas noções da metodologia de pesquisa, porém não tenho um conhecimento mais profundo. Na primeira web-conferência realizada pelo professor Fernando, pude perceber que a abordagem da metodologia de investigação é muito mais ampla, complexa e abastada para o desenvolvimento de um trabalho acadêmico. Me coloco à disposição também para este processo de aprendizagem, por meio da interação, troca de conhecimento e construção do saber e fazer.

Revisão Crítica da Bibliografia (estudos anteriores) no Processo de Investigação

      Segundo (Tuckman, B. W. 2012, p.157)

  1. “A análise crítica da bibliografia dá-nos ideias sobre a variáveis de interesse, com base nos trabalhos anteriores que tenham contribuído para a nossa compreensão dessas variáveis.

O trabalho anterior contribui para a formulação de novas hipóteses.

  • As fontes da bibliografia incluem:
  • As principais coleções de resumos em computador, tais como: O ERIC (Educational Resources Infirmation Center) para a educação, o PsyLIT para Psicologia e o DATRIX para dissertações;

Fontes adicionais incluem (b) índices, tais como o Education Index e o Citation Index; e (c) periódicos de análise crítica, de que são exemplo a Review of Educational Research e o Annual Review of Psycho-logy; e d) documentos originais, em geral, de que são exemplo: as publicações periódicas e os livros.

  • Para desenvolver um processo de pesquisa bibliográfica, deveram ser seguidos os seguintes passos:
  • Escolher as áreas de interesse os descritores.
  • Procurar manualmente, ou por computador, os títulos e os resumos mais relevantes.
  • Localizar, ler e resumir os artigos relevantes, publicados nas fontes principais.
  • Ao preparar um resumo ou um artigo de investigação é indispensável descrever sucintamente: os seus objetivos e as respetivas hipóteses, a metodologia e os dados verificados e as conclusões.
  • Uma boa seleção da análise crítica bibliográfica devia ser:

 Suficiente no que se refere à cobertura do tema, clara, empírica, atualizada, relevante para o problema em estudo, bem organizada, além de servir de suporte às hipóteses do estudo.”

Segundo (Almeida & freire 2003, p. 43), a revisão da bibliografia “é particularmente importante para se definir e melhor enquadrar o referencial teórico para a investigação em causa. Ela serve, igualmente, para a obtenção de indicações e sugestões importantes tendo em vista a definição do procedimento metodológico, sobretudo, quando se trata de definir o plano de investigação ou de precisar as amostras e os instrumentos a usar na recolha de dados. Neste sentido, a revisão bibliográfica pode assumir-se como um interface entre a delimitação do problema e a formulação da hipótese, bem como dos passos seguintes na investigação”.

Referências Bibliográficas

Almeida, L. S., & Freire, T. (2003). Metodologia da investigação em psicologia e educação. Braga: Psiquilibrios.

Tuckman, B. W. (2012). Manual de investigação em educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.